Fiat Panda 1.2 69 cv GPL Bi-Fuel Lounge
Fiat
Panda
1.2 69 cv Bi-Fuel Lounge
2013
Citadino
5
Dianteira
1.2
69/5500
164
14,2
120
13 550/14 250
Custo de utilização a GPL, Qualidade da transformação GPL, Autonomia combinada, Utilização citadina, Habitabilidade
Preço face à versão a gasolina, Colocação dos comandos no volante, Banco traseiro rebatível em duas partes em opção
Com a recente aprovação da lei que permite aos automóveis alimentados a GPL certificados deixarem de estar obrigados a exibir o inestético autocolante azul na traseira, e passarem a poder estacionar em parques subterrâneos, volta a estar na ordem do dia o saber se vale ou não a pena optar por um automóvel capaz de consumir gás de petróleo liquefeito. Uma questão que não é de somenos: por um lado, por ser este um combustível mais “ecológico” (comparativamente à gasolina, a sua queima é quase total e, por isso, daí resultam menores emissões de CO2 para a atmosfera e não há emissão de partículas); por outro, e mais importante para a generalidade dos utilizadores, por custar cerca de metade da gasolina.
Redobra, assim, de interesse a análise à variante Bi-Fuel do Panda, ou não fosse, pelo seu lado, a Fiat um dos fabricantes com maior experiência nesta área, com onze modelos do género em comercialização entre todas as marcas do grupo, e uma forte presença no sector em Itália (um dos maiores mercados do GPL, com cerca de um milhão de veículos em circulação). Saliente-se, a propósito, que a vantagem de se optar por um automóvel a GPL “de fábrica” passa, em grande parte, pela garantia de segurança, qualidade e fiabilidade que estes oferecem. No caso do Panda, todos os componentes foram projectados e fornecidos por uma empresa do próprio grupo italiano (a Fiat Powertrain Tchnologies), que anuncia que os mesmos foram construídos com materiais e especificações optimizadas para o funcionamento a GPL – inclusive um sistema de admissão específico para acolher os injectores –, e que o motor é capaz de respeitar os parâmetros de homologação Euro 5, pelo menos, durante 160 000 km.
À vista desarmada, o Panda Bi-Fuel é praticamente impossível de distinguir de um qualquer outro membro desta gama equipado com o “eterno” motor 1.2 de 69 cv. Como o autocolante na traseira (ainda presente na unidade avaliada, dado que o respectivo teste foi realizado antes da entrada em vigor da nova lei) já não é obrigatório, as diferenças passam por pormenores praticamente imperceptíveis. Por exemplo, é preciso levantar o piso da mala para encontrar o depósito do tipo toroidal montado no lugar normalmente destinado ao pneu sobressalente.

À data de realização deste artigo, e das fotografias que o ilustram, ainda a nova regulamentação legal não tinha sido aprovada – agora, o Panda GPL já não necessita de ostentar este autocolante, que foi substituído por um pequeno distíco a colocar no pára-brisas, à semelhança do comprovativo do seguro
Com 31 litros de capacidade, este depósito contempla uma válvula de sobrepressão bem como um limite de enchimento de 80% – como manda a lei, para permitir a expansão do gás -, e não rouba espaço à bagageira, embora obrigue à inclusão de um kit de reparação de furos no equipamento de série. No interior, as diferenças limitam-se ao botão colocado na consola central que permite alternar entre os dois tipos de combustível; aos dois indicadores do nível de combustível (um para cada qual); e à mensagem que surge no painel de instrumentos sempre que se opta pelo consumo de gasolina.
Em termos de utilização, o Panda Bi-Fuel também não obriga a grandes habituações ou ajustamentos. O interior deste citadino com configuração de monovolume continua a primar por uma apreciável qualidade de construção e materiais, pelo design e pela decoração apelativos e por uma habitabilidade generosa, que permite transportar facilmente quatro ocupantes. A mala é que não é muito ampla, como se esperaria (os 3,6 metros de comprimento não dão para tudo…), indo aqui a principal crítica para o facto de o rebatimento do banco traseiro em duas partes ter sido relegado para a lista de opções, sendo que mesmo rebatendo as costas por inteiro não é possível dispor de um piso de carga plano.
A posição de condução é propositadamente mais elevada do que o habitual, o que tem como benefício uma boa visibilidade em todas as direcções. A ergonomia também é, globalmente, correcta, exceptuando a colocação dos botões dos comandos vocais e do telefone no volante multifunções, que com facilidade se pressionam involuntariamente, o que é particularmente incómodo no caso dos primeiros. Em compensação, a direcção assistida electricamente dotada da função City para utilização urbana, assim como a colocação elevada da alavanca de comando da caixa de velocidades, são elementos que contribuem para o agrado de condução, sobretudo em meio urbano.
Quando se coloca o motor em marcha, este arranca sempre no modo gasolina por causa das emissões a frio, comutando automaticamente para GPL ao fim de poucos segundos. Aliás, o mesmo acontece sempre que se opta por trocar entre os dois combustíveis (para o que basta pressionar o mencionado botão na consola central): são sempre necessários alguns segundos para que a transição se concretize. Seja em que caso for, tal é imperceptível para o condutor, tanto em termos de prestações como do funcionamento do motor – refira-se, a propósito, suficientemente silencioso e suave, e com uma boa resposta, capaz de prestações interessantes para a classe em que se insere (que é o mesmo que dizer, exigindo algum recurso à caixa de velocidades quando o peso transportado é maior, e nos traçados com relevo mais acentuado).
Uma das grandes vantagens do Panda Bi-Fuel é o desenvolvimento desta versão ter sido totalmente assegurado por uma divisão do próprio Grupo Fiat – a Fiat Powertrain TechnologiesO comportamento também não difere em nada do conhecido do Panda 1.2 “normal”. O conforto é de bom nível em bom piso, apenas aceitável quando este se degrada – mas, ainda assim, sem ser demasiado saltitante. O desempenho em curva prima pela competência e pela honestidade das reacções, mas sem qualquer envolvência, privilegiando a facilidade de condução – o que faz dos percursos citadinos, sobre asfalto bem conservado, o habitat natural do Panda.
Resta, pois, avaliar o que faz, realmente, a diferença nesta Panda: os seus atributos quando a consumir GPL. Comecemos pelo abastecimento: apesar de obrigar ao desenroscar de uma tampa do bocal do GPL (situado ao lado do da gasolina), e à colocação de um adaptador para ligação à mangueira de abastecimento, a operação nada tem de complicado ou moroso, sendo até tendencialmente mais “limpa” do que a do abastecimento a gasolina, já que aqui não há risco de derrames.

Atributo do Panda continua a ser a forma desembaraçada como lida com o tráfego urbano, o que obviamente não se altera nesta variante a GPL/gasolina
Mas o mais relevante serão mesmo os consumos, sem dúvida a principal motivação da esmagadora maioria dos que optem por um automóvel deste género. Nas nossas medições, efectuadas durante a noite (tanto a gasolina como a GPL, para garantir igualdade de condições e beneficiar de uma temperatura mais baixa, de modo a garantir uma maior fidelidade dos valores – nestas condições, é menor a tendência para a expansão do gás), o Panda Bi-Fuel revelou-se mais gastador quando a funcionar a GPL do que a gasolina. Nada de estranho, tendo em conta o menor teor energético de um combustível comparativamente ao outro.
A questão de fundo é que, à data de publicação deste artigo, um litro de gasolina 95 custava, em média, em Portugal, cerca de €1,50, contra cerca de €0,65 do GPL. Ora, tendo em conta as médias obtidas, e os preços em causa, tal traduz-se numa poupança de €4,30 por cada centena de quilómetros percorridos sempre que se opte por circular a GPL.
Sendo este um valor, inequivocamente, nada desprezável, o facto é que o mesmo tem de ser avaliado também levando em conta o diferencial de preço entre o Panda Bi-Fuel e o Panda 1.2 8v “normal”: €1500 para níveis de equipamento equivalentes. Ora, seguindo o mesmo raciocínio, tal implicará que o investimento adicional seja amortizado ao fim de um pouco menos de 35 000 km (34 595 km, para ser exacto). Em face disto, caberá a cada qual fazer as suas contas, e decidir em conformidade se é algo que lhe compense. Inequívoco é o brutal aumento da autonomia do Panda Bi-Fuel: combinando os dois depósitos, superior a 950 km!
Airbag para condutor e passageiro
Airbags laterais
Airbags de cortina
Controlo electrónico de estabilidade
Cintos dianteiros com pré-tensores e limitadores de esforço
Fixações Isofix
Ar condicionado
Computador de bordo
Banco do condutor com regulação em altura
Banco traseiro rebatível 60/40
Volante regulável em altura
Direcção com assistência eléctrica variável
Rádio com leitor de CD+mp3+entrada USB
Retrovisores eléctricos+aquecidos
Vidros eléctricos FR/TR
Sistema Blue&Me com personalização em português+comandos no volante (€300)
Pack Style (€500, inclui jantes de liga leve 6Jx15″+pneus 185/55+faróis de nevoeiro)
Pintura pastel extra-série Vermelho Passione