Lancia Ypsilon 1.2 69 cv Fashion

Se automóveis há que fazem jus ao seu nome, a série especial Lancia Ypsilon Fashion é, sem sombra de dúvida, um deles. Dos nomes das várias capitais europeias de Moda inscritos no tablier e nos pilares B (menção para a engenhosa inclusão da letra Y nestes nomes, como em “Mylan” ou “Parys”, uma forma de promover o nome do modelo transalpino) à assinatura Y inscrita com brilhantes nos tapetes dianteiros, passando pela cor fúcsia, o Lancia Ypsilon Fashion revela a aposta que a marca italiana resolveu fazer no público feminino ao criar esta série especial, com vários elementos que fazem deste um modelo, lá está, fashion. O que explica alguns sorrisos nas caras dos transeuntes quando de dentro do utilitário italiano sai um homem de grande porte e com barba… Ainda no exterior, as linhas fluidas deste Ypsilon revelam o desejo elitista do construtor italiano, merecendo destaque a inteligente solução encontrada para esconder os puxadores das portas traseiras nos pilares C, assim como os enormes “Y” em fúcsia colocados no centro dos tampões negros que escondem as jantes em aço de 15″ que esquipam este Ypsilon Fashion.

O interior do Ypsilon Fashion conta com materiais de boa qualidade e com pormenores dignos do nome desta série especial…

Acedendo ao habitáculo encontramos mais elementos que contribuem para a aura fashion que paira sobre este modelo: as costuras dos estofos, volante e comando da caixa de velocidades são em fúcsia, condizendo com a cor da carroçaria; a mesma cor que encontramos nos dois “Y” de generosas dimensões bordados nos encostos de cabeça dianteiros e, novamente, os nomes de várias capitais europeias de Moda, tanto nos encostos dos bancos como no tablier.

De resto, nada a apontar ao design adoptado por este citadino, com destaque para a qualidade dos materiais utilizados, de tacto agradável, apesar de ainda perdurarem alguns plásticos duros num conjunto que não evidencia folgas na montagem. Menção ainda para o posicionamento do painel de instrumentos ao centro do tablier e encimando a consola central, uma solução que aumenta a visibilidade das pessoas de menor estatura e que resulta muito bem em termos estéticos.

Assim que ocupamos o lugar do condutor, percebemos que alcançar a posição de condução ideal requer algum empenho, muito por força da falta de regulação em profundidade do volante multifunções; e que os espaços de arrumação para pequenos objectos são parcos, pouco mais havendo que as bolsas das portas (algo que não preocupará o público-alvo deste modelo, o feminino). Mas o condutor goza de uma boa localização de todos os comandos, incluindo o da caixa de velocidades, montada numa posição mais elevada e fazendo parte integrante da consola central.

Atrás o acesso é mais apertado, mas o espaço para os ocupantes não compromete em demasia. O que também não compromete são os 245 litros da bagageira, extensíveis através do rebatimento assimétrico do banco traseiro, que se revelaram uma verdadeira surpresa na hora de transprotar para casa as compras do mês.

A condução é emotiva se for feita a ritmos mais elevados, o que, infelizmente, prejudica os consumos…

Quando pomos em marcha o “eterno” motor de 1,2 litros e 69 cv que anima este Ypsilon Fashion, e nos fazemos à estrada, damos conta da sua escassez de argumentos, faltando-lhe algum fôlego, especialmente durante as recuperações – algo que acaba por se não estranhar numa unidade já com tantos anos no activo. Apesar disso, não é difícil fazer uma condução emotiva com o pequeno modelo italiano, embora, caso tal se pretenda, seja necessário manter o motor em regimes mais elevados, sempre próximo ou acima das 3000 rpm, o que prejudicará, claro, os consumos, que já de si são ligeiramente maiores do que o prometido pela Lancia.

Nas nossas medições, não conseguimos melhor do que uma média de 5,8 l/100 km, um aumento considerável face aos 4,9 l/100 km anunciados pelo construtor transalpino. Isto apesar de este Ypsilon Fashion estar equipado de série com um indicador de mudança ideal a utilizar e ainda com um sistema start/stop, cujo funcionamento poderia ser mais rápido quando carregamos na embraiagem depois de estarmos parados, por exemplo, num semáforo – nada a que não nos habituemos facilmente e que acaba por não comprometer em demasia a experiência de condução.

Ainda neste domínio aponte-se o bom escalonamento da caixa de velocidades e a sua facilidade de manuseamento, bem como a assistência variável da direcção, que se vai tornando mais “pesada” à medida que a velocidade aumenta (embora acabe sempre por ser demasiado filtrada) e que dispõe ainda do já célebre City, para facilitar as manobras em cidade. De resto, apesar de privilegiar o conforto, o Ypsilon Fashion apresenta um pisar sólido o suficiente, sem adornar excessivamente nas curvas feitas a velocidades mais elevadas, quase fazendo esquecer a falta de um sistema de controlo de estabilidade. Quase…

Proposto promocionalmente por €12 750 até ao final do mês de Agosto de 2013 – depois disso, o preço sobe para €14 450, a série especial Ypsilon Fashion revela-se uma proposta que, apesar de claramente virada para o público feminino, pode ser utilizada por todos, especialmente por homens que estejam seguros o suficiente da sua masculinidade para poderem mostrar aos amigos o seu novo automóvel com tapetes com brilhantes – inclusive os de grande porte e com barba!… Em todo o caso, pode sempre dizer que é da sua mãe, namorada ou irmã, e que só está atrás do volante porque o seu automóvel está na oficina…