Alfa Romeo Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech

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Alfa Romeo Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech

Alfa Romeo Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech

Na actual oferta da cada de Arese em Portugal, o Alfa Romeo Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech aqui em ensaio posiciona-se logo abaixo da versão de topo, mas acaba por ser a mais dotada variante da família, entre as equipadas com este motor, uma vez que o nível Veloce apenas é proposto nas opções de tracção integral Q4, com os motores 2.0 turbodiesel de 210 cv, ou 2.8 turbo a gasolina de 280 cv. Trata-se, deste modo, de uma opção por demais interessante para quem pretende adquirir o familiar italiano numa configuração não excessivamente onerosa, com custos de utilização contidos, uma boa dotação de equipamento de série e a exclusividade sempre inerente a uma série especial.

Tal como acontece com o seu “primo” Stelvio (veja o ensaio ao modelo aqui), o Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech (acrónimo de Black Tech) começa por diferenciar-se os seus parceiros de gama pelos elementos em preto na carroçaria que justificam a sua designação comercial. A saber: moldura da grelha frontal, caixas dos espelhos, molduras das janelas e emblema Giulia na tampa mala – a que se juntam as jantes polidas de 18” (na unidade testada substituídas por umas de 19”, com pneus mais largos atrás). De resto, mantêm-se intocadas as soberbas linhas exteriores, que garantem à berlina transalpina um apelo visual praticamente irresistível, e a diferenciam notoriamente de qualquer outra proposta existente no mercado neste segmento.

Os anos passam, mas continua a ser difícil resistir aos encantos das linhas do Alfa Romeo Giulia, uma proposta única na sua classe também neste particular

O interior, de uma forma geral, também exibe os principais atributos e defeitos conhecidos das restantes versões do Giulia. Ou seja, e no primeiro caso, uma qualidade geral em franco progresso face ao habitual na marca; a posição de condução quase perfeita; o volante com excelentes dimensões e pega; e a óptima habitabilidade em todos os lugares, com destaque para o amplo espaço disponibilizado para as pernas dos ocupantes do banco traseiro. Sendo o seu maior senão os perfectíveis pormenores de construção ditados por uma montagem menos perfeita, e por uma escolha de materiais que devia ser mais criteriosa, ao conjugar plásticos de apreciável qualidade com outros que não o são tanto, sendo o exemplo maior disso mesmo o utilizado no joystick que serve de comando da caixa de velocidades.

No habitáculo, os elementos que fazem a diferença na versão B-Tech do Giulia são os cómodos bancos parcialmente revestidos a pele, com secção central em tecido de efeito anti-deslizante, dotados de regulações eléctricas na frente (com três memórias de posição no caso do condutor); o sistema de infoentretenimento já com ecrã de grandes dimensões de 8,8”, com uma legibilidade bastante superior ao de 6,5” (ainda assim, mais pequeno do que os maiores da classe); o ecrã informativo a cores de 7” no painel de instrumentos; o botão de arranque do motor, colocado no volante, em preto. E ainda a inclusão, no equipamento de série, do cruise control adaptativo com travagem automática e dos faróis bi-Xénon.

O design interior é, pelo menos, tão cativante quanto as linhas da carroçaria

De resto, o Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech é aquilo que já se conhece, o que, neste caso, nada tem de criticável – bem pelo contrário. O motor turbodiesel de 2,2 litros exibe um funcionamento suave, ainda que não tão silencioso quanto o desejável em termos de ruído, o que é tanto mais evidente quanto mais elevado for o seu regime de funcionamento e a carga sobre o acelerador. Em compensação, o seu generoso rendimento (tendo ganho 10 cv face ao que oferecia quando do lançamento do Giulia) traduz-se numa resposta pronta e decidida num amplo leque de regimes, ou seja, numa operação progressiva e linear, que em muito contribui para um elevado agrado de utilização.

Para tal concorrem, também, quer a suave e rápida caixa automática de oito velocidades (pena que a Alfa Romeo teime em oferecer as patilhas no volante, para comando manual em sequência da mesma, apenas como opção – felizmente que as suas generosas dimensões as tornam fáceis de utilizar mesmo nas situações mais exigentes), quer as prestações por demais interessantes, que não condicionam a adopção de ritmos mais acelerados. Neste particular, bastará referir que os valores obtidos são apenas ligeiramente inferiores ao alcançados pela variante de tracção integral e 210 cv, com os 0-100 km/h a serem cumpridos em menos de oito segundos, o quilómetro de arranque em 28,6 segundos e as recuperações a alcançarem patamar igualmente meritório.

Não menos importante, os óptimos consumos que o Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech permite alcançar em estrada e auto-estrada, em especial a velocidades minimamente estabilizadas e dentro dos limites legalmente estabelecidos, abaixo dos 5,0 l/100 km e dos 6,0 l/100 km, respectivamente. Em cidade, o registo também é convincente para um automóvel com estas características (8,6 l/100 km), sendo, porventura, ainda mais apelativo o facto de, até a ritmos mais intensos, a média tender a ficar na casa dos 10,5 l/100 km.

Estar ao volante do Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech é uma tarefa deveras prazenteira, seja em que circunstâncias for

Usufruindo do châssis mais ágil e reactivo da classe, o Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech brilha ao mais alto nível no capítulo do desempenho dinâmico, ganhando um adicional de estabilidade com as referidas jantes opcionais de 19”, revestidas por pneus traseiros mais largos do que os dianteiros. A direcção extraordinariamente directa e precisa compensa uma “brecagem” algo reduzida, sendo decisiva para uma rapidez, uma acutilância e uma precisão na inscrição em curva sem igual neste segmento, que torna a condução numa toada mais desportiva tão envolvente quanto viciante. A lamentar, apenas, que o imediatismo das reacções não possa ser totalmente aproveitado pelo extra de agilidade que o eixo traseiro vivo q.b. poderia oferecer aos mais virtuosos caso fosse possível desligar o controlo de estabilidade…

Ainda assim, tal não é suficiente para que estar ao volante do Giulia deixe de ser uma experiência por demais gratificante, não só pelo seu brilhantismo em traçados sinuosos, como pela sua grande estabilidade a alta velocidade, em recta como em curva, com o opcional sistema de travagem mais potente, identificado pelas pinças de vermelhas, a assegurar o grau de confiança sempre necessário quando se adopta uma condução mais empenhada, e a caixa a só trocar de mudança quando a isso instada pelo condutor quando se selecciona o seu modo de funcionamento manual e se escolhe o modo de condução Dynamic. E que não temam os carentes de uma utilização mais familiar: a suspensão evoluída e primorosamente afinada garante um grande nível de conforto, mesmo quando a qualidade do psio não é a melhor.

Pleno de atributos que é praticamente impossível não valorizar, e contando com a distinção e exclusividade adicionais sempre associadas a uma série especial, o Giulia 2.2 TD 190 cv Auto B-Tech é um familiar de médio porte a que é difícil ficar indiferente quando o objectivo é conjugar as exigências óbvias numa proposta deste género com um prazer de condução de nível superior. O equipamento de série, apesar de extenso, não deixa de apresentar algumas lacunas, especialmente quando comparado com o oferecido pelo Stelvio B-Tech (veja-se o lote de extras instalados na unidade testada, alguns dos quais bem podiam, e deviam, ser incluídos de série), mas esse é um óbice que o competitivo preço  de €52 231 de acaba por compensar, e mais ainda enquanto durar a campanha que a Alfa Romeo tem em vigor em Portugal para este modelo, e que atribui ao mesmo um desconto directo de €5000.