Ford Ranger Raptor
Ford
Ranger
Raptor
2019
Pick-up
5
Integral
2.0 Diesel
213/3750
170
10,5
8,0/8,9/10,6 (Extra-urbano/Combinado/Urbano - NEDC)
233
63 936/65 359 (Unidade testada)
Comportamento em estrada, Comportamento em "TT", Conforto soberbo, Suspensão sifisticada e eficaz, Dotação mecânica, Equipamento, Qualidade, geral, Exclusividade
Preço elevado, Autocolantes de gosto discutível (mas opcionais…)
Velocidade máxima anunciada (km/h) | 170 |
Acelerações (s) | |
0-100 km/h | 10,0 |
0-400 m | 17,1 |
0-1000 m | 32,2 |
Recuperações 60-100 km/h (s) | |
Em D | 5,4 |
Recuperações 80-120 km/h (s) | |
Em D | 7,2 |
Distância de travagem (m) | |
100-0 km/h | 40,1 |
Consumos (l/100 km) | |
Estrada (80-100 km/h) | 6,5 |
Auto-estrada (120-140 km/h) | 8,4 |
Cidade | 11,3 |
Média ponderada (*) | 9,76 |
Autonomia média ponderada (km) | 820 |
(60% cidade+20% estrada+20% AE) | |
Medidas interiores (mm) | |
Largura à frente | 1450 |
Largura atrás | 1440 |
Comprimento à frente | 1110 |
Comprimento atrás | 740 |
Altura à frente | 1010 |
Altura atrás | 960 |
Ford Ranger Raptor. Um nome a reter. E por vários motivos. Por ser a primeira pick-up verdadeiramente desportiva a ser lançada em solo europeu, o que, desde logo, faz deste um modelo absolutamente único, merecendo a marca americana as maiores felicitações pela coragem em propor algo de absolutamente fora dos padrões convencionais. Por ter bebido inspiração na mítica F-150 Raptor norte-americana, aquela pick-up que, com o seu motor 3.5-V6 biturbo de 450 cv, não gasta mais do que 6,0 segundos a cumprir os 0-100 km… E por ter sido desenvolvida (na Austrália) pela Ford Performance, o que já é dizer muito, ou não fosse este o departamento da marca da oval azul responsável pela criação de tantos automóveis totalmente vocacionados para a eficácia dinâmica e para o prazer de condução, na sua maioria inesquecíveis – e pelos melhores motivos!
Num veículo em que tudo é especial, a aparência exterior não podia contrariar a regra. Com a Ranger Raptor a não deixar ninguém indiferente, seja pelas dimensões imponentes, bastante mais generosas do que as de uma Ranger “normal”, como pela estética agressiva e desportiva, acabando por ser o centro das atenções por onde quer que passe, cativando olhares de admiração e cobiça – e quem a conduz, não raro, de alguma inveja…
Impressionante, a grelha frontal em preto, com o lettering da Ford em relevo. A mesma cor aplicada nas tomadas de ar laterais; nos estribos em alumínio (com acabamento anti-derrapante); nas protecções dos volumosos guarda-lamas construídos em material compósito, para resistir às agruras do todo-o-terreno e permitir a montagem de pneus mais largos, e a adopção de um maior curso de suspensão; na tampa de correr, tipo persiana, que cobre a caixa carga; e nas lindíssimas jantes de 17”. Porventura de gosto mais discutível, a cor azul eleita para a unidade ensaiada, e os autocolantes com grafismo específico e logótipo Raptor – nada que não se resolva, já que, para o primeiro caso, existem diversas outras cores disponíveis, e os segundos até são uma opção, pelo que, quem não gostar, acaba por evitar gastar mais €915!
O habitáculo é outro atributo de peso da Ranger Raptor. Claro que a generosa altura ao solo obriga a subir ao (ou descer do) “primeiro andar”, mas os estribos laterais garantem que não são necessários dotes de ginasta ou contorcionista para, facilmente, se aceder a um interior em que é impossível não reparar, desde logo, nas soleiras das portas com a inscrição Ford Performance , e que oferece um amplo espaço para quatro ocupantes, os quais aí podem permanecer, mesmo por longos períodos, com elevado nível de comodidade. A qualidade dos materiais utilizados, e respectivos acabamentos, nitidamente acima da média para a classe, convence de igual forma, para o bom ambiente a bordo contribuindo, ainda, os revestimentos em pele e Alcantara dos bancos, parte do tablier e painéis interiores das portas.
Nota mais, ainda, para o muito completo equipamento de série (de segurança, de conforto, de conectividade, de infoentretenimento). E para o excelente posto de condução, garantido pelos bancos confortáveis, mas envolventes, e com um apreciável encaixe (além de oferecerem regulações eléctricas); pela óptima visibilidade para o exterior, que garante um perfeito domínio de tudo o que se passa em redor; pelo soberbo volante desportivo revestido a pele perfurada e com o logótipo Raptor e marca central vermelha, regulável apenas em altura, mas com dimensões e pega perfeitas, e enormes patilhas comando da caixa magnésio e marca central vermelha; pela evoluída ergonomia, e pelo painel de instrumentos convencional e excelente leitura.
Chegado o tempo de passar à acção, convém realçar que, pese embora inspirada na F-150 Raptor, a Ranger Raptor teve, naturalmente, que adaptar-se à realidade do mercado em que pretende vingar. E, por isso, sob o capot está, não um V6 a gasolina, mas um menos exuberante, embora muito evoluído (e bem mais económico!), quatro cilindros Diesel biturbo de 2,0 litros, dos mais potentes da sua classe, capaz de disponibilizar uns muito interessantes 213 cv de potência, a par de um binário máximo de 500 Nm, constante entre as 1750-2000 rpm. Directamente proveniente da sua “prima” americana é a caixa automática de dez velocidades, conjugada com um sistema de tracção integral inserível à frente, com “redutoras” e diferenciais central (integrado na caixa) e traseiro autoblocantes – podendo o traseiro ser totalmente bloqueado, para ajudar a superar obstáculos mais exigentes, desde que abaixo dos 40 km/h.
Dinamicamente, duas surpresas impõem-se de imediato. A primeira, o elevado conforto de marcha oferecido em quaisquer circunstâncias, mesmo nas mais demolidoras, em boa parte assegurado pela sofisticada e eficiente suspensão dotada de amortecedores Fox Pro Racing, com triângulos em alumínio na frente, e um eixo rígido traseiro com quatro braços de guiamento e articulação de Watt. Assim se explica que, no asfalto, qualquer irregularidade, por acentuada que seja, tenda a ser absolutamente indiferente para a Ranger Raptor, e para quem nela viaja; e que, mesmo fora dele, esta pick-up continue a passar pela maioria delas com inequívoca sobranceria, nunca denotando um comportamento saltitante, nem sendo demolidora para os seus passageiros traseiros, como tantas vezes sucede com este tipo de modelos, mormente quando sujeitos a solicitações mais exigentes.
A segunda surpresa provém do eficiente isolamento acústico. Aqui, o segredo passa, em boa parte, pelo revestimento dos guarda-lamas com material insonorizante, e pelos vidros dianteiros duplos, atributo único numa pick-up. Por isso, a velocidades mais elevadas, os ruídos aerodinâmicos apenas se fazem sentir acima 160 km/h, e mesmo o motor só se torna mais audível em situações de maior esforço e carga, embora a sonoridade emanada esteja longe de ser desagradável, acabando por ter tudo que ver com a vocação e a postura do veículo.
Em termos práticos, e começando pela unidade motriz, apreciáveis tanto as prestações que permite alcançar (apesar dos 170 km/h de velocidade máxima anunciada, não é difícil aflorar os 200 km/h no velocímetro), como a sua resposta pronta e decidida, sobretudo tendo em conta que tem que lidar com um conjunto cujo peso supera as duas toneladas e meia. Claro que, quando se pretende impor ritmos mais intensos, sente-se alguma falta de potência (ou sente-se que a qualidade do châssis aceitaria, de bom grado, tal como o condutor, valores bem mais substantivos), assim como o facto de os 213 cv disponíveis serem alcançados logo às 3500 rpm, o que se traduz numa margem de utilização relativamente reduzida do motor, que implica trabalho redobrado por parte da transmissão (que tem a vantagem de ser extremamente suave e célere q.b.).
Os consumos em estrada e auto-estrada são de nível superior, sobretudo cumprindo-se os limites de velocidade, e mantendo um ritmo minimamente constante, para o que também contribui a caixa com dez relações muito próximas entre si, mas em que as últimas são, propositadamente, bastante desmultiplicadas. E, mesmo em cidade, a Range Raptor não desilude neste particular, embora só com maiores cuidados com o acelerador seja possível obter médias interessantes, mas não referenciais, com os descuidos a levarem a que rapidamente se superem os 9,0 l/100 km. Já numa utilização extrema, é possível obter médias superiores a 15,0 l/100 km, ou mesmo aflorar os 20,0 l/100 km, mas isto quando se extrai em permanência da mecânica tudo o que ela tem para dar. Pelo que, quando conduzida despreocupadamente, com um dinamismo condicente com aquilo a que a mecânica impele, mas sem exageros, o melhor será contar com médias na casa dos 12,0 l/100 km.
Quanto ao comportamento, será útil mencionar que os reforços operados no châssis de longrinas da Ranger Raptor permitiram incrementar em 30% a rigidez torsional, com a generosa largura de vias, tendente a compensar o elevado centro de gravidade, a ser outro elemento a ter em conta. Com tudo isto, e uma preciosa afinação da direcção, a Ranger Raptor é, uma pick-up não só extremamente fácil e agradável de conduzir numa utilização convencional (nunca é demais repetir: deveras confortável, e muito estável a alta velocidade), como uma fonte praticamente inesgotável de diversão e emoção ao volante em qualquer circunstância.
Apesar da altura ao solo ampliada em 50 mm face à das versões convencionais (para 283 mm), e dos amortecedores com quase 400 mm de curso, é notável a precisão do eixo dianteiro na entrada em curva, e a forma como, mesmo nas trocas de apoio mais abruptas ou intensas, os movimentos da carroçaria são sempre muito bem controlados. Por paradoxal que possa parecer, a verdade é que, não obstante os seus mais de 5,3 m de comprimento, por mais de 2,0 m de largura, a Ranger Raptor oferece um extraordinário prazer de condução em asfalto nos traçados mais sinuosos, pela forma primorosa como reage, tendencialmente de forma sempre neutra, às solicitações do condutor, e com este comunica.
E nem se negaria a uma condução mais acrobática, assente nas derivas de traseira, já que o controlo de estabilidade pode, naturalmente, ser inibido por completo, e a naturalidade com que tudo se processa e controla chega a ser desarmante. O único senão, aqui, é a elevada motricidade garantida pelos pneus BF Goodrich All-Terrain, e a escassez de potência para o efeito, pelo que, a não ser em pisos de muito diminuta aderência, este tipo de manobra acaba por nunca ser muito prolongado.
Também fora de estrada, a Ranger Raptor dificilmente dará qualquer hipótese a qualquer outra pick-up actualmente à venda no mercado. Além dos atributos mecânicos já mencionados, o utilizador tem à sua disposição o selector de modos de condução, com as opções Normal; Desporto (só com 2H); Relva/Gravilha/Neve (só com 4H); Lama/Areia (com 4H ou 4L); Baja (só com 2H); e Rocha (só com 4L). Sendo, ainda, de sublinhar que é possível alternar entre a tracção traseira e integral, e vice-versa, a qualquer velocidade; que o ESP pode ser totalmente desactivado; e que do lote de argumentos faz ainda parte o controlo electrónico de descidas HDC.
Significa isto que não há muitos obstáculos no fora de estrada que a Ranger Raptor não consiga superar, sendo que, aqui, na maior parte dos casos, os limites tenderão a ser mais impostos pela coragem do seu condutor em aflorá-los, do que pelas capacidades do veículo, ainda para mais com tão longo curso de suspensão, tão generosa altura ao solo, tão favoráveis ângulos característicos e tão robustos e eficientes pneus. Agora, o que é absolutamente obrigatório é usufruir do modo Baja em estradões de terra, desligar o ESP e desfrutar de um desempenho notável, ou não tivesse sido a Ranger Raptor criada para brilhar nestas condições a mais de 160 km/h: a suspensão continua a absorver tudo o que é ressalto com espantosa competência, a traseira provoca-se com a mesma facilidade com que se controla, garantido uma agilidade fora do normal, para mais num automóvel com este porte e peso, a direcção colabora na perfeição, permitindo inserir a frente onde e quando se pretende com notável precisão, e o sistema de travagem, embora o pedal tenda a perder o tacto quando solicitado com maior frequência e intensidade, garante sempre a potência e a progressividade desejáveis.
Uma pick-up única, um verdadeiro objecto de desejo e de prazer, a nova Ford Ranger Raptor poderá ter como único ponto menos positivo o preço: não por ser despropositado face ao seu longo e invejável leque de atributos, mas por não estar ao alcance de muitas bolsas. Nada menos do que €63 936 é quanto a marca pede por uma das suas melhores criações de sempre, verba que, nesta fase de lançamento, beneficia de um desconto directo de €3100, de uma oferta de €800 em opções de fábrica à escolha do cliente e de um apoio à retoma de €1000. Só que a verdade é que vale cada euro que custa…
Motor | |
Tipo | 4 cil. linha Diesel, longit., diant. |
Cilindrada (cc) | 1996 |
Diâmetro x curso (mm) | 84,01x90,0 |
Taxa de compressão | 16,0:1 |
Distribuição | 2 v.e.c./16 válvulas |
Potência máxima (cv/rpm) | 213/3750 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 500/1750-2000 |
Alimentação | injecção directa common-rail |
Sobrealimentação | turbocompresor VGT+turbocompressor+intercooler |
Dimensões exteriores | |
Comprimento/largura/altura (mm) | 5374/2028/1873 |
Distância entre eixos (mm) | 3220 |
Largura de vias fte/trás (mm) | 1710/1710 |
Jantes - pneus | 8 1/2Jx17" – 285/70 (BF Goodrich All-Terrain T7A KO2) |
Pesos e capacidades | |
Peso (kg) | 2510 |
Relação peso/potência (kg/cv) | 11,78 |
Capacidade da mala/depósito (l) | –/80 |
Transmissão | |
Tracção | Integral, inserível à frente, com diferenciais central e traseiro autublocantes, e bloqueio total do diferencial traseiro |
Caixa de velocidades | automática de 10+m.a. com "redutoras" |
Direcção | |
Tipo | cremalheira com assistência eléctrica |
Diâmetro de viragem (m) | 12,9 |
Travões | |
Dianteiros (ø mm) | Discos ventilados (332) |
Traseiros (ø mm) | Discos ventilados (332) |
Suspensões | |
Dianteira | MacPherson com braços em alumínio e amortecedores Fox Pro Racing |
Traseira | Eixo-rígido com quatro braços, paralelogramo de Watt e amortecedores Fox Pro Racing |
Barra estabilizadora frente/trás | sim/sim |
Aptidões TT | |
Ângulos de ataque/saída/ventral (º) | 32,5/24/24 |
Inclinação lateral máx./pendente máx.(º) | n.d./26 |
Altura ao solo/passagem a vau (mm) | 283/850 |
Garantias | |
Garantia geral | 2 anos sem limite de quilómetros+1 ano Ford Protect (até 100 000 km no 3º ano) |
Garantia de pintura | 2 anos |
Garantia anti-corrosão | 12 anos |
Intervalos entre manutenções | 20 000 km ou 24 meses |
Airbag para condutor e passageiro (desligável)
Airbags laterais
Airbags de cortina
Airbag para os joelhos do condutor
Controlo electrónico de estabilidade
Travagem automática de emergência com alerta de colisão frontal e reconhecimento de peões
Assistente à manutenção na faixa de rodagem
Assistente aos arranques em subida
Sistema de leitura de sinais de trânsito
Controlo electrónico de descidas
Fixações Isofix
Alarme
Ar condicionado automático bizona
Computador de bordo
Cruise-control+limitador de velocidade
Bancos em pele
Bancos dianteiros desportivos+aquecidos
Banco do condutor regulável electricamente (8 vias)
Volante desportivo multifunções em pele regulável em altura+profundidade
Acesso+arranque sem chave
Vidros eléctricos FR/TR
Sistema de som com leitor de mp3+tomada USB+6 altifalantes
Sistema de infoentrenimento Sync3 com ecrã táctil de 8"+modem Wi-fi+sistema de navegação
Mãos-livres Bluetooth
Retrovisores exteriores eléctricos+aquecidos+rebatíveis electricamente
Retrovisor interior electrocromático
Vidros traseiros escurecidos
Câmara de estacionamento traseira
Sensores de luz+chuva
Tomada de 230 V
Ópticas dianteiras Xénon
Farolins traseiros por LED
Faróis de nevoeiro por LED
Jantes de liga leve de 17”
Barra traseira desportiva com iluminação da caixa de carga
Sistema de rails e anéis de fixação na caixa de carga
Cobertura da caixa de carga tipo persiana
Estribos laterais
Roda suplente normal
Pré-instalação de gancho de reboque
Pintura metalizada (€508)
Autocolantes Raptor (€915)