Quem pediu um carro elétrico?
À medida que os países forem aumentando a integração de energias renováveis na produção de eletricidade os automóveis eléctricos serão, também, cada vez mais a melhor solução para lutar contra o aquecimento global. Da Cimeira do Clima em Paris, COP21, resultou a Declaração de Paris sobre a mobilidade elétrica e as alterações climáticas, um contrato que tem como objetivo incrementar a presença de veículos elétricos e de infraestruturas de carregamento.
Lisboa surge em penúltimo lugar no ranking Sootfree Cities (http://sootfreecities.eu) das cidades europeias mais empenhadas em melhorar a qualidade do ar. Apesar dos esforços para diminuir a poluição atmosférica, como a criação da Zona de Emissões Reduzidas (ZER), a capital portuguesa ainda está aquém do exigido pela legislação europeia no que toca à promoção do transporte público e à renovação da frota municipal.
É sabido que um veículo eléctrico constitui a melhor solução de mobilidade para responder às questões atuais do aquecimento global, da qualidade do ar que respiramos e da dependência que existe dos combustíveis fosseis. Mas será que os utilizadores pensam nessas questões no momento da escolha do seu carro ou moto?
Poderemos dizer que uma pequena minoria tomará em consideração os fatores ambientais como fator importante na decisão, mesmo que isso implique pagar um pouco mais. Claro que essa decisão leva o utilizador para um grupo a que ele quer pertencer, de pessoas responsáveis pelo ambiente a amigas do planeta. Mas existem muitos outros fatores que poderão levar à aquisição dos veículos elétricos, incluindo os económicos, já que a utilização pós-venda destes veículos tem um custo cerca de três a cinco vezes inferior ao custo de um veículo a combustão, devido ao custo reduzido da energia, baixo custo de manutenção e outros benefícios na utilização, como isenção de impostos ou parqueamentos grátis em determinadas zonas. Por exemplo em Lisboa, a EMEL disponibiliza estacionamento gratuito aos veículos elétricos que adquiram um dístico verde por €12,00 anuais.
Num recente evento sobre mobilidade elétrica promovido em Cascais, um dos oradores afirmou que “ninguém pediu o carro elétrico” insinuando que ninguém o quer. Mas também ninguém pediu o telemóvel, ou o smartphone!
A questão é que qualquer que seja a razão que leve um utilizador a escolher um veículo elétrico; razão ambiental, motivação económica ou outras, a verdade é que o prazer de condução de um veículo elétrico e o seu desempenho, juntamente com a experiência diária na sua utilização, leva a que quase 100% (segundo vários estudos realizados) dos atuais utilizadores de veículos elétricos não se imaginam mais a utilizar um veículo a combustão. E tudo isto apesar da deficiente rede de carregamento, que lamentavelmente ainda predomina no nosso país.
José Henriques
Magnum Cap