A Fórmula 1 ou o início de todas as coisas…
A época do desporto automóvel começa quando a F1 começa. Parece estranho, mas não é. Faz lembrar a época dos salões automóvel: o primeiro é o de Detroit, mas, na realidade, o sector automóvel escolhe Genebra todos os anos para a rentrée. São hábitos, por assim dizer.
Nas corridas, há todos os anos as 24 horas de Daytona para abrirmos o ano, mas, apesar de, ultimamente, os portugueses dedicarem um pouco mais de atenção a esta, prova porque há pilotos nacionais envolvidos na luta pelos lugares da frente, na verdade, só quando se vai para Down Under é que os adeptos reparam na imprensa da especialidade. Agora, neste fim de semana, chegou a hora da partida.
Certo, temos também as 12 Horas de Sebring, com o João Barbosa e o Filipe Albuquerque com todas as chances de vitória ao scratch, mais o Pedro Lamy e o Rui Águas para ganhar a classe. Mas… aquilo é muito longe! E temos o prólogo do Mundial de Construtores, em Paul Ricard, e a primeira prova do Mundial de MotoGP, no Qatar, com o nosso Miguel Oliveira, um “44” diferente! Por cá, temos a primeira prova do Nacional de TT, mas… isso só interessa, na realidade, aos insiders, depois também do primeiro round do Nacional de Ralis.
Tudo isto para explicar que há muito movimento nas diversas categorias e disciplinas do desporto motorizado, mas, a sério, a sério, só há mesmo cobertura mediática internacional com a F1 e o MotoGP, que, infelizmente, se iniciam na mesma altura – felizmente, devido à diferença horária entre Manama e Melbourne, vai dar para seguir ambos os eventos.
Mas venhamos à F1, a tal que divide os rapazes dos homens. Entramos este ano na terceira época consecutiva, e também a última, antes da mudança de regulamento técnico, com as bases que, a meu ver, vão dar continuidade ao domínio da Mercedes. O qual foi avassalador em 2014, afrouxou um bocadinho no ano passado, mas penso que este ano, embora o fosso entre a marca de Stuttgart e a Ferrari (as outras não contam, a não ser em condições absolutamente anormais ) seja menor no papel. Eu não acredito em milagres, e os resultados em corrida não devem ser muito diferentes dos anos anteriores, embora, na qualificação (este ano muito mais complicada e difícil de seguir para quem não tiver um curso superior…), a casa de Maranello possa estar mais perto dos alemães.
Ah, já me esquecia: a Red Bull mais uma vez ameaçou que se retira se não tiver motores competitivos, embora eu pense que não os terá enquanto lá estiver o Dr. Marko. Há, também, uma equipa nova norte-americana, a Haas, que só vai dar nas vistas no bairro deles; a Renault, que comprou a Lotus e corre com dois pilotos que têm nome pelo que os respectivos pais fizeram; mais a Manor, com um indonésio e um alemão, dois estreantes na categoria máxima. E, já agora, o dono da Force India está com grandes problemas fiscais e mais outras coisas (mas isto não é nada de novo na F1); a Sauber tem grandes dificuldades de cash flow, o que também não é grande novidade; a Williams está muito bem, pois tem lá, de uma forma indirecta, Toto Wolff a tomar conta da equipa e da caixa registradora; a Toro Rosso vai indo ao sabor do vento da casa mãe, com a ajuda de um motor Ferrari do ano passado, que é suficientemente bom para fazer os miúdos Verstappen e Sainz (olha outros com nomes de pais famosos…) dar nas vistas.
Ora, deixa cá ver se me esqueci de alguém… Ah, quase que esquecia a McLaren, mas esta não risca nada, apesar de ter dois campeões mundiais na equipa, Alonso e Button. Analogamente à Red Bull, a McLaren, enquanto lá tiver aquele que foi o grande obreiro do sucesso da marca, mas também o seu coveiro mais recentemente, Ron Dennis, está absolutamente inerte, pese o esforço técnico e financeiro da Honda. Há equipas em que o problema maior é humano, mas aí vamos para foros psicológicos e psíquicos, e isso… é muita areia para as camionetas dos fans. E, pronto, era só…
Domingos Piedade