Citroën C5 Aircross 1.2 PureTech 130 Feel Pack

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Um elemento há que caracteriza, desde logo, o Citroën C5 Aircross 1.2 PureTech 130 Feel Pack aqui em análise: o ser o maior dos SUV da marca do double chevron, e o seu modelo de topo, ao mesmo tempo que monta um dos mais pequenos motores, ainda que não o menos potente, existentes no banco de órgãos do Grupo PSA, no caso combinado com uma caixa manual de seis velocidades. Uma contradição apenas aparente, já que o brio do pequeno três cilindros a gasolina de 130 cv é suficiente para fazer desta uma proposta muito competente, que tem, ainda, a seu favor o ser proposta a um preço bastante competitivo, nomeadamente quando comparado com os seus irmão animados por motorizações mais poderosas.

O visual exterior é o que se conhece: muito jovial e marcado por uma inequívoca originalidade, graças a formas diferenciadoras, na linha do introduzido pela nova identidade estilística da marca gaulesa, e que lhe garantem um porte substantivo, mas ligeiro, assim como um ar aventureiro. Existem várias possibilidades de personalização, mas as jantes de 18” são de série, e contribuem de forma decisiva para um resultado final francamente apelativo.

O C5 Aircross continua a impor-se por uma imagem original, arrojada e jovial, na linha da mais recente filosofia estilística da Citroën

Assente na plataforma modular EMP2 do conglomerado francês (que recentemente se fundiu com a FCA, assim dando origem à nova Stellantis), o C5 Aircross usufrui, também por isso, de uma habitabilidade que, sem ser uma referência na classe, é suficiente para satisfazer as exigências da maioria dos seus potenciais compradores. Tanto mais que à mesma se associam diversos recursos essenciais para incrementar a versatilidade, em especial os três bancos individuais traseiros, com a mesma capacidade de albergar passageiros adultos (graças à ausência de túnel de transmissão): colocados num plano mais elevado do que os dianteiros, favorecendo a visibilidade para o exterior de quem os ocupa, são rebatíveis individualmente, e cada qual conta com regulação inclinação das costas (19°-26,5°) e longitudinal do assento (150 mm).

Uma solução que permite ajustar a capacidade da bagageira e o espaço para pernas traseiro às necessidades do momento, ainda que, quando colocados na sua posição mais avançada, nestes bancos só seja possível o transporte de crianças nas respectivas cadeirinhas. A propósito da mala, saliente-se que disponibiliza uma generosa capacidade, a variar entre 580 litros quando os bancos traseiros estão na sua posição mais recuada; 720 litros quando estes estão na sua posição mais avançada; e 1630 litros quando os mesmos estão rebatidos. A facilitar o transporte de bagagens estão, igualmente, o favorável plano de carga, que garante um óptimo acesso à bagageira, e o piso duplo.

O espaço atrás é bastante aceitável, os três bancos individuais traseiros reguláveis, deslizantes e rebatíveis incrementam substancialmente a funcionalidade

Ainda no interior, se é indesmentível que a qualidade da maioria dos materiais é não mais do que mediana, e que alguns plásticos utilizados são, de facto, pouco nobres, a decoração, que replica boa parte dos motivos geométricos aplicados na carroçaria, apela está em perfeita sintonia com o visual exterior, contribuindo para um ambiente a bordo muito agradável e convincente. Veja-se os bancos tipo poltrona, com um padrão delicioso e aplicações na cor da carroçaria, deveras confortáveis e com um aceitável apoio lateral.

Bancos estes que, na frente, e a par da correcta ergonomia, também contribuem para um posto de condução bastante acolhedor, dominante e com ampla liberdade de movimentos. Usufruindo o condutor do C5 Aircross, igualmente, de um volante com óptimas dimensões e pega, da perfeita colocação do punho da alavanca de comando da caixa de velocidades, do muito legível painel de instrumentos digital configurável, e do completo sistema de infoentretenimento, intuitivo e senhor de um apelativo grafismo, pecando, somente, por uma resposta algo demorada.

Interior com aparência a condizer com as linhas exteriores, versatilidade em alta e completo equipamento de série

Do suave, silencioso e solícito motor PureTech de 1,2 litros, 130 cv e 230 Nm, o melhor que se poderá dizer é que, até num automóvel de maior porte do que aqueles em que habitualmente está instalado, com 4,5 m de comprimento e mais de 1440 kg, cumpre com competência a sua missão. Sempre disponível, e lesto a subir regime, consegue emprestar uma apreciável vivacidade de condução ao C5 Aircross 1.2 PureTech 130 Feel Pack, ainda que, naturalmente, não consiga garantir que este é tão lesto e frugal quanto outras propostas de dimensões e peso mais contidos que fazem uso da mesma unidade motriz.

Mas não se pense que a sua utilização é, por isso, demasiado condicionada. Os consumos somente em cidade, ou quando se pretende extrair da mecânica tudo o que esta tem para dar, são menos simpáticos, mas nunca constituindo razão para alarme, sobretudo se seleccionado o modo Eco. Do mesmo modo que as prestações são aceitáveis, mais do que suficiente para satisfazer as exigências da maioria na generalidade das situações, sendo de assinalar a relativa facilidade com que evolui até velocidades na casa dos 180 km/h.

Assim sendo, apenas numa condução mais empenhada será obrigatório, para manter o ritmo, um recurso mais frequente à rápida e precisa caixa de velocidades (com um escalonamento algo longo das duas últimas relações, particularmente a última), essencial para garantir que o motor funciona acima das 3000-3500 rpm, regime a partir do qual parece ganhar um fulgor extra. Não merece é a pena levá-lo até à red line, já que, aí, denota já algum esforço, e sem que tal acarrete qualquer vantagem em termos de performance.

Desempenho dinâmico de nível superior, em termos de conforto como de comportamento

Dinamicamente, seja qual for o tipo de piso, e o respectivo estado de conservação, o que não merece reparos no C5 Aircross é o conforto de marcha de nível superior, indubitavelmente, um dos seus maiores predicados, Que muito se deve à suspensão com batentes hidráulicos progressivos, capaz de absorver com notável competência as irregularidades, e aos bancos Advaced Comfort, com espumas de duas densidades.

Por outro lado, e não obstante uma substancial altura exterior, e uma distância ao solo de 230 mm, que, naturalmente, concorrem para um centro de gravidade algo elevado, nem por isso a suspensão, apesar do amortecimento macio, deixa de assegurar um comportamento muito equilibrado, traduzido em reacções sempre honestas e previsíveis, decisivo para uma condução extremamente agradável, fácil e segura. A direcção é suficientemente directa e devidamente assistida, o sistema de travagem cumpre com brio a sua função, e mesmo numa toada mais intensa o C5 Aircross 1.2 PureTech 130 Feel Pack convence, facilmente se controlando a sua natural tendência a subviragem nas solicitações mais exigentes (que também a electrónica rapidamente contraria, já que o controlo de tracção só pode ser desligado abaixo dos 50 km/h para facilitar arranques sobre pisos de baixa aderência).

Pelo exposto, não será difícil concluir que o C5 Aircross 1.2 PureTech 130 Feel Pack é uma proposta muito a ter em conta na sua classe. Um SUV compacto senhor de uma imagem muito própria e atraente, deveras equilibrado, e que se impõe, ainda, por uma competência dinâmica que a muitos pode surpreender, tendo em conta o pequeno, mas activo, motor que o anima. Junte-se a isto o competitivo posicionamento comercial, assegurado pelo equipamento de série já muito completo, combinado com um preço de tabela de €31 687, e estão reunidos todos os melhores argumentos deste modelo.