Citroën DS 5 2.0 BlueHDi 180 EAT6 Sport Chic

A qualidade geral é de bom nível, mas a posição de condução podia não ser tão elevada

As jantes de 18" são de série nesta versão 2.0 BlueHDI do DS5

A caixa automática só pode ser comandada manualmente através do selector

O ESP apenas pode ser desligado abaixo dos 50 km/h, para permitir o arranque sobre pisos escorregadios

O espaço atrás é generoso para dois ocupantes, ainda que o formato do tejadilho condicione o transporte de passageiros de estatura mais elevada

Se bem que nada mais haja de novo na respectiva gama, a renovação da sua oferta de motores Diesel, com a chegada das unidades BlueHDI, é motivo mais do que suficiente para revisitar o Citroën DS5. A mim, coube-me em sorte a versão animada pela unidade 2.0 BlueHDI de 180 cv, combinada com a também nova caixa automática de seis velocidades. Um conjunto que já havia tido oportunidade de conhecer no Peugeot 508, e que aqui deu ainda maiores provas dos seus atributos.

Evolução natural do anterior, o “novo” motor destaca-se por ter recebido um sistema de tratamento dos gases de escape mais evoluído (com catalisador de oxidação e injector de Adblue, esse líquido à base de ureia que contribui para a transformação dos nocivos óxidos de Azoto em Azoto puro e vapor de água), assim como algumas melhorias no sistema de injecção e nos pistões e segmentos, registando ainda uma redução de peso graças ao recurso a materiais mais leves na construção de alguns seus componentes. No final, promete cumprir já as normas Euro 6 e anuncia um rendimento de 181 cv/3750 rpm e de 400 Nm/2000 rpm.

Como noutros modelos do Grupo PSA, o conjunto motor/transmissão dá muito bem conta de si no DS5, se bem que a caixa denote algumas hesitações numa utilização mais exigente

Em termos práticos, e também por via da nova caixa automática de seis velocidades e do excelente sistema start/stop do grupo PSA, esta unidade motriz acaba por dar muito boa conta de si, ao combinar prestações de bom nível com óptimos consumos. Revelando grande disponibilidade na maioria das situações de utilização, o seu refinamento permite-lhe passar despercebida aos ocupantes em quase todos os momentos, tanto ao nível do ruído como das vibrações, fazendo sentir a sua presença apenas nos ritmos mais apressados, e acima das 3000 rpm.

A nova caixa, importante para a redução dos consumos a velocidades estabilizadas, não é tão cooperante quando se adopta uma condução mais empenhada. Revelando muitas hesitações nestas circunstâncias, tanto no modo Normal como no Sport, nem sequer permite que a situação seja obviada através do recurso ao modo de comando manual em sequência – não só não dispõe para tal de patilhas no volante, como o curso do selector está “invertido” face ao que seria o movimento natural (reduz para trás), além de que continua a seleccionar automaticamente uma mudança mais alta quando se atinge a redline, e a reduzir quando se esmaga o pedal da direita. Independentemente da vontade do condutor, o que nem sempre é o mais recomendável, sobretudo quando se abordam as curvas com maior optimismo…

O desempenho dinâmico do DS5 com motor 2.0 BlueHDI de 180 cv é muito salutar, ainda que prejudicado por uma direcção demasiado vaga e excessivamente assistida

Confesso ter pena que assim seja. Porque este é um Citroën diferente dos demais, e não só na aparência, mas também no próprio conceito (não sendo por acaso que o grupo gaulês já anunciou a sua intenção de independentizar a DS enquanto marca a curto trecho, separando-a do tradicional double chevron). Tendo por base a plataforma do anterior C4 Picasso e do Peugeot 3008, adopta uma afinação de suspensão bastante diferente daquilo a que a Citroën nos acostumou nos seus modelos de cariz familiar, com uma suspensão firme e seca, que não lhe permite passar com a proverbial indiferença sobre as irregularidades do piso (antes transmite ao condutor e passageiros a generalidade dos ressaltos), mas acaba por convidar à adopção de ritmos mais vivos.

Só que, quando assim é, e apesar do comportamento mais acutilante, e globalmente eficaz, há alguns pecadilhos que mancham o resultado final além do próprio desempenho da transmissão. O ESP só desliga abaixo dos 50 km/h; a direcção é demasiado assistida é bastante vaga, por isso pouco informativa e, o que é pior, sensível aos ressaltos mais notórios e às solicitações mais exigentes do trem dianteiro, obrigando a que se segure com firmeza o sobredimensionado volante com secção inferior plana para que não seja este a escolher o rumo a tomar.

A originalidade da forma continua a ser um atributo do DS5, de facto uma proposta que se destaca facilmente da generalidade do panorama automobilístico actual na classe dos familiares médios

De resto, o DS5 mantém-se igual a si próprio. Às linhas ousadas da carroçaria junta-se um habitáculo que faz lembrar um cockpit, com quatro lugares com um bom encaixe, de que sou especial apreciador, mesmo reconhecendo que a profusão de botões na consola central e tejadilho confirma esta analogia, mas não será já a solução mais prática e ergonómica; do mesmo modo que a posição de condução é um pouco elevada e a visibilidade traseira bastante reduzida.

Pelo contrário, a maioria dos materiais é de boa qualidade, tal como os respectivos acabamentos montagem. Os bancos eléctricos em pele da unidade ensaiada oferecem um apreciável apoio lateral; a habitabilidade atrás é generosa para dois ocupantes (devido à configuração do banco) e só o tejadilho em queda acentuada em direcção à traseira poderá colocar alguns constrangimentos a aí viajarem passageiros de maior estatura. Quanto à bagageira, a sua capacidade não merece reparos de maior, mas o acesso elevado priva que, também aqui, a forma se sobrepôs à função.

Em Portugal, o DS5 com motor 2.0 BlueHDi de 180 cv só é proposto com o nível de equipamento Sport Chic mais generoso da família, o que significa que é bastante completo nesta matéria, mas que o preço a pagar não é dos mais acessíveis: €45 655. Seja como for, não deixa de ser um automóvel bastante agradável de utilizar e, inequivocamente, diferente do que por norma é proposto neste segmento.

O tejadilho panorâmico conta com três cortinas operáveis electricamente: uma que cobre a zona reservada aos ocupantes traseiros, e duas sobre cada um dos lugares dianteiros