Jeep Wrangler Rubicon 2.2 CRD 4×4 Auto
Jeep
Wrangler
Rubicon 2.2 CRD 4x4 Auto
2018
Todo-o-terreno
3
Integral
2.2 Diesel
200/3500
160
9,6
6,5/7,4/9,0 (Extra-urbano/Combinado/Urbano)
195
59 500/ 63 850 (unidade testada)
Mecânica robusta e evoluída, Desempenho em TT, Imagem apelativa, Robustez e exclusividade, Versatilidade de utilização
Preço elevado, Configuração de dois lugares
Velocidade máxima anunciada (km/h) | 160 |
Acelerações (s) | |
0-100 km/h | 10,7 |
0-400 m | 17,6 |
0-1000 m | 32,6 |
Recuperações 60-100 km/h (s) | |
Em D | 7,0 |
Recuperações 80-120 km/h (s) | |
Em 4ª | 7,8 |
Distância de travagem (m) | |
100-0 km/h | 42 |
Consumos (l/100 km) | |
Estrada (80-100 km/h) | 6,4 |
Auto-estrada (120-140 km/h) | 8,9 |
Cidade | 10,9 |
Média ponderada (*) | 9,6 |
Autonomia média ponderada (km) | 687 |
(60% cidade+20% estrada+20% AE) | |
Medidas interiores (mm) | |
Largura à frente | 1390 |
Largura atrás | – |
Comprimento à frente | 1160 |
Comprimento atrás | – |
Altura à frente | 980 |
Altura atrás | – |
São remotas, quando não intrincadas, as origens e a história do automóvel que se pode considerar como o herdeiro mais do que espiritual do Willy’s, assim como da marca sob a qual é comercializado desde que, em 1987, foi lançada a sua primeira geração. Mas algo há que se mantém praticamente inalterado desde que, em 1940, nasceu esse emblemático veículo militar da II Guerra Mundial: um intenso foco na capacidade para progredir nos terrenos mais exigentes, ainda hoje presente nesse verdadeiro ícone da Jeep, e que é tanto mais evidente no protagonista deste ensaio – o novo Wrangler Rubicon 2.2 CRD 4×4 Auto.
Como é da praxe, esta é a variante mais capacitada para a prática do todo-o-terreno da nova geração do Wrangler, internamente conhecida pela sigla JL. Uma proposta oriunda de uma escola de que vão sendo cada vez mais raros os representantes; um autêntico “duro”, em que são determinantes factores como a resistência e a competência para progredir sobre todo o tipo de terreno, em boa parte assegurados pelo robusto châssis de longarinas e travessas, com eixos rígidos, molas helicoidais e barras estabilizadoras, sobre o qual assenta a carroçaria em aço. E que, no caso do Rubicon, são reforçados pelos eixos ainda mais robustos, pelo sistema de tracção integral mais evoluído, pela barra estabilizadora dianteira desligável e pelos pneus efectivamente vocacionados para o fora de estrada, trunfos que o tornam praticamente imparável no “TT”.
Mantendo-se a essência, foi, pois, no domínio dos auxiliares de condução, da conectividade e dos motores, com a introdução do bloco 2.0 a gasolina de 268 cv, e da unidade 2.2 turdodiesel de 200 cv montada na modelo em análise, que o novo Wrangler mais evoluiu face ao seu predecessor. A estética, essa, mantém-se fiel às origens, embora suficientemente adaptada aos tempos actuais: é absolutamente deliciosa, conta com vários elementos que evocam outras gerações do modelo (as dobradiças das portas, os fechos do capot, os faróis redondos, a grelha com sete barras verticais) e não permite identificar o Wrangler com qualquer outro veículo se não com um… Wrangler.
A verdade é que ninguém fica indiferente à sua passagem. E isto sem que seja necessário recorrer, sequer, aqueles artifícios destinados a aumentar ainda mais a sensação de liberdade de quem o conduz, ou nele segue a bordo, e o tornam ainda mais marcante e original: as portas e o pára-brisas dianteiro desmontáveis, ou o opcional hardtop removível, substituto da capota de lona incluída de série. Aqui, desde já, uma nota: se a respectiva secção dianteira (composta por dois painéis, cada qual com três fechos e um gancho) e fácil de desmontar a “solo”, já o painel traseiro exige mais tempo, e a ajuda de um segundo elemento para o manusear, seja pela sua dimensão, seja por obrigar a desmontar vários parafusos, assim como o limpa pára-brisas e o desembaciador traseiros.
No interior, os mais conhecedores do mercado não estranharão a lotação para apenas dois ocupantes, tendo os bancos traseiros sido suprimidos e colocada uma rede entre os dianteiros e o compartimento de bagagens. Peculiaridades de uma fiscalidade abusiva e aberrante, que faz com que o diferencial de preço para a versão de quatro portas e cinco lugares, exactamente com a mesma especificação, seja superior a 9000 euros!… Ou seja, quase o mesmo que aqui se poupou relativamente a uma hipotética versão de três portas e cinco lugares, como as que são comercializadas nos países mais “civilizados”.
Seja como for, os materiais utilizados são, na sua maioria, robustos, e a qualidade de construção e o rigor dos acabamentos de bom nível. Nesta versão de topo Rubicon, merecem também destaque o revestimento em pele com pespontos vermelhos dos bancos e da secção superior do tablier, e a faixa vermelha aplicada no painel frontal, elementos que acabam por contribuir, e muito, para um ambiente a bordo bastante aprazível. A que junta o delicioso pormenor do Willy’s estilizado que adorna o punho da alavanca de comando da caixa de velocidades, o mesmo que é pintado no rebordo das jantes.
Os bancos primam por conseguir proporcionar um elevado conforto em viagem e oferecer um apreciável apoio no fora de estrada ou quando se adoptam ritmos mais dinâmicos. Por outro lado, apesar dos inúmeros comandos dispostos em redor do condutor, o acesso aos mesmos é sempre fácil e a ergonomia bastante correcta, ao passo que o posto de condução elevado e dominador, mas acolhedor, permite controlar facilmente toda a envolvência – ainda que a perfectível visibilidade traseira seja, aqui, ainda mais condicionada pela referida rede de separação.
O espaço é mais do que suficiente para dois ocupantes, e a bagageira é, naturalmente, deveras ampla com esta configuração de interior – à mesma de acedendo através de um portão traseiro bipartido, em que óculo abre na vertical, e o próprio portão na horizontal. Menção final, neste capítulo, para o poderoso sistema de som, e para o painel de instrumentos e sistema de infoentretenimento, com ecrã táctil 8,4”, muito completos, fáceis de utilizar e com óptima legibilidade, e que na versão Rubicon incluem ecrãs Off Road específicos, com indicadores dos ângulos de inclinação e do funcionamento do sistema de tracção total.
Cerca de 20 mm mais largo, e 45 mm mais comprido entre eixos do que o seu antecessor, o novo Wrangler conta, ainda, com vias 25 mm mais largas e um peso que, agora, nesta versão a gasóleo, fica liminarmente abaixo das duas toneladas – quando, na geração anterior, ficava um pouco acima deste valor. Boas notícias para o motor 2.2 turbodiesel de 200 cv, com um binário máximo de 450 Nm logo às 2000 rpm, capaz de garantir prestações bastante aceitáveis para um veículo com as características e a vocação do Wrangler.
Face ao anterior modelo, animado por um motor 2.8 com a mesma potência, e 410 Nm de binário, o novo Wrangler 2.2 CRD é muito ligeiramente mais rápido nas acelerações e recuperações (já a velocidade máxima é 12 km/h inferior), e também muito ligeiramente mais económico a velocidades estabilizadas. Em termos práticos, e sem grandes preocupações com o pedal da direita, o consumo médio tenderá a rondar os 10,5 l/100 km, e a aflorar os 15,0 l/100 km quando da mecânica se pretende extrair todo o potencial, em especial no fora de estrada.
Maior evolução regista-se, todavia, em termos de agrado de condução. Seja pela introdução de uma caixa automática de oito relações, seja pela superior capacidade de resposta do motor a baixo regime (essencial, também, para o desempenho em “TT”), seja pelo funcionamento suave e silencioso q.b. deste último, que acaba por não perturbar excessivamente os ocupantes, a não ser em solicitação mais extremas. Um trunfo importante num automóvel repleto de elementos que não favorecem o isolamento térmico ou acústico do habitáculo, senhor de formas quadradas e pouco aerodinâmicas, e equipado com pneus em que o baixo ruído de rolamento não foi uma prioridade de desenvolvimento.
Dinamicamente, o novo Wrangler Rubicon 2.2 CRD 4×4 Auto também poucas surpresas apresentará aos mais conhecedores deste género de proposta, o que está (muito) longe de ser criticável. Sendo o comportamento em estrada muito são para um todo-o-terreno “puro e duro”: apesar da massa respeitável, de a suspensão macia e de curso longo permitir um acentuado adornar da carroçaria, e de os pneus não terem como principal atributo a eficácia sobre alcatrão (em especial quando este está molhado), acaba por curvar razoavelmente bem, graças a um controlo eficiente dos movimentos da carroçaria, e oferece um excelente conforto de marcha, mesmo em pisos mais degradados, absorvendo com grande competência mesmo as maiores irregularidades.
Como é da praxe, o que o Wrangler Rubicon 2.2 CRD 4×4 Auto exige, no dia-a-dia, especialmente a quem está mais habituado a automóveis “ligeiros”, é uma certa habituação, já que as suas reacções nunca são imprevisíveis ou difíceis de controlar – assim não se superam os limites da física. O “truque” passa, pois, em grande parte, por evitar excessos de optimismo, em especial em curva e nas travagens, já que os pneus tendem a alargar as distâncias, sobretudo em piso molhado.
Tudo isto muda quando se escolhem outras superfícies que não o alcatrão, e é isso que faz do Wrangler, em geral, e desta versão, em particular, uma proposta tão especial. Fora de estrada, o Rubicon conta com tal arsenal de argumentos, que o difícil pode ser ter a coragem suficiente para chegar tão longe quanto ele, e perceber onde, realmente, se encontram os seus limites. Vejam-se os seus ângulos característicos; e os atributos exclusivos desta variante: eixos Dana 44, ainda mais resistentes do que os das restantes versões do modelo; barra estabilizadora dianteira desligável, para conferir maior curso à suspensão anterior; e sistema de tracção integral Rock-Trac.
Aqui, o condutor tem à sua disposição quatro opções, podendo alternar entre o modo 2H, de tracção apenas traseira, e três de transmissão integral (a passagem de 4×2 para 4×4, e vice-versa, passa a poder ser feita em andamento, até aos 75 km/h). O 4H Auto gere automaticamente a repartição do binário entre os eixos, o que significa que, pela primeira vez, é possível ao Wrangler circular no modo 4×4 a qualquer velocidade, sobre qualquer tipo de piso. No modo 4H Part time, a repartição do torque entre os eixos passa a ser fixa; enquanto que no 4L são accionadas as “redutoras”, sendo que, no Rubicon, a caixa de transferências conta com uma relação ainda mais curta (4,0:1). Para além de tudo isto há que contar, ainda, com a possibilidade de bloquear, mediante uma simples pressão num botão, o diferencial traseiro, ou os diferenciais dianteiro e traseiro em simultâneo.
Com tão vasto leque de atributos, a que convém juntar uma direcção soberba no fora de estrada, e um conforto que se mantém em patamares invejáveis, é pois, no TT, que o Wrangler Rubicon 2.2 CRD 4×4 Auto alardeia todo o seu potencial, sendo raros os obstáculos que se lhe deparam que não esteja apto a superar. Mesmo quando quem segue ao volante teme ter exagerado, e colocado o modelo perante situações irresolúveis, a boa gestão dos seus recursos mecânicos, as mais das vezes, é o suficiente para seguir em frente, mesmo nas condições mais extremas. E, quando surgem os largos troços com pisos de menor aderência, recomenda-se fortemente aos mais experientes aproveitar a possibilidade de o controlo de estabilidade ser desligável para usufruir da muita emoção que uma condução mais acrobática deste “irredutível” é capaz de proporcionar.
Assim, e mesmo sendo este um automóvel, inequívoca e assumidamente de compromisso, o Jeep Wrangler Rubicon 2.2 CRD 4×4 Auto é, de facto, uma proposta com a qual acaba por não ser difícil o convívio quotidiano, sobretudo para quem aprecie a sensação de liberdade que o mesmo proporciona. Pena que a mesma esteja dependente de um investimento que aflora os sessenta mil euros, a que há que descontar os desconto de 5500 de que o modelo usufrui nesta fase de lançamento – e que pode, muito bem, ser aproveitado para instalar os extras presentes na unidade testada, ou alguns dos inúmeros acessórios existentes no catálogo da Mopar, a divisão de personalização do grupo FCA.
Motor | |
Tipo | 4 cil. linha Diesel, longit., diant. |
Cilindrada (cc) | 2143 |
Diâmetro x curso (mm) | 83,8x99,0 |
Taxa de compressão | 15,5:1 |
Distribuição | 2 v.e.c./16 válvulas |
Potência máxima (cv/rpm) | 200/3500 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 450/2000 |
Alimentação | injecção directa common-rail |
Sobrealimentação | turbocompressor VTG+intercooler |
Dimensões exteriores | |
Comprimento/largura/altura (mm) | 4334/1894/1879 |
Distância entre eixos (mm) | 2459 |
Largura de vias fte/trás (mm) | 1598/1598 |
Jantes – pneus | 7Jx17″ – 255/75 (BF Goodrich Mud-Terrain T/A) |
Pesos e capacidades | |
Peso (kg) | 1990 |
Relação peso/potência (kg/cv) | 9,95 |
Capacidade da mala/depósito (l) | 587/66 |
Transmissão | |
Tracção | Integral, inserível à frente |
Caixa de velocidades | automática de 8+m.a. com “redutoras” |
Direcção | |
Tipo | esferas recirculantes, com assistência hidráulica |
Diâmetro de viragem (m) | 10,36 |
Travões | |
Dianteiros (ø mm) | Discos ventilados (330) |
Traseiros (ø mm) | Discos maciços (342) |
Suspensões | |
Dianteira | Eixo-rígido com molas helicoidais |
Traseira | Eixo-rígido com molas helicoidais |
Barra estabilizadora frente/trás | sim/sim |
Aptidões TT | |
Ângulos de ataque/saída/ventral (º) | 36,4/30,8/25,8 |
Inclinação lateral máx./pendente máx.(º) | n.d./n.d. |
Altura ao solo/passagem a vau (mm) | 255/762 |
Garantias | |
Garantia geral | 5 anos ou 75 000 km |
Garantia de pintura | 2 anos |
Garantia anti-corrosão | 7 anos |
Intervalos entre manutenções | 20 000 km ou 12 meses |
Airbag para condutor e passageiro (desligável)
Airbags laterais dianteiros
Controlo electrónico de estabilidade
Controlo electrónico de descidas (Hill Descent Control)
Barras estabilizadoras desligáveis
Cintos dianteiros com pré-tensores
Ar condicionado automático bizona
Computador de bordo
Cruise-control+limitador de velocidade
Bancos do condutor com regulação em altura+lombar
Volante em pele multifunções regulável em altura/alcance
Vidros dianteiros eléctricos
Rádio com ecrá táctil de 8,4"/leitor de mp3/tomadas USB+Aux
Sistema de som Alpine com nove altifalantes
Iluminação ambiente por LED
Retrovisores exteriores eléctricos+aquecidos
Retrovisor interior electrocromático
Vidros traseiros escurecidos
Acesso+arranque sem chave
Faróis de nevoeiro
Sensor de luz
Sensores de estacionamento dianteiros+traseiros
Câmara de estacionamento traseira
Jantes de liga leve de 17”
Sistema de monitorização da pressão dos pneus
Pneu sobressalente de dimensões normais
Soft-top em preto
Tomadas de 12 Volt na consola central+bagageira
Hard-top de cor preta desmontável (€1600)
Pintura especial Vermelho Firecracker (950)
Pack Confort & Convenience (€400)
Pack de Lançamento (€1800 – inclui: Pack Visibility; Pack Lighting; Estofos em pele; Aplicações vermnelhas no interior; Bancos dianteiros aquecidos; sistema de infoentretenimento Uconnect com ecrã táctil de 8,4", leitor de mp3, tomadas Aux/USB, maõs-livres Bluetooth e navegação)