Opel Corsa OPC

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As bacquets Recaro são muito boas, pecando apenas por roubar um pouco de espaço atrás

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O Pack Performance inclui, também, os travões Brembo com discos dianteiros de maiores dimensões

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Com o Pack Performance, as jantes de 17" dão lugar a umas de 18", revestidas por pneus Michelin Pilot Super Sport

Apesar da sua vocação desportiva, o OPC tem a mesma capacidade para transportar a família que qualquer outro Corsa de três portas

Opel Corsa OPC

Não é necessária uma observação muito demorada para perceber que este não é um Opel Corsa qualquer: as entradas de ar de maiores dimensões, o deflector montado no topo do portão traseiro, as duas ponteiras de escape integradas no agressivo difusor traseiro e as jantes escurecidas são, por si só, elementos que o confirmam. Qualquer dúvida que ainda subsistisse, seria de imediato dissipada pelo azul “eléctrico” em que  pintada a carroçaria e, principalmente, pela sigla colocada no portão traseiro: este é o novo Corsa OPC, a mais radical variante do momento do utilitário da Opel.

Atentando no habitáculo, e não obstante a característica sobriedade (quase austera) germânica, também não faltam indicadores da vocação deste pequeno desportivo: imponentes bacquets Recaro; volante com base plana; pedaleira metálica; instrumentação (muito clara e legível) e punho da alavanca de comando da caixa com inscrição OPC, naquele tão característico azul da divisão desportiva da Opel. Ainda antes de passar à acção, referência para as generosas habitabilidade e capacidade da bagageira, para o acesso relativamente fácil aos lugares traseiros (para um utilitário de três portas) e para uma qualidade de materiais e de construção de nível nitidamente superior ao oferecido pela maioria dos seus rivais – e em que a sensação de robustez sugerida pelo olhar e pelo tacto é plenamente confirmada pela quase ausência de ruídos parasitas, mesmo nos pisos mais demolidores.

Marcado pela sobriedade, ainda assim o interior conta com os elementos que confirmam a vocação do Corsa OPC

No capítulo mecânico, para desenvolver o novo Corsa OPC, a Opel começou por decidir voltar a confiar no quatro cilindros sobrealimentado de 1,6 litros e convencional injecção multiponto que já animava o modelo da anterior geração (então com 192 cv), para tirar partido da sua proverbial fiabilidade. Mas sem deixar de o sujeitar a algumas melhorias e evoluções, que permitiram incrementar a potência para 207 cv, ao passo que o binário máximo evoluiu para 245 Nm e mantém-se constante entre as 1900 rpm e as 5800 rpm, mas podendo atingir picos de 280 Nm em overboost sempre que as circunstâncias o exijam.

O lote de atributos mecânicos do Corsa OPC integra ainda o escape Remus e os amortecedores Koni FSD, com amortecimento de frequência selectiva, e em que as forças do amortecimento se ajustam à frequência de trabalho da suspensão, trunfo que, fundamentalmente, incrementa o conforto sempre que o ritmo imposto não é o mais exigente, em particular em piso degradado. Opcionalmente, e por €2400, é proposto para o modelo o chamado Pack Performance, que muito se recomenda (já veremos porquê) e surgia montada na unidade testada, incluindo o diferencial dianteiro autoblocante mecânico a 46% de origem Drexler, do tipo multidiscos viscoso; as jantes de 18” (17” de série); os pneus Michelin Pilot Super Sport de medida 215/40; a suspensão de afinação ainda mais desportiva; e o sistema de travagem Brembo com discos dianteiros 330 mm (de 308 mm de série).

Ainda com injecção multiponto, o motor 1.6 turbo oferece agora 207 cv, e um binário máximo que pode chegar aos 280 Nm em overboost

Enfim no lugar mais apetecido a bordo do Corsa OPC, menção para o excelente encaixe garantido pelas bacquets (que só pecam por roubarem um pouco do espaço para pernas disponível atrás), para a correcta posição de condução (mesmo que um pouco mais elevada do que o inicialmente esperado) e para a irrepreensível pega do volante. Nos primeiros quilómetros, os primeiros elogios vão para o relativo conforto de marcha (cortesia de uma suspensão que não é drasticamente dura) e para a facilidade condução, mesmo a ritmo moderado e em ambiente citadino, fruto da linearidade do motor e de um escalonamento da caixa de velocidades pensado, também, para tirar partido da sua curva de binário e contribuir para a obtenção dos consumos comedidos a velocidades estabilizadas.

Provada que está a versatilidade do Corsa OPC, pela sua competência numa utilização quotidiana, tempo é de avaliar o seu desempenho nas condições para que foi criado. O potente motor garante prestações de nível superior, sobretudo em aceleração pura, primando ainda pela deliciosa sonoridade do escape Remus a alta rotação, e por uma apreciável linearidade nas subidas de regime e na resposta ao acelerador. A caixa de velocidade é, por seu turno, precisa, bastante suave e rápida q.b. para não comprometer o desempenho do modelo em condução desportiva, enquanto que aos travões Brembo nada há a apontar que não seja um tacto do pedal que se pedia menos artificial.

Estável a alta velocidade, o Corsa OPC é, igualmente, muito competente e divertido em curva, graças às reacções imediatas e apuradas garantidas pelo châssis evoluído e pela suspensão firme. A frente é precisa e incisiva, permitindo uma fácil inscrição na trajetória desejada, e o autoblocante revela-se um precioso auxiliar nas saídas em potência, gerindo de forma perfeita o excesso de torque e tirando o melhor partido dos excelentes Pilot Super Sport, assim o condutor saiba dele fazer bom uso – não afrouxando a pressão sobre o acelerador, e usando, nas reacelerações mais intempestivas, da necessária virilidade para com a caixa de velocidades e a direcção (já que esta última, além de um pouco leve a alta velocidade, também se revela sensível à actuação do autoblocante).

O diferencial autoblocante mecânico faz do Corsa OPC uma proposta muito especial, e praticamente única no mercado. Diversão e eficácia garantidas

Aliás, a eficácia evidenciada pelo autoblocante é tal, que o ESP raramente intervém quando se conduz nos limites com este dispositivo ligado, o que só ajuda a comprovar que, para tirar pleno partido do Corsa OPC, o melhor mesmo é desligá-lo sempre que se adoptam ritmos mais empenhados. Também por isso, situações há em que seria bem-vinda uma maior pujança em reaceleração, em particular a partir dos regimes mais baixos, que permitisse sair com mais força das curvas mais lentas – uma resposta menos linear mas mais franca por parte do motor. Não significa isto que o modelo seja pouco ágil, bem pelo contrário!, ou dinamicamente pouco eficaz, mas é inequívoco que ganharia ainda mais, e ficaria ainda mais próximo dos seus principais rivais, neste particular.

Inequívoco é que o novo Corsa OPC constitui uma combinação muito interessante, e única no mercado, de atributos que criam uma relação muito especial entre o automóvel e quem o conduz. Veloz, ágil e divertido, dispensa boa parte dos artifícios electrónicos hoje tão em voga no mercado, para apostar em elementos mecânicos que ligam de forma muito própria o homem e a máquina, mas sem que isso se traduza numa automóvel pouco acessível aos menos dotados.

Claro que não é preciso ser adivinho, nem ter conduzido a versão normal, para deduzir o quão preponderante é o Pack Performance para bem desfrutar do Corsa OPC., sobretudo por parte dos apreciadores da condução verdadeiramente desportiva. E essa “dependência” até pode ser considerada um contra que, por fazer o preço de uns excepcionais €25 490 para quase €28 000. Não obstante, convém não esquecer que até este valor terá de ser considerado competitivo quando comparado com o praticado pela principal concorrência, o que significa que, mesmo existindo algumas (poucas…) propostas mais eficazes numa condução puramente desportiva, todas são mais onerosas, e menos competentes numa utilização quotidiana.

Apesar do seu temperamento desportivo, o Corsa OPC adapta-se bastante bem a uma utilização tradicional e pacata, graças a um motor linear e ao conforto de marcha garantido, também, pelos amortecedores Koni FSD