Ford não apoia plano das marcas alemãs para reduzir emissões Diesel
A filial alemã da Ford decidiu não aderir ao plano que os fabricantes locais criaram conjuntamente para introduzir actualizações de software gratuitas nos seus modelos a gasóleo menos recentes, por forma a reduzir as respectivas emissões de poluentes. Em comunicado, a casa da oval azul afirma que essa instalação de software a posteriori acarretará “benefícios negligenciáveis para o consumidor, e não terá impacto efectivo na qualidade do ar”, para além de que poderá criar expectativas “irrealistas” junto das autoridades e das organizações não governamentais.
Ao invés, a Ford prefere oferecer incentivos que variam entre €2000-€5000 que estimulem os consumidores a trocar um modelo com motor Diesel homologado segundo as normas Euro 1, Euro 2 ou Euro 2, anterior a 2006, por um Ford mais recente e menos poluente. Uma medida que já vigora na Alemanha, estando a marca a estudar a possibilidade de a alargar a outros países.
Apesar do acordo entre os grupos BMW, Daimler e VW, no sentido de actualizar o software de gestão de cerca de cinco milhões de motores Diesel, em circulação na Alemanha, para reduzir as respectivas emissões de óxidos de azoto (NOx), na sua maioria Euro 5, mas abrangendo também alguns Euro 6, os construtores de Munique e de Wolfsburg, assim como a Toyota, têm já em marcha campanhas de incentivos destinadas a estimular a troca de um automóvel a gasóleo mais antigo por um novo menos poluente.
No caso da BMW, está prevista a atribuição de um incentivo de até €2000 na troca de um seu modelo a gasóleo ou Euro 4 por um i3, um híbrido plug-in ou um modelo que cumpra já as normas Euro 6 – sendo a iniciativa paneuropeia, e devendo estar implementada ainda antes do final de Agosto. Já a Toyota oferece, para já apenas na Alemanha, até €4000 na troca de um automóvel a gasóleo de qualquer marca por um modelo híbrido da Toyota. Quanto à VW, também já anunciou que serão atribuídos incentivos na troca de modelos a gasóleo homologados segundos as normas Euro 1 a Euro 4 por um modelo novo de qualquer das suas marcas de maior expressão (VW, Audi, Porsche, Skoda e Seat), mas sem especificar os montantes em questão.
Entretanto, Alexander Dobrindt, ministro alemão dos Transportes, já criticou as marcas estrangeiras pela sua recusa em participar no plano de actualização do software de gestão dos motores Diesel mais antigos, apenas por não conseguirem acordar numa posição comum. O responsável governamental considerou mesmo “inaceitável” a postura dos fabricantes estrangeiros, e que estes “ainda não estão a assumir as suas responsabilidades” no que diz respeito à qualidade do ar e à saúde pública.
Por seu turno, as associações ambientalistas também não advogam este plano, que prevê a intervenção sobre 1,5 milhões de automóveis Diesel do Grupo VW, 900 mil da Daimler e 300 mil da BMW (a Opel não especificou o número de unidades em questão), considerando que só intervindo ao nível do hardware será possível reduzir de forma efectiva a poluição causada pelo sector automóvel. Certo é que a questão é uma das mais prementes do momento na Alemanha, numa altura em que aproximam a passos largos a eleições gerais no país (o acto eleitoral está marcado para 24 de Setembro) e em que o governo da chanceler Angela Merkel é profusamente criticada pelas suas ligações à indústria automóvel local, o maior exportador alemão, e também um dos maiores empregadores, assegurando cerca de 800 mil postos de trabalho.