Lucid Air com 1000 cv em 2018
Fundada em 2007, a Atieva é uma empresa de capitais chineses, japoneses e norte-americanos dedicada à tecnologia de baterias, que, a dada altura, decidiu apostar, também, nos automóveis eléctricos. Entretanto, o marketing achou por bem que os veículos deveriam ser comercializados sob uma nova marca, o que deu origem à Lucid Motors.
Mas nada mais mudou, e até o responsável técnico da companhia continua a ser Peter Rawlinson, o engenheiro britânico ex-quadro da Tesla e um dos responsáveis pelo projecto Model S. Atributos suficientes para que a Lucid possa ser encarada com outra credibilidade, e não como mais uma startup que, como já vai sendo hábito, se lança na aventura da mobilidade eléctrica, mas envolta num rasto de cepticismo e dúvidas de que os seus projectos alguma vez venham a materializar-se.
Aqui, o primeiro dá pelo nome de Air e promete ser um sério concorrente do Tesla Model S. Trata-se de uma luxuosa berlina de linhas futuristas, que apresenta como principal cartão de visita o seu grupo motopropulsor: com um motor eléctrico por cada eixo, na sua versão de topo conta com um pack de baterias de 130 kWh, que lhe garante 1000 cv de potência, 2,5 segundos nos 0-100 km/h e uma autonomia de 643 quilómetros. A lançar no final de 2018, o Lucid Air contará, ainda, com uma variante com bateria de 100 kWh e 482 quilómetros de autonomia, cuja potência ou prestações não foram revelados.
Aliás, a bateria promete mesmo ser um dos grandes trunfos do Lucid Air, ou não fosse esta a grande especialidade da casa-mãe Atieva, e não fosse a mesma fornecida pela Samgung SDI, a referência do mercado em termos de densidade e longevidade, mesmo quando sujeita a repetidos carregamentos rápidos – algo que é, obviamente, realçado pela marca californiana. Ainda assim, para garantir que tudo corre pelo melhor, a tecnologia utilizada neste domínio pelo Lucid Air vai ser intensamente testada nas duas próximas temporadas da Fórmula E, já que a Atieva será o fornecedor exclusivo de baterias do conhecido campeonato de monolugares eléctricos.
Outro argumento esgrimido pela Lucid é a absoluta optimização do espaço. Com a Mercedes a ser o seu grande referencial: para os responsáveis da marca, o Air é um automóvel com dimensões exteriores ligeiramente maiores do que as de um Classe E, o espaço interior de um Classe S longo e o apelo visual e emocional de um CLS. Sendo possível, inclusive, optar por uma configuração traseira com apenas dois lugares “executivos”, aptos a reclinar até 55°, ao estilo dos melhores bancos de primeira classe da aviação.
Tecnologia é o que também não faltará ao Lucid Air. Três ecrãs rectangulares, instalados no tablier, oferecem um alargado leque de informação, existindo ainda um ecrã adicional escamoteável, semelhante a um tablet, entre os dois passageiros da frente. Tirando partido da ausência de ruído do motor, o sistema áudio com 29 altifalantes promete oferecer uma experiência única. E até o sistema de iluminação exterior é inovador: cada óptica dianteira conta com dez projectores ultrafinos, que imitam os olhos dos insectos mercê do recurso a vinte mil micro-lentes autoajustáveis, capazes de seguir a trajectória do veículo com uma precisão sem precedentes e garantindo uma eficiência energética 50% superior à dos LED.
Para que o conforto de marcha esteja conforme a comodidade a bordo, a suspensão dispõe de amortecimento activo pneumático, ao passo que o baixo centro de gravidade daráum importante contributo para com um comportamento dinâmico de referência em termos de eficácia, estabilidade e precisão. Isto se o condutor quiser desempenhar a tarefa que lhe compete.
Caso contrário, os sistemas de segurança activa e de condução autónoma (este último fornecido pela Waymo, a recém-criada empresa da Google para este sector) assegurarão que o veículo se move pelos seus próprios meios, embora na medida em que a legislação o permita, permitindo ao condutor dedicar-se a outras actividades. Como no Autopilot dos modelos da Tesla, as actualizações de software serão efectuadas remotamente, via Internet, sendo o hardware composto por seis módulos de radar, oito câmaras e quatro sensores de Lidar.
Obviamente, os comandos vocais ou por gestos também integram o lote de atributos do Lucid Air, permitindo a qualquer ocupante interagir com o veículo. Assim como a “inevitável” App destinada a alargar a experiência de utilização mesmo de forma remota, através dos omnipresentes dispositivos móveis.
Agora, resta esperar pelo final de 2018 para ver o que realmente pode valer o novo Lucid Air. No mercado doméstico, a versão com bateria de 100 kWh deverá custar qualquer coisa como 96 mil euros, orçando a edição de lançamento, com bateria de 130 kWh e bancos traseiros independentes, em 155 mil euros. Ainda assim, para que a produção inicial de 10 mil unidades/ano possa sextuplicar no prazo de três a quatro anos, como a marca anuncia, será fundamental a disponibilização (já confirmada) de uma versão mais acessível, com um preço na casa dos 62 500 euros, mas sobre a qual nada mais se sabe ainda em termos de características técnicas como de equipamento.