Época de balanço
Com 2014 já praticamente no passado, é chegado o momento, mais ou menos tradicional, de fazer um balanço automobilístico do que ficou para trás.
Começando pelo que está mais perto – a nossa realidade –, são de enaltecer os sinais positivos de retoma no mercado de vendas automóveis em Portugal, após dois anos que se revelaram terríveis para as marcas presentes no nosso país. Todavia, depois de o número de automóveis novos vendidos em 2012 ter atingido um mínimo assustador nos anos mais recentes, o único caminho possível seria o da melhoria, o que sucedeu de forma tímida em 2013 e com um pouco mais de vigor em 2014 (embora ainda longe dos registos de épocas mais douradas). Resta saber, no entanto, como irá resistir o sector no futuro mais próximo, tendo em conta que o automóvel continua a ser encarado como uma importante mina de ‘cobres’ para o Governo, mas também atendendo à instabilidade contínua da economia internacional, sobretudo a europeia, cujas repercussões se fazem sentir sempre no nosso país.
Por outro lado, a nível de produto, o ano de 2014 ficou marcado por alguns lançamentos verdadeiramente significativos. Sem ser exaustivo, vale a pena destacar apenas algumas das maiores recordações do ano transacto.
Primeiro, destaque-se o arrojo da BMW ao lançar o i8 enquanto superdesportivo de consciência ecológica assumida. Segundo na linhagem de modelos ecologicamente mais responsáveis (designada ‘i’), o i8 une um motor térmico com 1,5 litros de capacidade e 231 cv de potência a um motor elétrico com 131 cv, o que no total confere a este coupé de aspecto futurista um valor combinado de 362 cv. Pode não ter a mesma dinâmica de um mais convencional Porsche 911, mas a forma como entrega a potência e a sonoridade proveninente dos escapes não lhe ficam atrás. E o tal aspecto futurista parece catapultá-lo para outra dimensão.
A propósito de dimensão, numa outra ainda mais inalcançável, mas igualmente digna de registo, fica a tríade de superdesportivos exóticos que marcou 2014: Porsche 918 Spyder, McLaren P1 e Ferrari LaFerrari. Os três abraçaram, tal como o i8 da BMW, a vertente híbrida, proporcionando prestações estratosféricas a que apenas alguns sortudos poderão ter acesso. Mas qualquer um deles terá direito a figurar, por direito próprio, na lista de superdesportivos épicos, quer pelo que representam, quer pelas prestações que alcançam.
Num nível mais ‘terreno’, outra marca teve o condão de arriscar e ser bem-sucedida. Desta feita, foi a Citroën a apostar numa espécie de regresso ao básico com o C4 Cactus, um crossover acessível que se destaca pelo estilo irreverente, motores económicos, baixo peso e pelo conforto, sucedendo, no espírito, ao icónico 2 CV. Tem falhas, sim, mas a receita parece ter caído no goto de uma sociedade que prefere cada vez mais romper com os moldes ditos normais.
Também relevante para os novos automóveis é a dimensão cada vez mais dominante da conectividade e de tudo aquilo associado a essa vertente, entre aplicações e ligação à internet. O caminho a seguir será por aqui: a ligação cada vez mais forte entre automóveis, vias e o mundo numa rede virtual.
O que entronca no último ponto que vale a pena destacar: o empenho de quem luta contra a maré, neste caso, das pessoas que idealizaram a Absolute Motors e que se propuseram a criar uma lufada de ar fresco no panorama dos média ligados ao automóvel em Portugal. Uma proposta realmente vanguardista e apelativa que assenta no rigor e que pretende chegar a todos os adeptos e entusiastas do mundo motorizado, desde os mais jovens aos mais veteranos.
Pedro Junceiro
Jornalista da Absolute Motors