Ao volante do novo Hyundai Bayon já em estradas portuguesas
O Bayon é nada menos do que oitavo dos catorze (!) novos modelos que a Hyundai tem previsto lançar no mercado durante o ano de 2021. O mais recente SUV destinado ao segmento B da marca sul-coreana foi já descrito em detalhe pela Absolute Motors quando da sua apresentação (saiba tudo aqui), mas volta a ser protagonista porque as suas vendas se iniciam já em Junho, e porque chegou, enfim, o momento de um primeiro contacto dinâmico, mesmo que breve, com o mesmo em estradas portuguesas, uma espécie de “aperitivo” para um teste completo a realizar dentro de pouco tempo.
Em jeito de introdução, será útil começar por posiocionar o Bayon no seio da família Hyundai: situa-se na base da respectiva oferta de SUV, e entre o i20 (com o qual partilha a plataforma) e o bem-sucedido Kauai, em termos de gama global. Para já, é proposto apenas com o motor a gasolina 1.0 T-GDi já conhecido também desses dois modelos (ainda que com os mesmos 100 cv com que é utilizado no i20, ao passo que o Kauai faz uso da sua versão de 120 cv), combinado de série como uma caixa manual de seis velocidades, mas podendo dispor, em opção, da caixa pilotada DCT de dupla embraiagem e sete relações. Caso o mercado assim o exija, o importador nacional da Hyundai está, igualmente, pronto para lançar entre nós uma variante do Bayon equipada com o motor 1.2 MPi de 84 e caixa manual de cinco velocidades, que poderia ser €1500-2000 mais barata, embora não seja, para já, essa a sua estratégia.
Os mais atentos não deixarão de fazer notar, neste ponto, que Bayon e Kauai não serão automóveis assim tão distintos, pelo menos no porte, uma vez que o novel SUV da Hyundai, com 4180 mm de comprimento, 1775 mm de largura, 1500 mm de altura e 2580 mm de distância entre eixos, perde apenas 25 mm em comprimento, 5 mm em largura, 50 mm em altura e 20 mm entre eixos para o seu “irmão” de gama (curiosamente, a altura ao solo é de 183 mm, contra 170 mm no Kauai). Não obstante, as razões para a casa de Seul contar com duas propostas tão próximas numa mesma classe acabam por ser simples: o peso que este segmento na Europa tem vindo a assumir é tal, que, mais do que concorrerem entre si, o objetivo da Hyundai é que Bayon e Kauai se complementem e reforcem a sua presença no mesmo, sendo o primeiro mais acessível e menos extremo no plano estilístico, e o segundo mais ousado esteticamente e mais dotado (e diversificado) mecanicamente.
Não significa isto que o Bayon deixe de contar com uma aparência muito original, bem pelo contrário. Sendo importante destacar, do mesmo modo, que a fotogenia não é o seu principal atributo: quando observado ao vivo, e, sobretudo, integrado no restante parque circulante, o seu visual exterior é bem mais convincente e apelativo do que em fotografia, parecendo, até, maior do que aquilo que é na realidade. Neste ponto, os principais elementos a reter serão a grelha frontal de generosas dimensões, as esguias luzes diurnas por LED, e os pilares traseiros e farolins posteriores em forma de seta, este últimos unidos por uma faixa luminosa.
Já no habitáculo são mais notórias as semelhanças face ao i20, patentes, por exemplo, no painel de instrumentos digital configurável de 10,25”, ou no ecrã de 8” do sistema de infoentretenimento. A habitabilidade é bastante generosa, assim como a bagageira, neste particular merecendo referência especial o espaço oferecido às pernas dos ocupantes do banco traseiro, e a capacidade da mala, que varia entre 411-1205 litros, contras os 374-1156 litros disponibilizados pelo Kauai. Quanto à construção, e como é típico da Hyundai a este nível, os plásticos são, na sua maioria, duros, característica que a montagem rigorosa e a perfeição dos acabamentos compensam para garantir um apreciável nível de qualidade geral.
O primeiro contacto dinâmico com o novo Bayon contemplou cerca de meia centena de quilómetros na região de Cascais, a bordo da uma versão com caixa DCT, e acabou por incluir um leque suficientemente diversificado de situações para tornar possível perceber quais os seus principais atributos nesta matéria. Usufruindo um deveras correcto posto de condução, com bancos bastante cómodos e com um muito razoável apoio lateral, quem estiver ao volante começará por apreciar o funcionamento silencioso e extremamente suave do motor de três cilindros com injecção directa e turbocompressor, assim como a progressividade da sua resposta, em boa parte assegurada por um binário máximo de 172 Nm, que se mantém constante entre as 1500-4000 rpm.
A caixa pilotada, as mais das vezes, cumpre com brio a sua função, pese embora, nas situações mais exigentes, por vezes exiba algumas hesitações não encontradas em outros modelos da marca com a mesma combinação de motor/transmissão. A avaliação dos consumos, essa, terá de ficar para uma futura oportunidade, embora seja de antever não difiram muito dos registados pelo i20 equipado com a mesma mecânica, acabando por ser outra das qualidades do modelo (os valores de homologação aonda não foram divulgados pela Hyundai).
Assim sendo, e em meio urbano, o Bayon 1.0 T-GDi 7DCT desloca-se de forma suave e muito agradável, com a correcta afinação da suspensão, mesmo com pneus de medida 205/55R17, a garantir um elevado conforto, inclusive em pisos mais degradados. Aliás, a facilidade e o agrado de condução são mesmo um trunfo sempre presente, tanto em auto-estrada, onde sobressaem o bom isolamento acústico e a estabilidade a velocidade mais elevadas, como em traçados mais sinuosos, em que é possível perceber o controlo eficaz dos movimentos da carroçaria. Como todos os Bayon contam com selector de modos de condução, a opção Sport (existem ainda os modos Eco e Normal) é especialmente útil para conferir um pouco mais de tacto à direcção, a qual, mesmo assim, não deixa de ser um pouco vaga e pouco informativa.
Aumentando um pouco ritmo, o Bayon denota um adornar em curva ligeiramente superior ao do i20, mas nunca de molde a condicionar a facilidade de condução, já que o bom acerto do châssis traduz-se em reacções neutras na generalidade das circunstâncias, passando a ser ligeiramente subvirador nos limites, tendência que a electrónica de imediato corrige de forma eficaz (embora seja sempre possível inibir o funcionamento tanto do controlo de tracção, como do próprio ESP).
Em resumo, o novo Bayon mostrou ser um automóvel bastante racional, com as competências necessárias para conquistar adeptos num segmento em crescendo de popularidade. O preço de €20 200 (€21 800 com caixa DCT) está a meio caminho entre os €18 300 pedidos pelo i20 equivalente, e os €22 400 que custa um Kauai equiparável, existindo um único nível de equipamento Premium, que já inclui soluções como ar condicionado automático, cruise control, iluminação ambiente por LED, retrovisores rebarstiveis electricamente, sensores de luz e chuva, assistente de máximos, sensores de estacionamento traseiros, alarme e um leque abrangente de dispositivos de segurança (seis airbags, travagem autónoma de emergência, assistência à manutenção na faixa de rodagem, alerta de fadiga do condutor e alerta de passageiros no banco traseiro, entre outros). Atá final de Junho, está em vigor uma campanha de lançamento que não só permite adquirir o Bayon a um preço promocional de €18 700 (vinculado ao financiamento de marca), como inclui a oferta do tejadilho contrastante pintado de preto.