DS 4/DS 4 Crossback
Prossegue o processo de “autonomização” da DS enquanto marca no seio do Grupo PSA – ou, pelo menos, assim se esforça o grupo francês para que tal seja uma evidência aos olhos do público. Enquanto não tem um modelo verdadeiramente novo para mostrar (rumores há que anunciam que o protótipo Número 9 poderia conhecer uma versão de produção, a lançar sob a chancela da DS – mas, para já, não são mais do que isso mesmo…), a terceira marca do conglomerado gaulês vai actualizando os DS até aqui comercializados pela Citroën, colocando-os sob a sua alçada, como recentemente sucedeu com o DS 5, e agora acontece com o DS 4.
Aqui, a grande novidade passa mesmo pela introdução de uma versão inédita, que permite ao DS 4 passar a ser proposto em duas variantes de carroçaria: a que se pode considerar “normal” (e que, na essência, acaba por ser o restyling do anterior DS4), e outra com uma aparência mais aventureira, denominada DS4 Crossback. Em ambos os casos, uma renovada secção dianteira (com a famosa grelha DS Wings, estreada no DS 5, e as novas ópticas por lâmpadas de LED e Xénon, com faróis de nevoeiro com função de curva) e o anúncio de mais tecnologia, mais requinte, mais distinção e mais exclusividade, fruto de uma abordagem premium a um modelo do segmento dos familiares compactos.
Exteriormente, DS 4 berlina e Crossback distinguem-se pela diferente interpretação que fazem das linhas exteriores – mais clássico um, mais irreverente o outro. O primeiro tem como principais pontos de interesse as várias aplicações cromadas na carroçaria (grelha e pára-choques, frisos laterais, molduras das janelas) e a pintura bitonal (opção única nesta classe), em que o tejadilho pode adoptar uma de quatro cores específicas (preto, azul, laranja ou púrpura) e distintas das da carroçaria, para um total de 38 combinações possíveis. Já no Crossback destacam-se a altura ao solo 30 mm mais elevada; o pára-choques dianteiro exclusivo, com moldura inferior preta e aplicações em preto; as jantes pintadas de preto; os embelezadores das cavas das rodas; o deflector traseiro; as caixas dos retrovisores exteriores em preto brilhante; as barras no tejadilho; e algumas cores de carroçaria mais joviais. No interior, a diferença é garantida pelo pára-brisas panorâmico a 45°, e pelas soleiras das portas e tapetes específicos.
Para fazer jus à sua ambição de modelo premium, o renovado DS 4 recorre a acabamentos mais sofisticados do que o conhecido do Citroën C4 e, sobretudo, a alguns itens de equipamento (se série ou opcionais, consoante os casos e as versões em questão) que permitem não só incrementar notoriamente a qualidade de vida a bordo, como alguma personalização do interior. É este o caso do revestimento em couro do interior, que pode ser de pela nappa ou semi-anilina, e até do tipo integral – neste caso, cosido à mão e abrangendo, inclusivamente, o tablier e os painéis interiores das portas dianteiras e traseiras, tornando, sem dúvida, o interior bem mais sofisticado, distinto e acolhedor.
Ao mesmo tempo, o DS 4 é o primeiro modelo da DS (e da própria PSA) a integrar uma solução de conectividade com protocolo CarPlay, que permite “espelhar” no ecrã do sistema de infoentretenimento as principais funções dos iPhone, e até usar os comandos por voz da célebre sistema Siri para efectuar as principais operações (do cardápio faz ainda o equivalente protocolo Auto para dispositivos Android). O ecrã de bordo de 7”, a supressão de 12 botões de comando na consola central, a DS Connect Box, a câmara de marcha-atrás, a chave electrónica (para acesso e arranque), a monitorização do ângulo morto, o alerta de saída de faixa de rodagem e os bancos dianteiros com massagem (únicos neste segmento) são mais alguns dispositivos que ajudam a confirmar que a postura do DS 4 não é, propriamente, a mais vulgar na categoria em que se insere.
Mecanicamente, não há diferenças de maior a registar entre o DS 4 e o Citroën DS4, que não seja uma ligeira reafinação dos elementos elásticos da suspensão. Já entre as duas versões, a marca francesa anuncia que há diferenças (também ligeiras) na afinação da suspensão e da assistência eléctrica da direcção, nomeadamente para fazer face à altura ao solo e centro de gravidade mais elevados do DS 4 Crossback. Ambos as declinações dispõem do sistema Intelligent Traction Control, que tenta tirar o máximo partido da roda motriz com maior tracção nas situações de aderência mais reduzida, e que, em teoria, será particularmente útil no DS 4 Crossback.
Quanto a motores, são todos sobrealimentados, propondo o DS 4 as unidades 1.2 Puretech de 130 cv (com os níveis de equipamento Be Chic e So Chic, e apenas com caixa manual se seis velocidades); 1.6 THP de 210 cv (somente com caixa manual e nível de equipamento Sport Chic); 1.6 BlueHDi de 120 cv (disponível com os níveis Be Chic e So Chic, e com caixa manual ou automática de seis relações); 2.0 BlueHDi de 150 cv (níveis So Chic e Sport Chic e caixa manual); e 2.0 BlueHDi de 180 cv (apenas com caixa automática e nível Sport Chic). Já o DS4 Crossback é disponibilizado apenas com os motores 1.6 BlueHDi de 120 cv (nos níveis Be Chic e So Chic, e com caixa manual ou automática de seis relações) e 2.0 BlueHDi de 180 cv (apenas com caixa automática e nível Sport Chic).
Durante os cerca de 200 quilómetros que pudemos efectuar ao volante dos novos DS 4 e DS 4 Crossback, calhou-nos em sorte as versões mais potentes de cada uma das variantes: 1.6 THP no caso da berlina, 2.0 BlueHDi de 180 cv no caso do Crossback, havendo que esperar pela chegada do modelo a Portugal para avaliar propostas, seguramente, bem mais interessantes para o nosso mercado, como as 1.6 BlueHDi de 120 cv ou o 1.2 PureTech. Seja como for, da experiência subsistiu a nítida sensação de que, enquanto automóvel com aspirações a premium, o DS 4 é muito mais convincente quando a bordo, e ao volante, do que numa mera observação exterior.
De facto, nem a DS tem ainda a aura de outros construtores, nem as linhas do DS 4 são particularmente originais ou distintas para causar impacto de maior. Pelo contrário, principalmente quando forrado integralmente a couro, o interior exibe um requinte pouco vulgar a este nível, a que se junta uma habitabilidade correcta, banco acolhedores e confortáveis e uma dotação de equipamento apreciável.
O desempenho dinâmico é outro dos atributos em destaque no modelo, que exibe um pisar consistente, um conforto de marcha de excelente nível em qualquer circunstância e um comportamento que, sem ser por demais envolvente, é bastante eficaz e, acima de tudo, torna este um automóvel muito fácil e agradável de conduzir, mesmo a ritmos mais elevados (pena o tacto algo artificial da direcção). Diferenças de maior entre as versões berlina e Sportback não notámos, a não ser as relacionadas com os motores que o equipam. No primeiro caso, o poderoso 1.6 THP continua a dar excelente conta de si, oferecendo uma óptima resposta em todos os regimes, e um fôlego apreciável a alta rotação, permitindo, ou conduzir descontraidamente, o tirar bom partido do seu invejável nível prestacional; já o 2.0 BlueHDi de 180 cv tem no binómio resposta pronta/baixos consumos o seu grande atributo, a que se juntam ainda uma apreciável suavidade e silêncio de funcionamento, sendo bem coadjuvado pela nova caixa automática de seis relações.
Incursões fora de estrada, com o DS 4 Crossback, não fizeram parte deste primeiro contacto, nem é esperado que a maioria dos seus potenciais clientes valorize sobremaneira tal vertente, para mais montando o modelo pneus de perfil 45 em jantes de 18”, com 225 mm de largura. E se o fizerem, será mais para subir algum passeio, ou enfrentar algum piso de terra não muito demolidor.
A Portugal, o novo DS 4 chegará na terceira semana de Novembro na versão berlina. A versão 1.2 Puretech estará disponível a partir de €24 793; a 1.6 THP a partir de €33 393; a 1.6 BlueHDi de 120 cv a partir de €27 793; a 2.0 Blue HDi de 150 cv a partir de €33 220; e a 2.0 BlueHDi de 180 cv a partir de €39 793. Já o DS 4 Crossback levará cerca de duas semanas mais a chegar até nós, sendo proposto a partir de €29 293 na variante 1.6 BlueHDI de 120 cv, e de €40 293 quando animado pelo motor 2.0 BlueHDi de 180 cv.
São preços que aproximam “perigosamente” o modelo de propostas com outras pergaminhos, também porque provenientes de outras origens, mais do norte da Europa, mas esse é um risco que a DS corre de forma assumida. À laia de compensação, a aposta passa por um equipamento de série generoso: o nível Be Chic já inclui elementos como travão de estacionamento eléctrico; pára-brisas panorâmico; ar condicionado automático bizona; sensores de luz e chuva; retrovisor interior electrocromático; e jantes em liga de 16”, entre outros. O nível So Chic acrescenta a esta lista sensores de estacionamento traseiros, vidros da segunda fila e óculo traseiro escurecidos, bancos em pele/tecido e jantes de liga de 17″ com pneus 215/55; ao que o nível Sport Chic adiciona a chave electrónica, os sensores de estacionamento dianteiros, o sistema de monitorização do ângulo morto, o volante em cabedal, a DS Connect Box, o sistema de navegação, a pedaleira em alumínio, as ópticas dianteiras LED Vision e as jantes de liga de 18” com pneus 225/45 R18.
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DS 4 | 1.2 Puretech | 1.6 THP | 1.6 BlueHDi 120 (auto) |
Motor | 3 cil. linha, transv., diant. |
4 cil. linha transv., diant. |
4 cil. linha Diesel, transv., diant. |
Cilindrada (cc) | 1199 | 1598 | 1560 |
Pot. Máx. (cv/rpm) | 131/5500 | 211/6000 | 120/3500 |
Bin. Máx. (Nm/rpm) | 230/1750 | 285/1750 | 300/1750 |
Vel máx. (km/h) | 198 | 234 | 193 (190) |
0-100 km/h | 9,9 | 7,8 | 10,9 (11,4) |
Consumos (l/100 km) | |||
Extra-urb./comb./urb. | 4,2/4,9/6,0 | 5,0/5,9/7,6 | 3,4/3,7/4,3 (3,5/3,8/4,4) |
Emissões CO2 (g/km) | 112 | 138 | 97 (99) |
Preço (€) | desde 24 793 | 33 993 | desde 27 793 (29 093) |
Em Portugal | Novembro 2015 | Novembro 2015 | Novembro 2015 |
DS 4 | 2.0 BlueHDi 150 | 2.0 BlueHDi 180 | |
Motor | 4 cil. linha Diesel, transv., diant. |
4 cil. linha Diesel, transv., diant. |
|
Cilindrada (cc) | 1997 | 1997 | |
Pot. Máx. (cv/rpm) | 150/400 | 181/3750 | |
Bin. Máx. (Nm/rpm) | 370/2000 | 400/2000 | |
Vel máx. (km/h) | 207 | 217 | |
0-100 km/h | 8,8 | 8,6 | |
Consumos (l/100 km) | |||
Extra-urb./comb./urb. | 3,5/3,9/4,4 | 3,8/4,3/5,2 | |
Emissões CO2 (g/km) | 100 | 113 | |
Preço (€) | desde 32 220 | 38 793 | |
Em Portugal | Novembro 2015 | Novembro 2015 |
DS 4 Crossback |
1.6 BlueHDi 120 (auto) | 2.0 BlueHDi 180 | |
Motor | 4 cil. linha Diesel, transv., diant. |
4 cil. linha Diesel, transv., diant. |
|
Cilindrada (cc) | 1560 | 1997 | |
Pot. Máx. (cv/rpm) | 120/3500 | 181/3750 | |
Bin. Máx. (Nm/rpm) | 300/1750 | 400/2000 | |
Vel máx. (km/h) | 193 (190) | 217 | |
0-100 km/h | 10,9 (11,4) | 8,6 | |
Consumos (l/100 km) | |||
Extra-urb./comb./urb. | 3,5/3,8/4,4 (3,6/3,9/4,5) | 3,9/4,4/5,3 | |
Emissões CO2 (g/km) | 111 (116) | 115 | |
Preço (€) | desde 29 293 (30 193) |
40 293 | |
Em Portugal | Dezembro 2015 | Dezembro 2015 |
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