Kia Picanto 1.0 GPL More

De vocação eminentemente citadina, o Picanto conjuga facilidade de condução com um conforto apreciável

Simples mas funcional, o interior não é muito afectado pelos ruídos parasitas

Bem pensada, a inclusão de um indicador do nível de combustível para cada depósito, e ainda para mais cada qual contando com a sua luz de reserva

Exteriomente, a sigla LPG é o úbnico detalhe que distingue esta versão bifuel dos restantes Picanto

Se o condutor assim o pretender, pode forçar o funcionamento a GPL através de um botão instalado no tablier

O depósito de GPL conta com uma capacidade de 27 litros

As ligações a dispositivos áudio externos são de série no nível de equipamento More

O espaço atrás está ao nível do esperado de um citadino

Como é da praxe, o bocal de enchimento do depósito de GPL está ao lado do de gasolina

Seguindo a nova tendência do mercado para reapostar nos automóveis a GPL, a Kia acaba de lançar entre nós a versão do seu citadino apta a consumir gasolina e, também, este derivado do petróleo menos prejudicial para o ambiente e, sobretudo, bastante mais barato. Disponível apenas com o nível de equipamento More, o Kia Picanto 1.0 GPL pouca diferença faz para o seu “irmão” apenas a gasolina, equipado com o mesmo motor tricilíndrico de 998 cc e 67 cv, excepção feita à sigla LPG (acrónimo inglês correspondente ao nosso GPL) e a alguns detalhes interiores.

Por isso, as linhas simples e discretas são as já conhecidas, o mesmo acontecendo com o habitáculo, singelo no design e na decoração, pautado por materiais modestos compensados por uma montagem de apreciável rigor para este segmento. O espaço é interessante para a classe, o acesso aos lugares traseiros facilitado pelo generoso ângulo de abertura das portas posteriores, e a mala oferece uma capacidade mínima (apenas 152 litros, menos 48 litros do que os restantes Picanto, por ter sido na bagageira que foi instalado o depósito de GPL com 27 litros), mas possível de ampliar através do rebatimento assimétrico do banco traseiro.

Por ter instalado sob o respectivo piso o depósito de GPL, a já de si pequena mala viu a sua capacidade ser reduzida em 48 litros

O motor, com a característica sonoridade das unidades de três cilindros, é honesto e cumpre com o exigível a um automóvel vocacionado para a cidade. Para poder consumir GPL, recebeu um módulo de injecção específico, um filtro, uma válvula solenóide e um pulverizador que faz passar ao estado gasoso o GPL líquido contido no depósito, através da redução em 0,7 bar da pressão a que este está sujeito.

Quando do arranque, o motor consome sempre gasolina, até que a temperatura de funcionamento seja a ideal para passar automaticamente ao modo GPL. Se o condutor assim o pretender, pode forçar a utilização do modo gasolina através de um botão existente para tal no tablier, à esquerda do volante. A transição entre os dois modos é imperceptível para quem segue a bordo (apenas se acende uma luz verde com a inscriçãoo “GSL” no painel de instrumentos), sendo de aplaudir a inclusão de um indicador de nível de combustível para cada um dos depósitos, tanto mais que qualquer um deles possui a sua própria luz de reserva.

A transformação do Picanto 1.0 GPL, oriunda de fábrica, incrementou o peso do conjunto em 51 kg, o que levou a Kia a operar um ligeira reajuste na transmissão, encurtando em 8,6% a relação final, para que o nível prestacional fosse equivalente ao da versão a gasolina – intento que foi alcançado. Já quando a consumir GPL, e como é habitual nestes casos, este Picanto é mais lento tanto nas acelerações como nas reprises, além de que regista consumos mais elevados, mas ainda assim compensados pela diferença de preço existente entre os dois combustíveis.

Para não prejudicar as prestações permitidas pelo motor de três cilindros, 998 cc e 67 cv, a transmissão foi ligeiramente encurtada. No modo GPL, as acelerações e reprises são mais lentas, e os consumos mais elevados

Nada que manche, ainda assim, o desempenho dinâmico de um citadino que se desembaraça bem no trânsito urbano, que oferece um bom compromisso entre eficácia e conforto, e em que a curta distância entre eixos, conjugada com as jantes de 13” e a ausência de ESP, até pode proporcionar alguns momentos de divertimento aos mais afoitos, com travões e direcção a cumprirem o seu papel de forma meritória, ao contrário da caixa de velocidades, que está longe de ser um exemplo de precisão ou rapidez.

Mas mais importante do que tudo isto será analisar o posicionamento comercial do Picanto 1.0 GPL: proposto por €12 920, é €1300 mais caro do que a versão equivalente apenas a gasolina, o que significa que, tendo em conta a diferença média de preço entre o GPL e a gasolina à data deste ensaio, e os consumos por nós registados, serão precisos pouco mais de 37 mil quilómetros para amortizar o investimento – e isto se, durante esse período, se consumir apenas GPL. Contudo, a Kia tem em vigor actualmente uma campanha de desconto que reduz em €1500 o preço da versão GPL, e em €1100 o da variante a gasolina, pelo que a diferença entre ambas passa a ser de €900, amortizáveis (segundo o mesmo raciocínio) em pouco menos de 26 mil quilómetros.

Perante isto, e como alguém ficou célebre por dizê-lo, a partir daqui, é fazer as contas… Valendo ainda a pena salientar que, por via da sua capacidade para consumir estes dois combustíveis, a autonomia máxima do Picanto 1.0 GPL More pode ficar muito próxima do milhar de quilómetros, o que não é, propriamente, vulgar a este nível. E que esta pode muito bem ser uma opção a ter em conta para quem esteja comprador de um automóvel deste segmento, mas equipado com motor Diesel.