Opel Adam Rocks
Foi não mais do que um ano o tempo necessário para que a versão mais atrevida e interessante do mais pequeno modelo da Opel passasse do estado de protótipo à produção. Com o Adam Rocks, a casa de Rüsselsheim criou o primeiro crossover derivado de um citadino com menos de quatro metros de comprimento (no caso, com 3,75 m) e, também, o mais pequeno SUV do mercado.
E que permite à Opel ambicionar que o Adam Rocks seja considerado um SUV? No essencial, a suspensão 15 mm mais elevada do que a dos restantes elementos da gama Adam, sendo agora a altura ao solo de 140 mm, de modo a permitir incursões por outros terrenos que não o asfalto. Pode não ser muito, mas também já se viu modelos aspirarem à designação de “multifuncionais” por bastante menos… A isto junte-se o aspecto visual mais robusto e aventureiro, garantido pelas protecções em plástico cinzento antracite em redor de toda a carroçaria e pelas jantes de 17” propostas de série (18” em opção) – assim se apelando, também, a um público mais masculino, que até aqui não tem visto no citadino germânico um modelo à sua medida.
Do leque de atributos do Adam Rocks faz ainda parte um inédito tecto de abrir em lona, a que a Opel decidiu chamar Swing Top. Composto por três camadas sobrepostas de tecido e uma espessa camada de neoprene, cobre toda a área de vai do topo do pára-brisas à transversal dos pilares traseiros, demora cinco segundos a ser totalmente aberto/corrido e pode ser operado em andamento, desde que a velocidades abaixo dos 140 km/h.
O que não muda entre o mais ousado dos Adam e os seus companheiros de gama são as inúmeras possibilidades de personalização. O tecto de abrir de lona pode ser preto ou castanho; para o tejadilho estão disponíveis seis cores; a palete de cores para a carroçaria, inicialmente composta por doze, já vai em dezassete opções, duas delas introduzidas, justamente, pelo Rocks; há seis desenhos de jantes, propostas em diversas cores; a lâmina da grelha dianteira pode adoptar uma de nove cores; packs de cores interiores disponíveis são seis; e existem ainda diversos motivos gráficos para decoração dos retrovisores exteriores. Com tudo isto, quase que é possível criar um Adam Rocks à medida e gosto de cada qual – a título de exemplo, refira-se que a Opel recebeu a imprensa internacional com nada menos do que 40 Adam Rocks, todos com as mesmíssimas especificações técnicas, mas sem que nenhum fosse igual a outro em termos de configuração…
Para que o Rocks possa oferecer a mesma agilidade em cidade, e a mesma estabilidade em estrada, que os restantes Adam, o châssis sofreu algumas alterações: molas e amortecedores recalibrados, geometria do eixo traseiro semi-rígido ligeiramente revista, vias mais largas (1472 mm na frente, 1462 mm atrás) e direcção ajustada – contando de série com a função City Mode, activada através de um botão e destinada a facilitar a condução em meio urbano.
Porém, o grande motivo de interesse neste domínio é mesmo o motor 1.0 de injecção directa de gasolina, que faz aqui a sua estreia mas rapidamente será aplicado noutros modelos (e onde certamente se incluirá o novo Corsa, que a Opel revelará já no próximo Salão de Paris). Capaz de cumprir com a norma Euro6 e Integralmente construído em alumínio, pesa apenas 106 kg e dispõe, entre outro atributos, de distribuição variável, turbocompressor single scroll ultracompacto, colector de admissão integrado na cabeça, bomba de água comutável e sistema start/stop. Particular cuidado foi dedicado à sua insonorização, contando com um bloco desenvolvido a pensar também na acústica, isolamento sonoro estrutural da cambota e do sistema de injecção e tampas destinadas a contribuírem, igualmente, nesse sentido.
Com tudo isto, e a partir de uma capacidade de 999 cc, este triclíndrico é, desde já, proposto em dois níveis de potência: 90 cv e 115 cv, em ambos os casos com 170 Nm logo às 1800 rpm (esperando-se que outras derivações, com outro níveis de rendimento, surjam num futuro relativamente próximo). A mais potente é a única com que o Adam Rocks será proposto em Portugal, e também a que passará a constituir o fulcro de toda a gama Adam entre nós, já que, dos actuais, apenas se manterá em funções o propulsor 1.2 de 70 cv numa versão de acesso do modelo. Referência, ainda, para a nova e muito compacta caixa manual de seis velocidades M1X, capaz e suportar 220 Nm e com um peso inferior a 140 kg.
Os cerca de cem quilómetros que pude percorrer em Riga, e suas imediações, ao volante do novo Adam Rocks de 115 cv, não deixaram margem para dúvidas: esta é, sem dúvida, a mais apelativa das actuais derivações do citadino da Opel. Pela imagem, seguramente; e pela versatilidade e prazer de utilização acrescidos garantidos pelo tecto de abrir de lona (sinal mais para a apreciável insonorização do habitáculo, para a boa protecção aerodinâmica e para o facto de a capacidade da mala se manter intacta). Mas também pela experiência de condução.
Os números oficiais apontam para uma velocidade máxima de 195 km/h e para 9,9 segundos nos clássicos 0-100 km/h, valores que não me parecem difícil de confirmar na prática. Mas o que o “papel” não demonstra é o funcionamento surpreendentemente suave e silencioso de um motor cuja arquitectura, naturalmente “desequilibrada”, em teoria faria esperar o contrário (de facto, é espantoso o que o progresso tecnológico tem permitido fazer por estes pequenos tricilíndricos). Muito suave e precisa é, de igual modo, a bem escalonada caixa (em que apenas a sexta relação é propositadamente longa), que se revela um óptimo aliado de um motor com uma boa resposta mesmo nos regimes mais baixos, e capaz de subir de rotação com muita facilidade.
Tudo isto contribuiu para uma condução fácil no caótico trânsito da capital da Letónia, para um desempenho convincente em estrada e para a obtenção de consumos comedidos – porventura não será linear alcançar os 4,5 l/100 km anunciados pela Opel para percurso combinado, mas será normal ficar entre os 5,0 l/100 km e os 6,0 l/100 km numa utilização mista sem preocupações de maior para com o pedal da direita. O comportamento é globalmente honesto e eficaz – nas estradas de terra que pude percorrer nas imediações de Riga, destacou-se um ESP que, não podendo ser desligado, se revelou muito menos interventivo do que o esperado, e do que é habitual.
Com chegada ao mercado português aprazada para Novembro próximo, o Adam Rocks será proposto em terras lusas por 18 695 euros, mas incluindo já quase tudo o que é equipamento disponível. Incluindo o sistema de infoentretenimento IntelliLink, na sua versão apta a comandar as principais funções dos smartphones (Android e iPhone) que lhe estejam ligados – por exemplo, a partir do sistema de comandos vocais Siri Eyes Free, é possível, sem tirar as mãos do volante ou os olhos da estrada, efectuar chamadas, seleccionar ficheiros de música, ouvir SMS e, inclusive, ditar SMS e e-mails.
[toggle_box title=”Ficha Técnica” width=”Width of toggle box”]
Opel | ADAM ROCKS |
Motor | 3 cil. em linha, transv., diant. |
Cilindrada (cc) | 999 |
Potência máxima (cv/rpm) | 115/5200 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 170/1800-4500 |
Velocidade máxima (km/h) | 195 |
0-100 km/h | 9,9 |
Consumos (l/100 km) | |
Extra-urbano/combinado/urbano | 4,4/5,1/6,3 |
Emissões de CO2 (g/km) | 119 |
Preço (€) | 18 695 |
Em Portugal | Novembro de 2014 |
[/toggle_box]