Concorde ou não, ele era único!
Foi há pouco tempo que, numa deslocação a Londres, reparei com mágoa e tristeza, que o modelo à escala 4/10 do Concorde, colocado na rotunda de acesso aos terminais um, dois e três de Heathrow, havia desaparecido. Afinal, a sua remoção já se deu em Março de 2007…
A «maravilha aeronáutica» do século XX foi substituída, naquele espaço, pela maravilha do início do século XXI, o A380 (também à escala 1/3). Esta situação, transportou-me para o dia 26 de Novembro de 2003: uma das mais belas aeronaves alguma vez desenhadas, e uma das mais brilhantes conceções da tecnologia, havia-se transformado em peça de museu.
Com luz verde em meados dos anos sessenta do século passado, o Concorde foi apresentado ao mundo em 1969. A sua designação «Concorde» significava, à época, o acordo entre ingleses e franceses no seu desenvolvimento e construção. Foi colocado ao serviço em 1976 e efectuou o seu último voo em 24 de Outubro de 2003, após o trágico acidente de Paris em 25 de Julho de 2000.
Foram construídos apenas 20 destes aparelhos que registaram quase um milhão de horas voadas, 60% delas em supersónico. Todos eles já apresentavam tecnologia«fly-by-wire», «break-by-wire» e totalmente suportado em computação ADC.
Se quisermos atualmente voar de Londres para Nova Iorque num A-380,demoraremos quase oito horas (dependendo dos ventos em altitude). O Concorde demorava cerca de duas horas e cinquenta minutos!
Espantoso e vanguardista: em 1969 apresentou-se ao mundo um transporte coletivo aéreo que nos transportava a cerca de duas vezes e meia mais rápido que os atuais!
É claro que tinha um custo operacional elevado e uma pegada ambiental ainda maior: por passageiro e por cada 100 kms consumia 16,6 litros de combustível, enquanto um A380 gasta menos de 3 litros.
Mas a dura verdade é que, nas últimas décadas, o progresso da aviação comercial não nos trouxe algo de realmente novo, com ressalva para a área de segurança de voo.
Em mais de um século da história da aviação, com todas as tecnologias e recursos hoje disponíveis, designadamente nas áreas dos Sistemas, da Aerodinâmica, da Física, da Química e Espacial (GPS), ainda não foi concebido «outro como tu que nos permitias sonhar num transporte para Pequim ou Sidney em 4 horas»…
Fica a homenagem e a esperança que, num destes dias, um novo «Concorde» seja concebido, satisfazendo as nossas necessidades e desta vez também as do nosso planeta!
Mário Lopes
Atlas Seguros
(Mariojglopes@gmail.com)