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As emissões de óxidos de azoto dos automóveis

Artigo
As emissões de óxidos de azoto dos automóveis

Nos centros urbanos em Portugal, a qualidade do ar tem vido a melhorar. Por exemplo, em Lisboa, nos anos de 2013 e 2014, já não se verificaram ultrapassagens aos valores-limite fixado relacionados com as partículas inaláveis (PM10). Porém, um outro poluente, o dióxido de azoto, apesar das suas concentrações terem vindo a diminuir, continuam acima da média anual permitida em locais como a Avenida da Liberdade em Lisboa. Nos locais onde os elevados níveis se verificam, não existem quaisquer dúvidas que a principal responsabilidade cabe ao tráfego rodoviário.

Vale a pena perceber donde vêm estas emissões – o combustível (gasóleo ou gasolina) têm azoto na sua constituição. Por outro lado, as reações de combustão, quanto maior for a temperatura, maior é a energia disponível para “romper” a forte ligação que une os dois átomos de azoto que constituem a molécula de azoto que representa 78% do ar. Nestas circunstâncias, os átomos de azoto combinam-se com o oxigénio e resultam os óxidos de azoto (o monóxido de azoto (NO) e o dióxido de azoto (NO2). Os óxidos de azoto emitidos pelos motores dos veículos, são depois transformados no catalisador em azoto livre, mas a eficiência não é tanta quanto a desejada. Mais ainda, os veículos a gasóleo, pela forma como se dá a combustão (iniciada por compressão), emitem mais óxidos de azoto.

O monóxido de azoto não é prejudicial à saúde humana. O problema é que este composto pode ser facilmente oxidado e passar a dióxido de azoto, quer por reação com o oxigénio, quer com o ozono que também existe à superfície terrestre. O dióxido de azoto é já um poluente que no curto e longo prazo pode provocar lesões, reversíveis ou irreversíveis, nos brônquios e nos alvéolos pulmonares, edema pulmonar e, em concentrações mais fracas, bronquite crónica e enfisemas, podendo ainda diminuir o sistema imunitário. Para além destas consequências, os compostos de azoto afetam também os ecossistemas e a vegetação – são precursores do ozono, que à superfície afeta a saúde humana e a vegetação, contribuem para o excesso de nutrientes nos sistemas aquáticos (eutrofização) e também contribuem para a acidificação (onde se incluem as chuvas ácidas).

Se o dióxido de carbono proveniente dos veículos, responsável pelo aquecimento global e consequentes alterações climáticas, é um desafio que está diretamente ligado a uma maior eficiência do veículo no que respeita ao consumo de combustível; se as emissões de partículas, apenas nos veículos a gasóleo, se têm vindo a resolver através de filtros de partículas que mesmo assim ainda causam problemas, havendo modelos de automóveis que exigem uma condução em autoestrada de tempos a tempos para as queimar a temperaturas mais elevadas, resultado de uma condução a maior velocidade – os óxidos de azoto são um desafio muito mais complicado, pois garantir um catalisador eficiente para assegurar a redução destes compostos a azoto livre não é fácil. Apesar da evolução tecnológica, este é enorme desafio ainda pela frente na diminuição das emissões atmosféricas pelos veículos automóveis.

Francisco Ferreira
Quercus

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