Panerai Transat Classique 2015
Os concorrentes da Panerai Transat Classique 2015 lançaram-se numa regata de 2 800 milhas com início em Lanzarote, nas ilhas Canárias, e final em Fort-de-France, Martinica. O percurso pode ser longo, quase 3000 milhas náuticas, mas os veleiros participantes na Panerai Transat Classique 2015 cruzaram a linha de largada assim que ressoou o tiro. Com 15 nós de vento e sob um belo sol, o Adventuress, atravessou a linha junto à Comissão de Regatas. Corto e Argyll bateram-se até ao final. Vagabundo II tentou a sua sorte, mas teve de ceder para o Corto. Quanto à Gweneven, decidiu ir junto à costa. Os mais conhecidos, como o Altair, Amazon, The Blue Peter e Faïaoahé pareciam satisfeitos por estarem em segundo plano, enquanto o Desiderata saía mais atrás.
O bordo à bóia, para determinar quem seria o vencedor do Troféu Lanzarote, permitiu que o Altair recuperasse e, graças ao poder do seu imenso plano de vela (365 metros quadrados), permitiu-lhe passar rapidamente o Faïaoahé, o Gweneven e o The Blue Peter. Foi um esplêndido esforço, mas não o suficiente para compensar o tempo perdido e, após uma grandiosa batalha, o Argyll levou o Troféu Lanzarote.
Uma vez rondada a bóia, os veleiros que competiam no Panerai Transat Classique recuperaram a liberdade de decidir qual a rota a tomar. Apenas umas horas decorridas desde o início e já a frota se deparava com uma decisão importante: os veleiros deviam passar Fuerteventura pela costa este ou oeste? As primeiras indicações sugeriam que a maioria definiria o rumo entre Lanzarote e Fuerteventura, e apenas o Argyll, brevemente acompanhado pelo Corto e The Blue Peter, se dirigia para sul para passar pela parte oeste de Fuerteventura. Será que a aposta de Argyll iria compensar? Será que as condições meteorológicas vigorosas entre as ilhas iria atrasar os outros? Seria melhor evitar um mar agitado e cruzado, dirigindo-se para sul? Saberíamos mais no dia seguinte.
Nessa manhã, nunca teria acreditado na iminência desta partida, de tão relaxada que se encontrava a atmosfera nos pontões. Claramente, toda a gente estava ocupada a descarregar os últimos dados meteorológicos, a arranjar um par extra de galochas para os companheiros mais esquecidos, a fazer uma última ida ao supermercado à procura de produtos frescos…
Julgando pelo ar descontraído, os concorrentes estavam bastante bem-preparados para a Panerai Transat Classique 2015. Contudo, quando chegou a hora de se alinharem atrás da linha, a tensão era palpável. Os que se encontravam em terra sentiram-se provavelmente mais nervosos, as equipas rapidamente se concentraram nas questões mais técnicas. Depois de longos abraços de despedida, chegou a hora dos concorrentes viverem os seus sonhos.
Troféu Lanzarote
1.º – Argyll
2.º – Corto
3.º – Amazon
4.º – Altair
5.º – Faïaoahé
6.º – Gweneven
7.º – The Blue Peter
8.º – Vagabundo II
9.º – Adventuress
10.º – Desiderata
O que dizem os velejadores
Victor Janouich, Adventuress
“Durante a reconstrução, demos o nosso melhor para devolver ao veleiro a sua aparência original. Em 1924, o Adventuress foi uma das primeiras tentativas de William Fife III usar o aparelho da Marconi, mas optámos por torná-lo numa escuna. Estou certo de que o William não ficará ofendido. Estou verdadeiramente satisfeito por poder oferecer a estes jovens algo com que apenas podia sonhar quando tinha a sua idade. Temos um bom grupo e estão todos entusiasmados e desejosos de aprender. Queríamos fazê-lo à moda antiga e, aos poucos, estamos a chegar lá. É claro que temos alguns aparelhos electrónicos a bordo, para efeitos de navegação, mas também vou procurar traçar a rota usando mapas em papel e um sextante, tal como os navegadores fizeram durante séculos. Navegar é uma arte, quer se trate de fazer um nó ou de estar ao leme. Trabalhava como um comerciante num ambiente cruel onde só os mais fortes sobrevivem, mas gosto de desportos de equipa e o meu desafio actual é atravessar o Atlântico com este grupo de jovens voluntários. Isto é apenas o início da nossa aventura“.
Suzan e Adrian McLachlan, Desiderata
“Somos um jovem casal de reformados e deixámos Londres para nos estabelecermos em Maiorca, uma ilha nos Baleares. Quando ouvimos falar pela primeira vez da Panerai Transat Classique, pensámos ‘porque não?’. Já conhecíamos a Julia e o Stuart, os proprietários do Desiderata. Mal podemos esperar por estar no oceano. Há anos que navegamos, mas apenas curtas distâncias. Esta é uma estreia para nós. Estamos certos de que, no final da regata, teremos memórias incríveis e inesquecíveis. E estes veleiros clássicos têm este je ne sais quoi que falta aos modernos. Estamos prestes a descobrir ao que se parece uma vigília nocturna, embora não estejamos no mesmo turno. Temos uma equipa fantástica composta por três mulheres e quatro homens“.
Stephane Benfield, Altair
“Estamos todos muito entusiasmados. Estamos motivados e temos uma excelente equipagem, com uma atitude fantástica e uma atmosfera óptima. A filha do proprietário juntou-se ao seu pai no mar alto e estão todos incrivelmente animados e motivados. Já conseguimos atingir uma velocidade máxima de 16 nós com o Altair, mas tentaremos ter um desempenho consistente para bater o recorde de 260 milhas em 24 e, quem sabe, talvez cheguemos às 1000 milhas nos primeiros quatro dias. O tempo está do nosso lado, faremos o nosso melhor para agarrar as oportunidades“.
Rémy Gérin, Faïaoahé
“Estão condições intensas para os primeiros dias da regata, com 20 a 25 nós de vento, rajadas a 35 NNE a NE para sul. E, para aqueles que tentem manter-se na Ortodromia e passar a norte de algumas, senão todas, as ilhas, podem esperar nas próximas noites rajadas até 50 nós, quando o vento sopra através das ilhas, sempre de NE com um mar agitado (NE com ondas até 7 m, cruzado com uma maré de NW: o suficiente para nos revigorar após os excessos desta quadra natalícia). Em todo o caso, o anticiclone está bem estabelecido e parece bem posicionado para nos fornecer ventos favoráveis durante a primeira semana da corrida.
Quanto à situação a bordo do Faïaoahé, a equipagem reuniu-se no domingo à noite e estamos todos a preparar-nos. Terminámos o abastecimento, muito eficazmente, anteontem. O catering a bordo será acima do habitual. Aliás, anunciámos há uns dias ao apresentar a equipa no palco: ‘Não estamos a concorrer, estamos num cruzeiro gastronómico’. Um problema que persiste é o de decidir onde guardar o presunto de Espanha que a Margot me ajudou a comprar. E, claro está, encontrar uma faca decente que lhe faça justiça“.