Seat Leon ST 1.4 TSI 140 cv Style

Durante alguns anos, foi com a configuração monovolume dos Altea e Altea XL que a Seat tentou cativar o público do segmento dos compactos adepto de propostas de cariz mais familiar, com o sucesso que se conhece. Com a criação da versátil plataforma MQB da VW (que serve uma plêiade de modelos do grupo germânico em várias das marcas que o compõem), a casa de Martorell pôde, enfim, passar a contar com uma verdadeira carrinha nesta classe – e a Leon ST  pode muito bem ser a versão que faltava para dar o empurrão definitivo às vendas deste modelo, tendo em conta o peso que este tipo de variante assume em determinados mercados europeus, nomeadamente o português.

Um dos grandes atributos da nova carrinha espanhola começa por ser a eficácia como consegue oferecer um notório acréscimo de versatilidade sem perder nada da identidade que marca as variantes de três e cinco portas, mormente a sua postura dinâmica e a aparência exterior mais desportiva. Apesar de ser 27 cm mais comprida do que estas, a Leon ST conta com uma secção traseira muito bem conseguida, marcada pelos farolins horizontais que se prolongam pelos flancos, e que se integra de modo perfeito nas linhas angulosas do modelo original, continuando a contar com uma identidade visual marcante e com uma aparência exterior agressiva e vincada, em muito garantida pela baixa linha de cintura e pelos pilares traseiros finos.

A mala não só conta com uma generosa capacidade, como o piso pode ser colocado em dois níveis diferentes, a chapeleira pode ser transpºortada sob o mesmo e os bancos traseiros são rebaítveis num só movimento

Apesar disso, a mala ganhou nada menos do que 207 litros face ao Leon de cinco portas, contando agora com 587 litros, ampliáveis até 1470 litros através do rebatimento assimétrico do banco traseiro.  Para mais, este rebatimento é facilmente realizável num só movimento, através das alavancas existentes para o efeito nos painéis laterais da bagageira, existindo ainda um útil indicador no topo das costas dos assentos, que permite verificar se os bancos estão bem fixos quando regressam à sua posição original.

Para incrementar a versatilidade existem ainda algumas soluções muito úteis, como a facilidade de acesso ao compartimento de carga, em altura como em largura; a chapeleira recolhível através de um simples toque; o piso da mala com dois níveis elegíveis pelo utilizador, e com uns “travões” nos painéis laterais da mala, que o fixam a 45° quando é necessário arrumar objectos sob o mesmo; e ainda o espaço destinado a albergar a chapeleira junto ao pneu sobressalente, sob este alçapão, quando é necessário desmontá-la para transportar objectos mais volumosos. A par de tudo isto vale ainda a pena mencionar os vários e práticos espaços para arrumação de pequenos objectos existentes em vários locais do habitáculo.

Habitáculo que, por seu turno, é em tudo semelhante ao conhecido das versões de três e cinco portas. A habitabilidade é de bom nível, inclusive atrás, onde não é descabido transportar três adultos; a qualidade da maioria dos materiais e acabamentos está em bom plano; a decoração é simples (marcada pelas linhas rectilíneas, em consonância com as formas da carroçaria) e a ergonomia correcta, como se exige num modelo que aposta forte na dinâmica de condução, como mais adiante se comprovará.

Suave, soílcito e económico a baixo regime, o motor 1.4 TSi de 140 cv ganha outro fulgor acima das 3000 rpm

Já ao volante, a Leon ST de imediato se assume como um dos modelos mais dinâmicos e “desportivos” desta classe, pouco se sentindo, na prática, a adição da secção traseira específica e dos 27 cm ao comprimento total. A posição de condução é óptima, com os bancos a oferecerem um apreciável conforto, ainda que o encaixe proporcionado pudesse ser mais efectivo.

A gama de motores inclui diversas opções, e mesmo que as variantes  Diesel tendam a ser as mais procuradas, a versão 1.4 TSI de 140 cv aqui em análise assume-se como uma das melhores opções para os que não têm a obsessão do Diesel e apreciam a maior suavidade dos motores a gasolina. Com injecção directa e sobrealimentação, esta unidade, já capaz de cumprir a norma Euro 6 de protecção ambiental, prima por uma ampla disponibilidade, patente no facto de a potencia máxima estar disponível entre as 4500 rpm e as 6000 rpm, e o binário máximo de 250 Nm se manter constante entre as 1500 rpm e as 3500 rpm.

Este atributo, em conjunto com uma caixa manual de seis velocidades bem escalonada e de manuseamento convincente, traduzem-se numa resposta muito linear desde os baixos regimes, tornando muito agradável a condução a ritmos moderados, marcada pela suavidade e silêncio de funcionamento do motor, assim como por consumos bastante interessantes.

Quando se imprime um ritmo mais elevado, nota-se que a resposta às solicitações do acelerador redobra de vigor a partir das 3000 rpm, o que é acompanhado de uma sonoridade do escape mais encorpada, fazendo-se também ouvir no habitáculo o “silvo” do turbocompressor. Algo que os mais sensíveis a estes estímulos tenderão a apreciar, mas que outros – legitimamente – identificarão como um trabalho que pode ser melhorado ao nível da insonorização. Menos mal que, quando do motor se tira tudo o que ele tem para dar, a contrapartida está nas boas prestações, naturalmente acompanhadas de consumos menos apelativos.

A desportividade sugerida pelas linhas exteriores é plenamente confirmada ao volante, com
a nova Seat Leon ST a assumir-se como uma das carrinhas dinamicamente mais convincentes da sua classe

Apesar de fazer uso da referida plataforma MQB, a Leon ST 1.4 TSI conta com afinações de suspensão específicas, mais firmes, ainda que sem a tornarem excessivamente seca. Ainda assim, o facto de o modelo só a partir dos 180 cv de potência contar com suspensão posterior do tipo multilink (abaixo deste valor, recorre a um eixo traseiro semi-rígido), em conjunto com as opcionais jantes de 17” com pneus de perfil reduzido (que, sem dúvida, aumentam o seu apelo estético), acaba por condicionar o conforto em mau piso, sobretudo mas irregularidades de alta frequência, que não conseguem passar despercebidas a quem segue a bordo.

Já para o comportamento sobram encómios, especialmente quando se adopta uma condução mais empenhada. Aqui, são evidentes os benefícios trazidos pelo acréscimo de motricidade garantido pelas jantes de maior diâmetro, capaz de fazer sobressair a qualidade do trem dianteiro, preciso e acutilante para um automóvel deste género, patente na grande facilidade de inserção em curva, sublinhada pelo diferencial electrónico XDS, sobretudo quando se opta por conduzir com o ESP no seu modo mais permissivo (não existe a possibilidade de inibir por completo o funcionamento deste dispositivo).

Também no plano comercial, a nova Seat Leon ST 1.4 TSI faz valer os seus atributos. Cerca de €1440 euros mais cara do que a versão de cinco portas com equipamento equivalente, no nível de equipamento Style aqui apreciado o seu preço de €25 950 surge alinhado com o proposto pela principal concorrência, mas acompanhado de uma dotação de equipamento de série bastante generosa, e mais ainda nesta fase de lançamento, onde até são oferecidos alguns itens de relevo (no caso concreto, o pacote composto pelos sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com ecrã de monitorização e pelo sistema de navegação, avaliado em €1152).

Mas não menos importante será salientar que a Leon ST 1.4 STI Style custa menos €3950 que a versão 2.0 TDI de 150 cv dotada do mesmo nível de equipamento. Ou seja, além de oferecer prestações do mesmo calibre, uma outra suavidade de funcionamento  e uma atitude mais ajustada aos adeptos de uma condução mais dinâmica, ainda se revela uma opção mais racional, já que o “investimento” adicional a que a variante a gasóleo obriga só será amortizado, em distância percorrida, ao fim de praticamente 150 mil quilómetros…