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Não escreva, telefone!

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Não escreva, telefone!

Um estudo realizado pela Ford na Europa, e de que aqui demos conta há dois dias atrás, concluía que 25% dos jovens europeus já tirou uma “selfie” ao volante. Só por si, este dado já seria alarmante, mas o estudo em questão, a pecar, será apenas por defeito, já que subsistirão poucas dúvidas que o relacionamento entre os condutores e aquela que deveria ser a sua principal tarefa a bordo de um automóvel é bem mais preocupante.

Nesta época dominada pelos “smartphones”, por vezes, parece que a inteligência de boa parte dos condutores reduz-se na razão directa em que aumenta a dos aparelhos de comunicação que utilizam. Mais: não me parece que o fenómeno se limite sequer aos jovens entre os 18 e os 24 anos visados pelo estudo, e muito menos que esteja confinado às célebres “selfies”.

Faço notar que nada me move em especial contra as redes sociais, ou contra a moda de cada qual partilhar com o mundo em geral momentos da sua vida privada (ou, no mínimo, pessoal). Mas creio ser do mais elementar bom senso que se, para o fazer, coloca em risco a sua segurança e a dos outros, então será algo a evitar. E a reprimir.

E bem estaríamos se o problema da relação entre o volante e os telemóveis pudesse ser reduzido aos jovens e aos “auto-retratos”. A verdade é que começa a ser insuportável a quantidade de automobilistas que se acha com capacidade para, ao mesmo tempo, conduzir o seu veículo e… enviar mensagens escritas! Uma praga que não escolhe idade, sexo, religião ou profissão – incluindo motoristas de transportes públicos! Sim, é verdade, motoristas de autocarros e os chamados “guarda-freio” dos eléctricos de Lisboa.

Se calhar, sendo já tantos, sou eu que já estou a ficar “démodé”… “Démodé” e nostálgico. Com saudades daqueles tempos em que os mais afoitos (e já não eram poucos) o mais que faziam era conduzir com uma mão e falar ao telemóvel com a outra – sempre mantinham, se não a concentração, pelo menos os olhos nas estrada. Hoje, é vê-los, logo à distância, de cabeça baixa, a teclar furiosamente enquanto o seu automóvel vai bailando entre faixas à nossa frente. Ao ponto de chegar a apetecer dizer-lhes o que nunca se pensou defender: “Não escreva, telefone”… E, já agora, perguntar a quem de direito: se são tantos – e são-no! –, como é possível continuar a ver as autoridades de fiscalização tão concentradas nas emboscadas da praxe, e a fazer vista grossa a este autêntico atentado à segurança de todos?

António de Sousa Pereira
Director da Absolute Motors

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