Porsche Design assume as rédeas
A Porsche Design revelou oficialmente esta semana aquilo que já se vinha falando nos bastidores: que iria cortar o cordão umbilical que a associava à Eterna para passar a assumir inteiramente a produção da sua coleção de relógios. No mesmo dia do anúncio estivemos com o novo responsável do pólo relojoeiro da Porsche Design, o general manager Gerhard J. Novak, e ouvimos as razões que determinaram um novo rumo para a marca.
Na passada segunda-feira, a Eterna e a Porsche Design anunciaram o fim de uma parceria que durava desde o final da década de 1990 – quando a família Porsche, muito devido à enorme paixão do lendário Professor F. A. Porsche (autor das linhas do 911) por relógios, comprou a histórica marca Eterna e passou aí a produzir os relógios da marca. Entretanto, no pretérito ano a família Porsche vendeu a Eterna ao China Haidian Group (que já inclui a Corum) e tomou a decisão estratégica de passar a assumir o controlo de todas as etapas de fabrico após um período de transição.
Curiosamente, ao mesmo tempo que era divulgado um press release internacional a dar conta do término da parceria entre a Eterna e a Porsche Design, o novo responsável pelo departamento relojoeiro da Porsche Design estava em… Cascais, onde apresentou a nova estratégia da marca ao seu distribuidor em Portugal (a Torres Distribuição) e aos retalhistas.
Foi a oportunidade ideal para falar com Gerhard J. Novak e auscultar os planos da Porsche Design para os próximos tempos. «A decisão de concluir a parceria foi simples», explicou. “Aquilo que fazemos no departamento relojoeiro está evidentemente associado à estratégia global da marca – e a estratégia da marca é fazer crescer o negocio nas suas categorias principais, que são a parte de moda que inclui roupa, calçado, óculos de sol e acessórios, a parte dos sacos e malas de viagem, e os relógios. E não foi por acaso que a história da marca Porsche Design começou com um relógio em 1972, foi um relógio que abriu caminho para toda uma gama de produtos que veio depois e tínhamos de ter a certeza que o departamento relojoeiro, que foi essencial no desenvolvimento da marca, terá um futuro ainda mais positivo. Ao dizer futuro mais positivo que quero afirmar que não fomos bem sucedidos com o nosso anterior parceiro de licenciamento – mas a indústria relojoeira é extremamente competitiva e é necessário programar as coisas a longo prazo. É preciso consistência e sustentabilidade, fazer as coisas com muita dedicação. Quando há uma situação de licenciamento como a que tínhamos, isso significa que temos de ter alguém a fazer as coisas por nós. Mas se olharmos atentamente para o que se passa na indústria, todas as marcas de grande sucesso fazem tudo em casa e não envolvem mais ninguém. Tivemos parceiros de licenciamento durante os 42 anos da história da marca Porsche Design; agora queremos fazer as coisas nós pelo menos durante os próximos 42 anos de modo a cimentar ainda mais a marca Porsche Design no mundo dos relógios”.
A ideia é formar uma manufatura própria na Suíça, que está já a ser preparada com alguns profissionais de topo do sector – e prevê-se que o primeiro relógio Porsche Design concebido e construído totalmente sob a égide da marca seja apresentado no final de 2014 – após parcerias históricas que começaram em 1972 com a Orfina, passaram pela IWC sobretudo nos anos 80 e que continuaram durante quase duas décadas com a Eterna. Haverá um período de transição de cerca de ano e meio em que a Eterna continuará a produzir as linhas existentes e a fornecer o apoio técnico no serviço de pós-venda, mas findo esse espaço de tempo a Porsche Design irá descolar definitivamente para uma nova fase no seu historial. Mandendo essas mesmas linhas (Dashboard, Flat Six, Diver, Worldtimer, reedições históricas sob a chancela Heritage) e juntando-lhes novos produtos.
“Actualmente contamos com mais de 150 boutiques Porsche Design em todo o mundo e o objectivo é chegar às 300 em menos de dois anos», anunciou ainda Gerhard J. Novak. «E depois temos a rede de retalho tradicional, sendo que o mercado europeu é para nós presentemente o mais forte – a começar pela Alemanha e com grande destaque em Portugal graças ao excelente trabalho produzido pela Torres Distribuição. Estamos absolutamente convictos de que estamos a tomar as decisões ideais para o futura da marca e que o consumidor final será o grande beneficiado!”.
