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Veículos autónomos

Artigo
Veículos autónomos

De repente, em tudo o que é feira internacional de automóveis e de inovações, como tema de seminários e conferências, temos o veículo autónomo apresentado como o futuro provável e incontornável da mobilidade automóvel.

A tal propósito, relembrei um texto do final do século XIX, sobre a mobilidade urbana de Londres, na época Vitoriana, com os transportes públicos em franco desenvolvimento e baseados em carruagens puxadas por solípedes. Com o surgimento dos veículos com motor a combustão, logo surgiram autores a vaticinarem o fim dos transportes puxados por cavalos e, fazendo previsão, que empregos ficariam em causa com esta nova realidade, desde logo os cocheiros, claro, mas também os ferreiros, os correeiros, os fornecedores da palha, os criadores dos cavalos, o pessoal que fazia a manutenção das cavalariças, hoje atração turística na zona de Camden/Londres. Em boa verdade o progresso, os avanços das sociedades sempre determinam adaptações, criação de novas áreas de negócios e novos empregos.

Hoje, estamos em face de novo impulso, de um previsível avanço no que diz respeito à estrutura, ao modo de energia de locomoção automóvel, às inovações introduzidas a bordo dos automóveis e à respetiva capacidade de ligarem um começo e um fim de viagem por modo próprio e sem a intervenção humana, e a questão é que é imparável este processo e ele estará por aí, não tarda muito. Naturalmente que, quase como os autores do final do século XIX, somos levados e tentar perceber de que modo pode uma realidade com tais contornos influenciar ou mudar a nossa forma de estar.

Num exercício muito simples podemos concluir que um automóvel que circula em função da informação que recebe da via, dos outros automóveis e de outros elementos do sistema rodoviário: peões, sinais, limites impostos de velocidade, etc, tenderá a fazer decrescer o número de sinistros rodoviários. Por outro lado, poderá ser posto em causa a necessidade de haver habilitação legal para conduzir, ou mesmo a existência de fiscalização, e havendo menos acidentes de que forma pode influenciar os sectores da reparação automóvel e da emergência médica e da saúde. E em caso de acidente com um veículo autónomo, como atribuir responsabilidades?

Claro que tudo isto se reorganizará. Porém é interessante tal exercício, o levantamento de questões, vaticinar-se uma nova sociedade.

Até parece que já vejo os amantes das “ máquinas” com motor a combustão de hoje, a fazer encontros de saudade no autódromo, só para celebrarem o ruído dos V8 e V12, de ”outrora”.

Gabriel Mendes
Comandante da UNT/GNR

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