Skoda Yeti 2.0 TDI 170cv Elegance Outdoor 4X4

Apesar da tracção integral e da altura ao solo mais elevada face um automóvel familiar convencional, as capacidades fora-de-estrada do Yeti limitam-se a uns estradões de terra batida

O sistema de navegação é de série nesta versão Elegance, mas o ecrã é demasiado pequeno e está colocado num plano baixo

A versão Outdoor traz umas protecções plásticas, que pouca utilidade têm, mas que tornam o visual mais radical

A caixa manual de seis velocidades tem um escalonamento perfeitamente adequado ao motor 2.0 TDI e uma precisão e suavidade notáveis

Os farós bi-xénon são opcionais, mas os 1050 euros pedidos pelos mesmo são perfeitamente justificados pelas melhorias na segurança e estética

O botão off-road desliga, até aos 30 km/h, o controlo de tracção, altera a gestão do ABS e activa o controlo de descida

Os pneus Pirelli PZero são aliados do bom comportamento em asfalto, mas arrasam qualquer pretensão em pisos com lama ou areia

Em Portugal, falar na marca de um produto da marca de origem chega, Skoda, e associá-lo a um PVP de 45 200 euros é, para muitos, uma heresia. Sendo uma das várias marcas do Grupo Volkswagen, a sua imagem está colocada bastante abaixo da marca de Wolfsburgo e, de certa forma, até mesmo da Seat. A partir daí, olha-se para os seus automóveis como capazes de oferecer uma excelente relação entre aquilo que oferecem e aquilo que se paga por eles. Conseguem proprorcionar um excelente value for money, como dizem os ingleses. Neste contexto, o Skoda Yeti 2.0 TDI 170cv Elegance Outdoor 4X4 acaba por ser um extra-terrestre.

A renovação operada na gama, no final do ano passado, refrescou a imagem do Yeti, mas nem por isso a tornou mais cativante, tornando-a até um pouco mais banal. Mas também não é por ai que o Yeti será capaz de contrariar o preconceito inicial, sendo preciso alguma abertura de espírito para gostar deste formato peculiar. Não sei se sou arrojado ou conservador, mas confesso que gosto bastante da imagem do Yeti, completamente fora da bolha.

Os novos faróis são bastante mais conservadores que os anteriores, tornando o Yeti menos interessante do ponto de vista visual

O interior segue uma linha muito mais austera, não havendo um pingo de arrojo, havendo até a propagação de vários comandos iluminados em tons de verde, que nos remete para alguns automóveis da nossa infância, mas a qualidade de construção merece boa nota, mesmo com alguns plásticos menos agradáveis. No habitáculo do Yeti, tudo está pensado na função e não na forma. A posição de condução é alta, mas tem imensas e amplas regulações, e permite tirar pleno proveito da generosa superfície vidrada e com isso facilitar imenso a condução em cidade. Facilmente percebemos que a carroçaria em forma de paralelipípedo garante uma generosa amplitude em qualquer sentido, nem parecendo que o Yeti usa a mesma plataforma do Volkswagen Golf VI. Ao contrário do que acontece com o pequeno familiar alemão, o SUV checo consegue transportar cinco passageiros com imenso desafogo, oferecendo ainda uma bagageira ampla, com um excelente acesso. Rebatendo os bancos traseiros, o Yeti fica a parecer um pequeno furgão, capaz de transportar umas caixas do IKEA, ou umas três bicicletas de adulto.

Ninguém ficará rendido às linhas interiores do Skoda Yeti, mas facilmente será convencido pela qualidade de construçáo e funcionalidade

Na análise dinâmica, o irreverente Skoda continua a convencer totalmente, não usasse ele uma plataforma com provas mais do que dadas. De pisar muito refinado e confortável, o Yeti consegue ainda presentear o condutor com um comportamento bastante satisfatório, principalmente devido à forma serena e fácil como tudo se processa, principalmente nesta versão de tracção integral. Não sendo possível desligar o controlo de estabilidade e havendo um rolamento de carroçaria relativamente pronunciado, não se pode esperar grandes momentos de diversão ao volante, mas também não é isso que procura quem opta por uma proposta com estas características.

Estando debaixo do capot o bloco 2.0 TDI de 170 cv, as expectativas sobre este Yeti eram grandes e não foram defraudadas. Não sendo propriamente um velocista, até porque a balança acusa 1540 kg de tara, oferece prestações de bom nível, conseguindo, acima de tudo, tornar a condução extremamente aprazível e fácil, até porque o conjunto caixa/embraiagem é extremamente refinado no tacto e precisão. Muito solícito e lesto a recuperar, o motor dois litros Diesel consegue ainda rubricar excelentes consumos. É, em toda a linha, muito melhor que o 1.6 TDI.

Ainda que bastante bem equipado nesta versão Elegance, não há como escamotear que pedir 45 200 euros por um automóvel Diesel do segmento C é um perfeito exagero e, por isso, duvido que veja mais algum Skoda Yeti 2.0 TDI 170 cv Elegance Outdoor 4X4 a circular nas estradas portuguesas, a não ser este que aparece nas fotografias. Esquecendo esse “pequeno pormenor”, fiquei completamente convencido com as qualidades deste irreverente automóvel.