Indústria automóvel no bom caminho para cumprir emissões em 2021
O transporte rodoviário é responsável por 15% das emissões totais de CO2 na Europa e são a maior fonte de emissões no sector dos transportes. O Regulamento (CE) n º 443/2009, aprovado em 2009, definiu limites de emissão de CO2 para os novos veículos ligeiros de passageiros colocados no mercado europeu de 130 gCO2/km em 2015, e de 95gCO2/km em 2021.
A Federação Europeia para os Transportes e Ambiente (T&E) divulgou recentemente um estudoobre o progresso das principais marcas de automóveis existentes no mercado europeu para reduzir o consumo de combustível e as emissões de CO2 da sua frota em 2013. Este estudo mostra que a maioria dos fabricantes de automóveis estão no bom caminho para cumprir a meta de emissões de 95gCO2/km até 2021. Este estudo da T&E mostra que todos os fabricantes de automóveis cumpriram, em 2013, a meta de emissões para 2015 (de 130gCO2/km), com dois anos de antecedência face ao previsto. Em 2013, a Renault ultrapassou a Fiat como a marca com a frota de automóveis mais eficiente e limpa da Europa. Já a Volvo foi a marca que mais progrediu na redução anual das emissões de CO2 da sua frota (cerca de 8% em 2013, face a 2012).
A manter-se o progresso na redução das emissões realizado nos últimos seis anos, as marcas Volvo, Toyota, Peugeot-Citroen, Renault, Ford e Daimler (grupo que detém a Mercedes-Benz em Portugal) irão cumprir a meta de emissões de CO2 para 2021, vários anos antes da data prevista. Já a Volkswagen e a Nissan irão também cumprir a meta dentro da data prevista.
Por outro lado, outras marcas terão de acelerar os seus esforços de redução das emissões para cumprir a meta para 2021: a Fiat poderá demorar mais um ano (2022) e a BMW mais três anos (2024). Alguns fabricantes asiáticos de automóveis terão de fazer esforços adicionais para não perderem competitividade face às marcas europeias e atrasar o cumprimento da meta para além da data prevista, como a Suzuki (2023), a Hyundai e a Mazda (2025) e a Honda (2027). Estas marcas anunciaram, recentemente uma parceria para melhorar a eficiência dos seus motores em 30% até 2020. Esta análise não descarta o facto de que as marcas automóveis poderem recorrer a mecanismos de flexibilidade existentes na legislação para tornar mais fácil o cumprimento das metas de emissões da sua frota, como os supercréditos (por cada veículo de baixas emissões (inferiores a 50gCO2/km) introduzido no mercado, é permitida a venda de veículos altamente poluentes de forma faseada entre 2012 e 2023, sem que as emissões desses veículos sejam contabilizadas no cálculo das emissões médias desse fabricante (usadas para efeito de cumprimento dos limites de emissão).
O estudo da T&E opõe-se aos argumentos da indústria automóvel alemã, sobretudo marcas de veículos topo de gama que reclamavam mais tempo para cumprir as metas de emissões em 2015 e 2021. Os dados mostram que a capacidade dos fabricantes para atender aos padrões de eficiência de combustível e de emissões poluentes reside infelizmente mais em estratégicas próprias, incluindo o uso dos referidos super-créditos, não estando propriamente associada ao tipo e tamanho dos veículos que produzem como seria desejável.
Francisco Ferreira
Quercus