Peugeot 308 SW 1.6 e-HDi 115 Allure

O painel central digital atenua um pouco a má visibilidade para os restantes instrumentos, mas não faz milagres

Bom em largura e comprimento para as pernas, o espaço traseiro apenas peca um pouco na altura disponível para a cabeça dos ocupantes

As jantes de 17" são uma opção sem custo, mas apenas no plano teórico, já que aumentam o valor do ISV. Não prejudicam o conforto e melhoram a dinâmica

Integralmente em LED, os faróis dianteiros asseguram uma excelente iluminação, ao mesmo toque que dão um toque extra ao design da 308 SW

Capaz de controlar quase tudo a bordo, o ecrã táctil de 9,7" não é uma solução prática

Uma das melhores bagageiras do segmento

O bloco 1.6 e-HDi ainda convence pela suavidade e encanta pelos consumos

Muitos espaços de arrumação e uma qualidade média

Apesar de manter a designação, a nova geração da Peugeot 308 SW nada tem que ver com a sua antecessora, até porque a plataforma EMP2 é completamente nova. Visualmente, as diferenças são também elas bastante evidentes. Não sendo arrebatadora, a nova carrinha da marca de Sochaux é claramente mais interessante do ponto de vista visual do que a sua antecessora, que era muito pouco feliz nesse capítulo. A traseira está bastante mais consensual, mas é a secção frontal que se destaca, principalmente quando estamos perante os faróis integralmente em LED, de série nesta versão Allure. Sem eles, o resultado é bastante menos arrojado e moderno.

O habitáculo regista um avanço significativo no que toca à modernidade e apresentação, muito graças a um desenho minimalista, aplicado com bom gosto. O tecto panorâmico em vidro, de série no nível Allure, empresta ainda um ambiente luminoso a todo o habitáculo, ainda que seja um problema em dias de maior calor, dada a pouca eficácia da cobertura em tecido quase transparente. O ecrã táctil de 9,7” tem um papel de destaque no interior, pois agrega quase todas as funções da 308 SW, o que liberta a consola central, que possui apenas alguns botões destinados a funções básicas. Esta solução traz benefícios para o desenho do habitáculo, mas acarreta alguns prejuízos de ordem prática. Ter de utilizar o ecrã táctil para controlar o sistema de climatização não é uma solução brilhante do ponto de vista do condutor, que é obrigado a tirar os olhos da estrada. O mesmo se aplica ao controlo do sistema de multimédia, já que nem todas as funções são fáceis de operar através dos botões colocados no volante. É, precisamente, este elemento outro dos focos do habitáculo da 308 SW, pelo seu reduzido tamanho, que faz magia pela condução. Tornando os movimentos dos braços muitos mais fáceis e rápidos, transmite a sensação de que a direcção é mais directa do que aquilo que, na realidade, é, sendo que até as manobras citadinas ficam mais simples. Uma delícia, no fundo. Teoricamente, o pequeno volante ajudaria na obtenção de uma excelente posição de condução, mas isso não se aplica na prática. Aliás, aplica-se, se o leitor for da altura de um jogador de voleibol ou basquetebol. Abaixo disso, terá sempre de encontrar uma solução de compromisso para que consiga visualizar o painel de instrumentos na totalidade. Talvez por isso, o painel digital, colocado entre o velocímetro e o taquímetro, começa sempre na página onde se observa a velocidade instantânea. Será que a Peugeot resolverá este “problema” num futuro restyling, assumindo que a ideia não foi totalmente feliz? Vamos esperar para ver. Não fosse isso, a posição de condução seria perfeita, já que os comandos estão todos bem colocados, a coluna de direcção e o banco têm regulações amplas e a visibilidade é boa para qualquer ângulo. Os materiais empregues no habitáculo alternam entre o bom e o razoável, nunca se podendo considerar como referenciais.

O volante de tamanho reduzido é uma delícia para a condução, mas não há como desculpar a relação entre o mesmo e o painel de instrumentos

Já no que toca ao espaço, seja para passageiros ou bagagem, a 308 SW fica entre as referências do segmento, conseguindo mesmo ter, a par da Skoda Octavia, a melhor mala entre as carrinhas derivadas de um pequeno familiar, sendo que os seus 610 litros de capacidade são apenas superados pelos 624 da Honda Civic Tourer. Pena que a cobertura da bagageira seja completamente arcaica, tanto pelo seu aspecto como pela ausência da função de recolha automática, que já se tornou banal neste segmento. Por outro lado, existe forma de rebater o banco traseiro a partir de duas alavancas colocadas na bagageira, o que é de salutar. Carregada ou vazia, a 308 SW é sempre capaz de proporcionar um nível de conforto bastante apreciável, ainda que em mau piso sejam perceptíveis umas pequenas vibrações, principalmente no eixo traseiro. Nada que choque ou que seja suficiente para deixar uma nódoa na análise ao conforto, mas que não deixa de ser um ponto a merecer crítica.

Isento de reputação negativa está o comportamento, que é uma evolução enorme face à anterior geração. Apesar do ESP não ser desligável e até intervir quando não é necessário, a 308 SW é senhora de um excelente chassis, apresentando níveis de eficácia ao nível de automóveis com outras pretensões. Claro que esta não será a maior das preocupações do cliente-tipo da 308 SW 1.6 e-HDi, até porque o bloco 1.6 Diesel com 115 cv não permite prestações de excepção: é apenas suficiente para locomover os 1200 kg da carrinha gaulesa com segurança e conforto, sendo apenas de lamentar alguma preguiça em baixo regime, algo muito notório em cidade. Melhor, contudo, na contenção do ruído do motor Diesel e nos consumos, que são extremamente frugais, como comprova a média por nós obtida em ciclo misto, abaixo dos 5l/100 km. Em estrada, os valores baixos alcançam-se por intermédio de uma caixa de seis velocidades de relações bastante longas, principalmente em 5ª e em 6ª, o que obriga a reduzir sempre que queremos efectuar uma ultrapassagem. Já em cidade, o foco vai todo para o melhor sistema stop/start do segmento, que funciona sob todas as condições, sempre com uma rapidez e suavidades ímpares. Pode-se mesmo dizer que há este e os outros.

Fantástico é o melhor adjectivo que se pode aplicar ao sistema stop/start do Grupo PSA. Não há, na concorrência, nada tão rápido e suave

Olhando para os 29 425 euros pedidos pela Peugeot 308 SW 1.6 e-HDi Alllure e para a recheada lista de equipamento de série, que conta com sistema de navegação, faróis integralmente em LED, sensores de parqueamento atrás e à frente, entre outros, só podemos considerá-lo como extremamente competitivo. Na soma de todas as partes, a nova 308 SW assume-se, pelo menos nesta versão, como uma das melhores propostas do segmento, marcando muitos pontos na modernidade, no equipamento e nos consumos do seu motor 1.6 Diesel. Não esqueçamos que, no final do ano, poderá tornar-se ainda melhor, quando surgir o novo bloco 1.6 Blue HDi, com 120 cv e 300 Nm de binário, capaz de cumprir as normas Euro6.