Automóveis do Passado: Fiat Uno
Esta secção visa evocar e homenagear automóveis que no passado tenham feito história ou que tenham marcado uma época na indústria automóvel.
São cada vez mais raros na estrada mas o facto é que ainda existem por aí uns quantos resistentes: falamos do Fiat Uno, modelo que surgiu em 1983 com a árdua tarefa de substituir o 127. Para início de história, importa referir que as expectativas dos responsáveis da marca de Turim eram elevadas, motivo pelo qual se escolheu um local icónico para a sua apresentação à imprensa mundial – o Cabo Canaveral, na Florida, ponto de onde partiram algumas das mais bem-sucedidas missões espaciais da história da Humanidade. O pequeno Uno não era espacial mas as suas formas revelaram-se um sucesso a todos os níveis. Já lá iremos…
O projecto iniciou-se ainda na década de 1970, tendo a marca comissionado dois estudos de desenho para um novo utilitário de pequenas dimensões. Em cima da mesa ficaram duas propostas: o 143 e o 144. O primeiro saiu do Centro Stile Fiat por Pier Giorgio Tronville e o segundo do estúdio ItalDesign de Giorgetto Giugiaro. Acabou por ser este último o escolhido, em Dezembro de 1979, embora a Fiat exigisse um crescimento de 12 cm no comprimento para melhorar a habitabilidade. A produção iniciou-se, então, em 1982, ocorrendo depois a tal apresentação mundial nos Estados Unidos da América, em Janeiro de 1983.
Simplicidade como chave
O conceito do Uno era simples: motor de pequenas dimensões e montado em posição transversal, tracção dianteira e suspensão tipo MacPherson com mola helicoidal no eixo dianteiro, usada também no traseiro, mas aqui associada a eixo de torção. O interior primava pela simplicidade e pelo espaço adequado para as necessidades do quotidiano, o mesmo sucedendo com a bagageira.
As motorizações variadas e económicas (para a época) contribuíram para o sucesso comercial, surgindo de início com três blocos a gasolina: 903 cm3 de 45 cv, 1116 cm3 de 55 cv e outra de 1301 cm3 com 68 cv. Estes compunham o cerne inicial da gama Uno, dividida em três designações 45, 55 e 70 que seguiam o valor da potência. Pouco depois surgiu a versão Diesel com motor 1.3 de 45 cv que preenchia um segmento de mercado cada vez mais procurado.
A fama do Uno cresceu ainda mais com o aparecimento da almejada variante desportiva Turbo i.e., munida de um bloco 1.3 com turbocompressor IHI, intercooler e injecção electrónica capaz de debitar 105 cv. Foi esta variante que fez as delícias dos amantes da condução na época, que viam no pequeno utilitário uma espécie de “pocket rocket”. Mais tarde, o Uno foi revisto esteticamente e a sua gama cresceu com o motor Fire de um litro de 45 cv e Turbodiesel de 70 cv, além de outras variantes de potências que se tornaram disponíveis nos mais variados mercados.
A verdade é que o Uno se tornou num sucesso para a Fiat, com mais de seis milhões de unidades produzidas. A produção em Itália terminou em 1995, mas daí seguiu para a Polónia por mais alguns anos, embora em variantes muito limitadas de gama. A sua história, contudo, não está finalizada. Através da filial brasileira, para a qual o Uno foi bastante importante, surgiu em 2010 uma nova geração do pequeno utilitário – o Novo Uno -, que ainda hoje se encontra à venda naquele país da América do Sul.