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Os Ilusionistas

Artigo
Os Ilusionistas

Hoje celebra-se o “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”. Bem diferente portanto de celebrar o “Dia de Camões, de Portugal e da Raça Portuguesa”.

Desde logo porque Portugal se sobrepõe a Camões. Depois, porque “Raça Portuguesa”, podendo confundir-se com alguma animalidade grotesca ou simplesmente por falta da tal “raça”, foi democraticamente, substituída pela expressão “Comunidades Portuguesas”, fazendo-se assim justiça ao profundo sentido comunitário nacional…… A sério! Há muitos anos, ainda no tempo do Estado Novo, este dia também se dedicava ao Santo Anjo da Guarda de Portugal, São Miguel Arcanjo.

E precisamente neste dia, julgo importante salientar a abertura da caça. Sim, falo da campanha eleitoral, qual marketing agressivo ou conto do vigário, “face to face“, por agora via televisão mas brevemente, mais que nunca, os veremos na rua do café central de cada vila ou cidade cumprimentando jovens, adultos e claro os velhotes. Velhotes a quem irão repetir as promessas do respetivo aumento ou manutenção de pensões ou os descontos suplementares nos medicamentos, nos transportes públicos, nos eletrodomésticos ou na imperial. Velhotes que ali se juntam para se entreterem uns aos outros, pois o fisco (o IMI dizem) lhes terá levado o dinheiro dos cartuchos, da ração dos cães, dos furões e das licenças da sua caça.Ao empregado de 25 anos do café central dessa localidade irão garantir que a sua reforma, prevista para daqui a umas décadas, lhe irá ser paga na íntegra e avisá-lo de quem lhe disser o contrário é porque não sabe governar. Como tal, “eles não merecem o seu voto companheiro, não se esqueça no dia …”.

A este propósito, o da sustentabilidade da Segurança Social ou dito de outra forma “em que dedo deves chuchar quando pensares em te reformar”, recomendo vivamente a leitura de um texto simples e muito bom, escrito por Helena Matos no Observador em 31 de Maio: “Dez mitos sobre a Segurança Social”. Simples e desmistificador: http://observador.pt/especiais/dez-mitos-sobre-a-seguranca-social/
À semelhança de outro grande ilusionista nacional, (neste momento de asas caídas mas sempre-em-pé e sempre-pronto-a-entrar-em-cena-quando-a-demagogia-chama) estes seus atuais discípulos começaram já a prometer aos velhotes e ao “rapaz do café” aquilo que nunca conseguirão ou sequer tencionarão cumprir. Desde logo, porque embora apregoem que “O que importa são as pessoas…!” não olham para eles como pessoas mas apenas como canetas, boletins de voto e aquele dia. Depois, porque não podem distribuir o que não há. Caso viessem a ser governo (e à semelhança) logo convidariam para o regresso apressado os seus três amigos endinheirados que partiram no dia 17 de Maio de 2014 e sem eles não há vícios. Sim, sejamos claros que se os ilusionistas conseguirem seduzir o número suficiente de canetas e boletins de voto para as suas cortinas de ilusão, nem São Miguel Arcanjo nos restará.

Uma outra peça deste espetáculo de demagogia e na qual se tem jogado nos últimos dias (JJ que me perdoe!) é o aumento da divida pública! Para maior clareza, falemos em euros e não em % do Pib. No final teremos de amortizá-la em euros e não em percentagem. Verifiquemos: O governo (?) socialista de 2005 a junho de 2011 aumentou a dívida nacional em 90 mil milhões para 172,4kM de euros. O atual governo, aumentou-a para 209kM de euros em Abril deste ano, ou seja em 37kM euros. No entanto, o atual governo deixando bastante trabalho incompleto e alguma falta de jeito no planeamento e na comunicação, viu-se forçado a 1) aplicar a reforma do Sistema Europeu de Contas Nacionais – obrigando a consolidar na divida nacional as dividas das PPP’s e de Empresas e alguns Institutos Públicos em 2013 – somou grande parte do 2) crédito dos 78kM dos três agentes dos ilusionistas, mesmo que tenha prescindido da última “tranche” – se bem me recordo quase 3kM.

Nestas circunstâncias, subir a dívida liquida em 37kM (pouco mais que a divida consolidada das empresas públicas em 2011, ou bastante menos que o somatório das responsabilidades com as PPP’s em 2011, entretanto renegociadas) é pouco mais que trocos. Parece-me então óbvio que a única conclusão possível é: a dívida pública líquida, ajustada dos referidos fatores, teve comportamento positivo no período jun-2011 a Abril 2015.  Parece um truque de ilusionismo simples e evidente, mas neste dia, importa esclarecer e apontar os verdadeiros culpados do tal monstro. Por outro lado continuar a desenvolver a economia nos eixos exportações-agricultura-industria-serviços em estabilidade politica e de politicas. Nas próximas eleições o ilusionismo não passará, porque a “raça” de muitos ainda por cá anda e porque São Miguel Arcanjo estará vigilante.

Mário Lopes
VINCO – Consultoria, Gestão e Investimentos, SA

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