Portugal consolida a sua posição na rota dos grandes eventos náuticos mundiais
Há já muitos anos que os grandes eventos náuticos desportivos ou em formato de salões são utilizados como motor do desenvolvimento local territorial e nacional, em inúmeros países.
Comparando com o que acontecia nos anos 80 em relação aos concertos de grandes bandas de rock, pelas quais esperávamos ansiosamente um ano inteiro pelo único concerto, também em relação aos eventos desportivos náuticos, ainda à cinco ou seis anos, tínhamos anualmente, com sorte, uma prova internacional no nosso país. Felizmente em Portugal, o esforço que tem vindo a ser efetuado por diversas entidades privadas, clubes e personalidades de reconhecido mérito começa a consolidar-se e a dar frutos.
Este trabalho começou há já alguns anos, com a realização em Portugal de provas importantes do calendário internacional, a serem disputadas erraticamente em águas nacionais. Mas foi nos últimos quatro ou cinco anos que, de forma mais consistente, se começou a trabalhar com regularidade nesta área. Esse trabalho regular, está já a dar frutos e a compensar.
A compensar não só porque os responsáveis das grandes provas internacionais perceberam que além do potencial do nosso país para a realização de grandes eventos de vela, existem pessoas e organizações que estão dispostas a investir nesse mercado.
Outro fator determinante para o sucesso deste esforço privado e interesse exterior, é que os nossos adormecidos dirigentes finalmente parecem ter acordado e percebido que têm de incentivar e apoiar a exploração de uma das mais importantes mais-valias económicas que temos para oferecer. A náutica, desportiva e de recreio.
Uma das nossas possíveis e quase únicas saídas da crise é de facto o Mar, o turismo e o turismo ligado ao Mar, seja ele de recreio ou desportivo. É um desígnio, dizem uns, mas é sobretudo uma fonte de riqueza que tem de ser cada vez mais explorada.
A temporada já começou e já no próximo fim de semana poderemos assistir, mais uma vez, a uma prova do circuito mundial de vela da classe RC44, com os melhores velejadores mundiais e nacionais a disputar na baía de Cascais das regatas mais competitivas da modalidade. Muito em breve outras regatas internacionais irão marcar presença em águas cascalenses e em 2015 Lisboa será mais uma vez um stopover da Volvo Ocean Race.
Muitos serão os nomes dos que plantaram esta árvore da qual agora começamos a recolher dividendos e para não deixar nenhum nome por mencionar limito-me a agradecer a todos eles sem exceção. Já em relação aos salões náuticos a história é bem diferente.
Devido a muitíssimos fatores que não caberiam aqui mencionar, uma das mais antigas feiras náuticas do país, a Nauticampo entrou num processo suicidário tendo acabado por desaparecer. Há neste momento um movimento muito forte liderado pela APICAN – Divisão Náutica da ACAP, que procura ressuscitar a Nauticampo e se isso acontecer será só por si um feito “Hercúleo”.
Por outro lado terá lugar entre 29 de Maio e 1 de Junho a terceira edição da Feira Náutica do Tejo em Algés à qual desejo o melhor dos sucessos. Será essencial não perder o balanço, neste caso a maré, e transformar esta dinâmica num hábito, para assim poder ser criada uma consistência nos atos e continuidade regular dos eventos, assim como consolidar e aumentar dividendos, todos eles; financeiros e de prestígio.
Bons ventos, boas marés e bom trabalho.
Vasco Macide
Editor Náutico da Absolute Motors