Futuro
O sistema político assente em partidos, pelo menos no atual formato, só nos empobrece.
Só os próprios ainda não perceberam. O povo há muito que considera que os partidos são associações de defesa de interesses dos próprios e das suas clientelas. Da extrema-direita à extrema-esquerda.
A guerra interna pelo poder no PS e consequentemente na luta pela candidatura ao próximo governo, tem-nos sido vendida como uma forte capacidade que a política partidária portuguesa tem de se auto regenerar, de se reinventar com uma fonte inesgotável de modernização.
Como quem diz, fomos capazes de corrigir o que estava mal, agora que tudo mudou, agora é que vai ser: uma nova pessoa, um partido rejuvenescido, uma nova forma de fazer politica e uma nova afirmação de desígnios, politicas, a implementar através de uma nova forma de atuar e de governar os destinos de todos nós.
Mesmo que nisso quisesse acreditar (e queria muito!) não posso esquecer que os mesmos que nos trouxeram até aqui (à pobreza) continuam a influenciar e a condicionar o nosso futuro.
António Costa tem feito um bom trabalho à frente da Câmara Municipal de Lisboa, não o nego. Contudo a atração dos «jobs» na CML não tem a mesma dimensão dos interesses inerentes a uma máquina empregadora de um Governo nacional. A clientela política de António Costa e do partido «afiou os dentes» desde o primeiro momento em que aquele se «chegou à frente» logo na noite das europeias.
Como iremos mudar para uma política mais transparente e mais dedicada aos desígnios nacionais nas próximas décadas, quando a primeira medida política de António Costa foi nomear Ferro Rodrigues para líder parlamentar?
Nada me move contra Ferro Rodrigues, mas pelo menos a mim, parece-me mais do mesmo.
Por que razão não pensou António Costa em Manuel Alegre ou em Mário Soares ou até mesmo em Sócrates? Com todo o respeito que estas pessoas me possam merecer, elas fazem parte do passado, do partido e do país.
A politica partidária nacional, por mais ilusões que nos queiram criar, enquanto continuar a ser dominada, influenciada ou condicionada pelos históricos e pelas clientelas partidárias, não se regenera e, no Governo ou na oposição, para nada servirão.
Costa libertar-se-á ou não destas pressões colossais? Terá ou não coragem para romper!
Caso não tenha e vença as próximas eleições, teremos – parafraseando um amigo meu – mais Troika em 2016/7.
Os portugueses não inscritos em partidos, continuarão no meio, como sempre a sofrer as consequências do passado e a continuarem sem vislumbrar futuro.
Mário Lopes
Atlas Seguros