Kia e-Niro Tech
Kia
Niro
e-Niro Tech
2020
Familiares compactos
5
Dianteira
Eléctrico
204/3800-8000
167
7,8
455 (Ciclo combinado WLTP)
€45 500
Consumos, Autonomia, Mecânica evoluída, Acelerações e reprises, Conforto, Facilidade de utilização, Equipamento
Dificuldade do eixo dianteiro em lidar com o (imenso) binário disponível, Preço, Alguns plásticos interiores
Velocidade máxima anunciada (km/h) | 167 |
Acelerações (s) | |
0-100 km/h | 7,4 |
0-400 m | 13,8 |
0-1000 m | 28,9 |
Recuperações 60-100 km/h (s) | |
Em D | 4,1 |
Recuperações 80-120 km/h (s) | |
Em D | 4,6 |
Distância de travagem (m) | |
100-0 km/h | 38,5 |
Consumos (kWh/100 km) | |
Estrada (80-100 km/h) | 12,2 |
Auto-estrada (120-140 km/h) | 19,1 |
Cidade | 12,6 |
Média ponderada (*) | 13,82 |
Autonomia média ponderada (km) | 463 |
(60% cidade+20% estrada+20% AE) | |
Medidas interiores (mm) | |
Largura à frente | 1460 |
Largura atrás | 1420 |
Comprimento à frente | 1100 |
Comprimento atrás | 820 |
Altura à frente | 1000 |
Altura atrás | 940 |
Com o lançamento do novo e-Niro Tech, aqui em ensaio, a Kia dá um passo fundamental no alargamento da sua oferta de modelos de propulsão exclusivamente eléctrica. E isto porque este não é apenas mais um automóvel eléctrico: é, sobretudo, uma das propostas do género com maior autonomia do mercado, para mais disponibilizada a um preço que, não estando, de todo, ao alcance da maioria, também não é tão inacessível quanto o praticado por modelos mais “exóticos” com idênticas competências neste particular.
Mas já lá iremos. Antes disso, importa salientar que o e-Niro Tech é, no essencial, um Niro, ou seja, caracterizado pela esmagadora maioria das qualidades e defeitos já conhecidos dos restantes membros desta família. Por exemplo, o facto de a marca sul-coreana o considerar um SUV, até fornecendo alguns dados relativos às suas supostas aptidões todo-o-terreno (como ângulos de ataque e de saída, e altura ao solo), mas acabando por ser, na prática, um familiar compacto com um ar mais aventureiro e competências fora de estrada muito limitadas. Na melhor das hipóteses, será um crossover, e só na aparência, o que também está longe de ser criticável, dado que a tendência actual do mercado, nesta matéria, tende a valorizar mais o “parecer” do que, propriamente, o “ser”.
Visualmente, também pouco há a acrescentar ao já conhecido dos restantes Niro. Dos quais o e-Niro Tech se distingue, essencialmente, pela grelha fechada, na qual foi instalada a portinhola de carregamento da bateria; pelas aplicações em azul nalguns pontos da carroçaria (molduras da tomada de ar frontal, dos faróis de nevoeiro dianteiros e dos farolins inferiores traseiros); pelas jantes de desenho específico, aerodinamicamente optimizadas; e pelos logótipos e emblemas identificativos desta versão, colocados na frente e na traseira.
Também no interior, as diferenças são diminutas e, na sua maioria, decorrentes do facto de se tratar este de um automóvel eléctrico, com funções e funcionalidades muito particulares. Neste domínio se incluindo, por exemplo, os menus específicos do sistema de bordo e do ecrã informativo existente no painel de instrumentos; o comando rotativo da transmissão, montado na base da consola central; alguns botões de comando; e as aplicações decorativas no mesmo tom de azul já utilizado, com o mesmo fim, na carroçaria.
Ainda assim, valerá a pena recordar alguns atributos do habitáculo. Como uma qualidade geral bastante razoável, menos garantida pelos plásticos, na sua maioria duros e pouco nobres, aqui e ali conjugados com outros mais macios e convincentes, do que pela solidez proporcionada pelo rigor da montagem e pela perfeição dos acabamentos. O espaço habitável é digno dos maiores encómios, nomeadamente o disponibilizado para as pernas dos ocupantes do banco traseiro (capaz de fazer inveja a muitos modelos de segmentos superiores), ao passo que a generosa bagageira terá como ponto mais criticável um plano de carga alvo elevado, que não é o que mais facilita o manuseamento de objectos mais volumosos ou pesados.
Nota positiva, igualmente, para o posto de condução: algo elevado, como exigem os indefectíveis dos SUV, mas não excessivamente, é bastante correcto, permitindo à maioria encontrar fácil e rapidamente a melhor posição ao volante. De igual modo, o painel de instrumento totalmente digital é deveras legível e informativo, tal como o ecrã do completo sistema de infoentretenimento, que beneficia, ainda, de uma operação muito intuitiva, não obstante o grafismo algo simplista. Só é pena, pois, que a Kia, como a maioria dos construtores orientais, continue a preferir a zona à esquerda do volante, local que está longe de ser o mais visível e acessível, para colocar diversos botões.
Chegado o momento de avaliar aquilo que, efectivamente, faz a diferença no e-Niro Tech, convém recordar que a Kia integra um grande grupo automóvel, e, como tal, é mais do que expectável que disso pretenda retirar os maiores dividendos. Não surpreendendo, por isso, que a plataforma do modelo seja a mesma dos seus “primos” Ioniq e do Kauai, da Hyundai, embora de distinguindo da versão eléctrica do primeiro por contar com uma evoluída suspensão traseira do tipo multilink, e da do segundo por contar com uma distância entre eixos superior em 10 mm. Quanto o motor e bateria, são os mesmos da versão mais dotada do Kauai EV.
Significa isto que o motor oferece nada menos do que 204 cv e um excelente binário instantâneo de 395 Nm, ao passo que a bateria de polímeros de iões de lítio conta com uns não menos interessantes 64 kWh de capacidade. Daqui resultando, desde logo, prestações reais dignas de registo em termos de acelerações e reprises (7,4 segundos nos 0-100 km/h, 4,1 segundos nos 60-100 km/h e 4,6 segundos nos 80-120 km/h, valores capazes de envergonhar muitos pretensos desportivos com motor térmico), ao passo que a velocidade está electronicamente limitada a 167 km/h, para não comprometer excessivamente a autonomia.
Autonomia que, como é óbvio, é outro dos grandes motivos de interesse do e-Niro Tech. Oficialmente, a Kia anuncia 455 km no ciclo WLTP, mas a verdade é que, numa utilização convencional, sem grandes condicionalismos, respeitando os limites de velocidade e as regras elementares de urbanidade, a média combinada deste teste já se traduz num máximo de 463 km, sendo fácil superar os 500 km percorridos em meio urbano com uma única carga de bateria. Já quem pretender adoptar ritmos mais dinâmicos deverá ter em conta que, numa toada mais intensa, não é difícil a média de consumo aflorar os 20-22 kWh/100 km, o que dará para percorrer quase 300 km; ao passo que uma condução nos limites tenderá a fazer disparar a média para cerca de 40 kWh/100 km, dificilmente se percorrendo, neste caso, duas centenas de quilómetros.
Referência, igualmente, para a recarga da bateria. Como o e-Niro Tech aceita praticamente todos os tipos de carregamento actualmente disponíveis, o tempo despendido a repor a sua autonomia irá variar em função da solução escolhida: 54 minutos para 80% da carga em postos de corrente contínua a 100 kW (para quem consiga aos mesmos aceder…); 75 minutos para 80% da carga em postos de corrente contínua a 50 kW; 5h50m em carregadores de 11 kW; 9h00m em carregadores de 7,2 kW; 29h00 numa vulgar tomada de corrente doméstica.
Já ao volante, é útil começar por referir que o e-Niro Tech oferece quando modos de condução, em que, para além do “peso” da direcção, variam, acima de tudo, a resposta ao pedal do acelerador e a intensidade pré-definida da regeneração de energia em desaceleração: Eco (nível 2 de intensidade); Eco+ (nível 2 de intensidade e velocidade máxima limitada a 90 km/h, a não ser que se esmague o pedal da direita, vencendo a pressão da mola do kickdown); Normal (nível 1 de intensidade) e Sport (nível 2 de intensidade). Em qualquer destes modos, é possível, através das patilhas colocadas no volante, alternar entre os níveis 3 e 0 de regeneração de energia, impondo-se aqui sublinhar que, após algum tempo de habituação, é bastante fácil gerir esta função, o que torna numa espécie de desafio o não utilizar o travão em boa parte das situações de condução, com óbvios benefícios para a autonomia.
Das palavras à acção: a par de um silêncio quase absoluto, em que praticamente só são audíveis o ruído de rolamento dos pneus e da deslocação do ar, o que primeiro impressiona no e-Niro Tech, quando conduzido da forma para que foi concebido, é a autonomia, assim como a forma imediata como o motor responde a todas as solicitações do condutor. O que se traduz numa condução tão fácil quanto agradável, até porque, as mais das vezes, o conforto de marcha é de nível elevado, com a suspensão a absorver com apreciável competência os desníveis e irregularidades do piso, mesmo os mais acentuados, a que se junta um comportamento dinâmico equilibrado, honesto e previsível.
A grande questão é que o modelo pode revestir-se de uma personalidade substancialmente distinta devido às suas óptimas prestações, já que a mecânica garante uma aceleração intensa e contínua, praticamente sem interrupções, desce o arranque até aos 180 km/h no velocímetro, a que juntam recuperações de idêntico calibre. Ou seja, um atributo que facilmente impelirá os condutores mais dinâmicos a adoptar um estilo de condução mais vivo, a que o e-Niro Tech acabr por se prestar, mas que não é a sua principal vocação, logo, tem as suas implicações.
A mais notória, até pelo recurso a um equipamento pneumático mais orientado para a eficiência combustível do que para a máxima aderência, será a dificuldade que o eixo dianteiro exibe em lidar com o elevado binário instantâneo nas solicitações mais intensas: acelerar a fundo abaixo dos 50 km/h, com a electrónica desligada (o ESP é desligável em duas fases), implica percorrer dezenas de metros com as rodas a patinar, o que é acompanhado de uma estridente chiadeira, e de uma nuvem de fumo, visível através dos retrovisores, que denotam o acentuado desgaste dos pneus (confirmado pelo intenso cheiro a borracha queimada que invade o habitáculo). O mesmo tipo de abuso sobre o pedal da direita à saída das curvas traduz-se num acentuar da frente para alargar a trajectória, com a roda interior dianteira a ser, aqui, a mais sacrificada, o que obriga a redobrados cuidados com o volante quando as rodas voltam a ganhar tracção, devido à intensidade com que, a partir de então, se ganha velocidade.
Por tudo isto, quem pretender um pouco mais de dinamismo, de emoção, até, ao volante, deverá possuir a capacidade de dosear com precisão a pressão sobre o acelerador, sob pena de não só não alcançar o objectivo pretendido, como de correr riscos desnecessários, porque inúteis em termos de eficácia dinâmica. Assim sendo, na maioria dos casos, o melhor, mesmo, será, porventura, manter a electrónica toda ligada, até porque o ESP não é demasiado brusco nem excessivamente interventivo nas suas acções, acabando por gerir as situações mais exigentes de forma mais rápida e eficaz (e segura…) do que a generalidade dos condutores.
Por outro lado, mesmo sendo a direcção suficientemente directa, rápida e comunicativa, convém não esquecer que o e-Niro Tech pode ser um (muito) veloz familiar, mas está desprovido que qualquer pretensão desportiva. O que significa que o amortecimento macio não só permite algum adornar em curva, como pode causar algumas dificuldades de controlo do veículo aos mais impetuosos, sobretudo com o ESP desligado, quando das transferências de massa mais intensas e abruptas. Nota final, neste particular, para o sistema de travagem, que não só tem que lidar com os 450 kg de peso extra impostos pela bateria, como não é o mais progressivo e ainda padece de um tacto algo artificial, o que também obriga a alguma habituação.
Seja como for, nada disto influi na apreciação global final de que o novo e-Niro Tech é justo merecedor. Quando utilizado da forma para que foi concebido, é um automóvel extremamente convincente, confortável e equilibrado, como uma autonomia já muito apreciável, senhor de todos os predicados exigidos a um familiar deste segmento, a que se junta um muito completo equipamento de série – uma das melhores propostas do momento na sua categoria. O preço não é dos mais acessíveis, embora não seja muito dissonante do praticado a este nível; já a garantia de 7 anos, sem limite de quilómetros nos primeiros três anos, extensível à bateria, uma referência do mercado entre os modelos animados por motores térmicos, já não é a mais completa nesta categoria – o próprio Hyundai Kauai, assente na mesma base mecânica, oferece, para as baterias, 8 anos ou 200 000 km.
Motor | |
Tipo | Síncrono de íman permanente, transv., diant. |
Potência máxima (kW-cv/rpm) | 150-204/3800-8000 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 395/0-3600 |
Corrente | Alternada |
Bateria | |
Tipo | Polímeros de iões de lítio |
Voltagem (V) | 356 |
Capacidade (kWh) | 64 |
Tempo de recarga | 54 m (80% em carga rápida 100 kW); 75 m (80% em carga rápida 50 kW); 5h50m (carregador 11 kW); 9h00m (carregador 7,2 kW); 29h00m (ligação doméstica) |
Dimensões exteriores | |
Comprimento/largura/altura (mm) | 4375/1805/1560 |
Distância entre eixos (mm) | 2700 |
Largura de vias fte/trás (mm) | 1576/1585 |
Jantes – pneus | 7Jx17" – 215/55 (Michelin Primacy 3) |
Pesos e capacidades | |
Peso (kg) | 1737 |
Relação peso/potência (kg/cv) | 8,51 |
Capacidade da mala | 451-1405 |
Transmissão | |
Tracção | Dianteira |
Caixa de velocidades | Grupo redutor, 1 vel.+m.a. |
Direcção | |
Tipo | cremalheira com assistência eléctrica variável |
Diâmetro de viragem (m) | 10,6 |
Travões | |
Dianteiros (ø mm) | Discos ventilados (305) |
Traseiros (ø mm) | Discos maciços (300) |
Suspensões | |
Dianteira | MacPherson |
Traseira | Multilink |
Barra estabilizadora frente/trás | sim/sim |
Aptidões TT | |
Ângulos de ataque/saída/ventral (º) | 16,6/29,0/n.d. |
Inclinação lateral máx./pendente máx.(º) | n.d./n.d. |
Altura ao solo/passagem a vau (mm) | 155/n.d. |
Garantias | |
Garantia geral | 7 anos ou 150 000 km (s/limite de km nos primeiros 3 anos) |
Garantia de pintura | 5 anos ou 150 000 km |
Garantia anti-corrosão | 12 anos |
Garantia da bateria | 7 anos ou 150 000 km (s/limite de km nos primeiros 3 anos) |
Intervalos entre manutenções | 30 000 km ou 24 meses |
Airbag para condutor e passageiro (desligável)
Airbags laterais dianteiros
Airbags de cortina
Airbag para os joelhos do condutor
Controlo electrónico de estabilidade
Travagem autónoma de emergência com alerta de colisão frontal
Assistente à manutenção na faixa de rodagem
Assistente de fila de trânsito
Sistema de monitorização do ângulo morto
Cintos dianteiros com pré-tensores e limitadores de esforço
Fixações Isofix
Assistente aos arranques em subida
Travão de estacionamento eléctrico
Ar condicionado automático bizona
Computador de bordo
Bancos dianteiros reguláveis em altura (condutor eléctrico+apoio lombar)
Bancos parcialmente em pele
Banco traseiro rebatível 60/40
Volante em pele regulável em altura+profundidade
Volante multifunções
Direcção com assistência eléctrica
Sistema de infoentretenimento com ecrã táctil de 10,5"+leitor de mp3+6 altifalantes+entradas USB/Aux
Mãos-livres Bluetooth
Sistema de Navegação
Carregador por indução para smartphones
Vidros eléctricos FR/TR
Vidros traseiros escurecidos
Retrovisores exteriores eléctricos+aquecidos+rebatíveis electricamente
Retrovisor interior electrocromático
Cruise control adaptativo com função Stop&Go+limitador de velocidade
Alarme
Acesso+arranque sem chave
Sensor de luz+chuva
Sensores de estacionamento FR+TR
Câmara de estacionamento traseira
Iluminação exterior integralmente por LED
Jantes de liga leve de 17″
Pneu sobressalente de emergência
Sistema de monitorização da pressão dos pneus
Barras de tejadilho