Espírito de conquista
Sob a batuta do seu novo CEO, a TAG Heuer tirou quatro trunfos da manga no final do ano passado: estreou uma nova unidade de produção, desvelou um novo calibre cronográfico, inaugurou uma nova boutique e concluiu a celebração do 50.º aniversário do Carrera com uma festa de arromba. Relato do périplo e a opinião de Stéphane Linder, numa entrevista publicada na última edição da Espiral do Tempo.
Quando foi anunciado que o carismático Jean-Christophe Babin abandonaria a direção da TAG Heuer para ocupar outro lugar de destaque no grupo LVMH, a questão imediata que se colocou prendia-se com a capacidade de o seu sucessor apresentar uma personalidade à altura e continuar a notável obra expansionista que vinha sendo realizada. Com a promoção de Stéphane Linder, que detinha o cargo de responsável da marca nos Estados Unidos, a CEO, os mais indefetíveis aficionados da TAG Heuer ficaram descansados: trata-se de um homem da casa, que conhece os terrenos que pisa como a palma da mão, e que é profundo sabedor de todas as etapas técnico-industriais da construção de um relógio. Para mais, a carreira americana aguçou-lhe os instintos de marketing.
Em Chevenez Stéphane Linder deu a conhecer o novo polo industrial da marca e o novo movimento cronográfico de manufatura, batizado Calibre 1969 em homenagem ao lendário Calibre 11-Chronomatic, que foi apresentado em 1969 como o primeiro calibre cronográfico automático do mundo (a par do El Primero da Zenith).
Stéphane Linder partilhou connosco a sua visão para a marca que lidera e o primeiro destaque foi para o novo Calibre 1969: “Geralmente, quanto maior for a reserva de corda, maior é a espessura de um calibre. A relação espessura/reserva de marcha do Calibre 1969 é das melhores do mercado. Atualmente, o mecanismo cronográfico de grande produção industrial mais fino que conheço é o 2894 da ETA, que nem é um calibre integrado – é um movimento com módulo de cronógrafo – e é um pouco mais fino do que o nosso com os seus 6,2 mm, mas só tem 42 horas de reserva. A relação que o Calibre 1969 apresenta é o grande elemento de diferenciação e podemos utilizá-lo em modelos mais elegantes; para além disso, trata-se de um calibre de gama alta com a sua roda de colunas e embraiagem vertical. Podemos utilizá-lo em mostradores de três ou dois contadores, podemos utilizá-lo futuramente no Monaco. O primeiro preço dos relógios com o novo Calibre 1969 será à volta de 5 000 euros, um pouco mais alto do que os do Calibre 1887, pela sua reserva de marcha superior e caraterísticas de gama alta. Com o Calibre 1969 e o Calibre 1887, almejamos tornar-nos na maior marca produtora de cronógrafos. Mas ainda vamos recorrer a alguns calibres exteriores e ainda fazemos algumas especialidades com a Dubois-Dépraz, como o módulo regatta”.
Vai-se manter a política de expansão de espaços próprios? «Há algumas semanas, abrimos uma boutique TAG Heuer em Frankfurt. Agora, inaugurámos a do Boulevard des Capucines; a boutique dos Champs-Elysées é ainda maior e abre agora em dezembro. E a de Nova Iorque, na Quinta Avenida, também é muito importante. Ao todo, são 180 boutiques em 57 países, para além de várias shop-in-shop, como a do El Corte Inglés, em Lisboa».
O que mudou com a ascensão ao posto de CEO? “A minha vida não mudou. O cargo sim, e o meu trabalho tornou-se ainda mais interessante; existe a motivação de fazer coisas e sinto-me extremamente bem – tenho paixão pelo que faço e agora até posso exercer todas as funções dentro da marca. A nomeação foi um presente soberbo e estou muito feliz”.
Relativamente ao antecessor, haverá continuidade ou um novo caminho? “Continuidade, porque, afinal de contas, e mesmo antes do Jean-Christophe se tornar CEO, fiz parte de todos os projetos. Tem estado tudo a evoluir muito rapidamente, subimos de gama. Talvez a continuidade mude um pouco, porque entretanto atingimos a maturidade e temos unidades de produção equipadas com máquinas extremamente versáteis que nos dão flexibilidade de produção”.