Mercedes define estratégia de produção
Apostada em cimentar a sua posição enquanto líder do mercado mundial no segmento premium, e atenta às novas tendências do sector, a Mercedes tomou recentemente algumas decisões importantes relativamente à sua vertente produtiva. Como a instalação de uma nova fábrica no que já foi considerado o maior mercado automóvel europeu em potência, no que será o primeiro grande investimento de um fabricante ocidental no Rússia desde que, em 2014, foram impostas ao país as sanções internacionais (por sinal, não impeditivas de investimentos no sector automóvel) decorrentes do conflito com a Ucrânia. Situada a cerca de 40 quilómetros de Moscovo, a nova unidade fabril estará apta, a partir de 2019, a produzir 20 mil automóveis anualmente, entre a berlina da Classe E e um (ou mais) SUV não especificado(s), prevendo-se seja, ainda, responsável, pela criação de qualquer coisa como mil novos postos de trabalho, a que se juntarão os criados pelos prestadores de serviços e cadeia de fornecedores.
No domínio da mobilidade eléctrica, a marca da estrela tinha já anunciado o investimento de 10 mil milhões de euros nesta área, a criação da submarca EQ para comercializar este género de proposta e o lançamento de dez novos automóveis eléctricos até 2025, que espera assegurem 15-25% das suas vendas. Já se sabia que o primeiro será produzir na sua fábrica de Bremen, foi agora anunciado que a fábrica de Sindelfingen, igualmente na Alemanha, também vai dedicar-se à produção de veículos eléctricos.
Aqui, os planos da Mercedes não passam pela criação de unidades fabris exclusivamente dedicadas a esta tarefa, mas pela integração da produção de automóveis eléctricos em fábricas já existentes, lado a lado com a dos convencionais modelos com motores térmicos. O que, segundo confirma o director de produção da Mercedes-Benz, Markus Schaefer, permitirá reduzir substancialmente o investimento necessário para o efeito. Em comunicado, a casa de Estugarda refere, ainda, que as suas fábricas de Bremen, Rastatt e Sindelfingen, na Alemanha, assim como a fábrica da smart, em Hambach, em França, serão centros de competência para a produção dos seus modelos eléctricos.
Em paragem bem mais longínqua também há novidades a registar. Em Janeiro, Carlos Ghosn, CEO da Aliança Renault-Nissan, anunciava que poderia assumir forma diferente do inicialmente previsto o âmbito da parceria que une Nissan e Daimler na fábrica que está em fase final de construção em Aguascalientes, no México. Com início de laboração previsto para o fim de 2017, a nova instalação fabril terá uma capacidade de produção de 230 mil unidades/ano, obrigou a um investimento de cerca de 930 milhões de euros e destina-se a produzir modelos da Infiniti (já no final deste ano) e da Mercedes (em 2018 – previsão que se mantém inalterada, apesar do clima de incerteza que rodeia as importações de automóveis para os EUA desde a entrada em funções da nova administração Trump).
Dieter Zetsche, CEO da Daimler, não contradiz o seu homólogo: “Têm sido colocadas algumas interrogações relativas aos nossos esforços para criar uma plataforma compacta comum. Estamos em processo de definir se, no final, iremos, ou não, utilizar uma plataforma ou componentes partilhados”. Em causa estará, principalmente, a plataforma MFA2, aquela que servirá a próxima geração dos Mercedes Classe A, Classe B e CLA, e que deveria servir de base também ao Infiniti QX30: segundo se sabe, a marca japonesa terá decido recorrer a uma outra solução, dado que os seus resultados financeiros não lhe permitirão absorver os custos tecnológicos da Mercedes impostos pelo uso desta plataforma.