Opel revela consumos do Astra segundo nova norma WLTP
Nos últimos anos, a homologação de consumos e emissões dos automóveis novos à venda na Europa tem sido feita com base na norma NEDC (New European Driving Cycle – Novo Ciclo de Condução Europeu). Porém, a contestação de que testa em sido alvo nos últimos tempos, por se basear num ciclo demasiado teórico e extremamente difícil de reproduzir em condições reais, levou o sector automóvel, sob a orientação do Fórum Mundial para a Harmonização da Regulação Automóvel, da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa, a preparar uma nova norma, denominada WLTP (Worldwide Harmonized Light Duty Vehicles Test Procedure – Teste Mundial Harmonizado de Veículos Ligeiros), que a União Europeia deverá, já em 2017, adoptar oficialmente como substituta da actual NEDC.
A Opel optou por adiantar-se, e lançou já um site específico (www.opel.pt/wltp) que a torna na primeira marca de automóveis alemã a publicar voluntariamente os números medidos de acordo com o ciclo de testes WLTP, a par dos valores oficiais NEDC, e em que explica ainda, em pormenor, os contornos da nova norma, além de fornecer conselhos sobre condução económica. Para já, o modelo para o qual são publicados os valores de consumo é o Astra, nas variantes de carroçaria de 5 portas e carrinha Sports Tourer, equipado com os motores 1.0 Ecotec de 105 cv, 1.4 Ecotec Turbo de 150 cv, 1.6 CDTI (110 cv e 136 cv) e 1.6 BiTurbo CDTI de 160 cv.
Olhando para os resultados, e sempre na versão de cinco portas com caixa manual de seis velocidades e sistema Start/Stop, o consumo médio misto do Astra 1.0 de 105 cv no ciclo NEDC é de 4,4-4,3 l/100 km, passando a ser de 4,8-7,3 l/100 km no ciclo WLTP. O Astra 1.4 Turbo anuncia no ciclo NEDC 5,1-4,9 l/100 km, e 8,5-5,0 l/100 km no ciclo WLTP. Já o mesmo modelo, mas com motor turbodiesel 1.6 CDTI de 110 cv, exibe consumos mistos de 3,4-3,3 l/100 km no ciclo NEDC, e de 5,7-4,2 l/100 km na norma WTLP. Passando à versão de 136 cv deste motor, o consumo é de 3,8-3,9 l/100 km no ciclo NEDC, e de 4,3-6,1 l/100 km no ciclo NEDC. Por fim, a mais poderosa versão 2.0 BiTurbo CDTI de 160 cv alcança um consumo de 4,1-4,0 l/100 km no ciclo NEDC, e de 6,7-4,3 l/100 km no ciclo NEDC.
Esclareça-se que o ciclo WLTP divide-se em quatro partes, com velocidades médias diferentes (baixa, média, alta e muito alta), cada qual englobando uma série de fases de condução, de paragens, de aceleração e de travagem, capazes de reflectir quadros de condução do dia-a-dia. A norma baseia-se em procedimentos de teste realizados em condições laboratoriais, para garantir um padrão harmonizado e directamente comparável.
Os parâmetros de teste incluem distâncias maiores, velocidades médias mais elevadas, períodos de paragem mais curtos e maior número de acelerações e de travagens face ao ciclo NEDC. Por exemplo, a distância coberta no ciclo WLTP é de 23 quilómetros (11 km no NEDC); os períodos de imobilização do veículo representam apenas 13% da duração total do teste (25% no NEDC); a velocidade máxima é de 130 km/h (120 km/h no NEDC). Já os intervalos de consumo são estabelecidos do seguinte modo: cada versão (motor/transmissão) é testada numa unidade com o nível de equipamento que torna o automóvel mais económico, e noutra com o nível mais penalizador para o consumo – o valor mais baixo resulta da medição mais favorável obtida nas quatro fases do ciclo WLTP pelo automóvel com o equipamento ‘mais económico’; o valor mais elevado reflecte as medições mais altas efectuadas nas mesmas fases, mas com a versão de equipamento mais penalizadora para o consumo.
Vantagens óbvias desta norma são os dados obtidos serem comparáveis a nível mundial (os do NEDC são válidos apenas para a Europa), e o recurso a perfis mais realistas, traçados a partir de dados de um inquérito realizado à escala mundial, e menos teóricos do que o do teste NEDC. Aliás, olhando para os valores em questão, não serão muitos os condutores espantados com os valores correspondentes ao ciclo mais realista – difícil era alcançar, no mundo real, os valores anunciados segunda a norma NEDC…
Até aqui, nada de mais. O problema é que a consumos mais elevados correspondem, naturalmente, emissões de CO2, também elas, mais elevadas. O que significa que, se nada se alterar na legislação fiscal hoje em vigor no nosso país, tal resultará em inevitáveis aumentos de preços dos veículos, por força do incremento da vertente ambiental do imposto sobre os mesmos incidente. Importa, pois, que operadores, associações do sector e, porque não?, os próprios consumidores, atempadamente acautelem junto das autoridades competentes que a fiscalidade lusa se ajuste em tempo útil a esta nova realidade, já que para ninguém fará sentido que, um mesmo modelo, sem sofrer qualquer alteração, apenas por via da introdução da nova norma WLTP, possa aumentar mais de 40%…