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A guerra dos “salões”

Artigo
A guerra dos “salões”

À boa maneira portuguesa, é quase impossível ter uma discussão sobre o tema do “salão das motos” que não redunde em acesa troca de impressões e, em consequência, de acusações. Tem sido muito difícil, ao longo dos anos, estabelecer, de forma racional e produtiva, uma estratégia de sector. Também neste particular.

Durante anos, Lisboa (FIL) e Batalha (Exposalão) rivalizaram na organização do certame anual das motos. A FIL tinha a seu favor a localização privilegiada – Lisboa – a Batalha fazia valer um preçário (consideravelmente) mais interessante para os expositores e a ideia de que a sua posição geográfica, no centro do país, favorecia a afluência do público.

Todos os anos, a discussão era a mesma: Lisboa ou Batalha, quem vai e quem não vai, num diz-que-diz que revelava a imaturidade, ou irresponsabilidade, de alguns agentes e a falta de coesão do sector motociclístico nacional. A ACAP, entidade onde alguns importadores, distribuidores e retalhistas se reúnem representativamente, não conseguiu nunca ser um pólo catalizador de vontades e aglutinador de ideias, em boa parte por incapacidade de se gerarem consensos num sector onde cada um olha demasiado para o seu umbigo e que revela – sempre revelou – um gritante distanciamento do seu público e do objecto principal da sua actividade, a moto, olhando-a com a frieza de um produto que tem na prateleira (tema para outra crónica que não esta).

Pela primeira vez em muitos anos, em 2013 as marcas conseguiram chegar a uma conclusão válida sobre qual o caminho a seguir: o salão nacional das motos será em Lisboa, de dois em dois anos. Apesar disso, em 2014, o tema veio de novo a lume, levando a que o público no início de Abril se deslocasse à Expo Moto na esperança de ver um certame nacional e acabando por deparar (e sentir-se, justamente, defraudado) com uma mostra apenas e só regional, montada pelos concessionários da região e com uma forte presença de mercado de usados.

Não quero colocar em causa o trabalho realizado pelos responsáveis da Expo Salão. Pelo contrário, pois é gente competente e muito lutadora pelas suas organizações, mas parece-me que seria do interesse de todos que, de uma vez por todas, a questão dos salões fosse esclarecida: todos os certames regionais são válidos e tomara que os agentes do sector possam acorrer a grande número deles, mas o certame nacional realiza-se em Lisboa, de dois em dois anos.

Vitor Sousa
Assessor de comunicação

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Sobre o autor
Vitor de Sousa