Preço do petróleo poderá cair devido aos eléctricos
A par de vários construtores de automóveis, a petrolífera Total antevê que as vendas de veículos eléctricos tenderão a disparar nos próximos anos: segundo as suas estimativas, no final da próxima década, os eléctricos deverão assegurar já cerca de um terço das vendas de automóveis novos a nível global. A confirmar-se, este cenário não deixará de ter impacto na procura por combustíveis derivados do petróleo, que, segundo a Total, deverá atingir o seu máximo por volta de 2030, estabilizando, ou mesmo regredindo, a partir de então.
Joel Couse, economista e alto quadro da petrolífera gaulesa, foi quem avançou à Bloomberg estes dados, que assumem especial relevância por constituírem a mais elevada projecção de vendas de automóveis eléctricos até hoje oficialmente anunciada por uma empresa do sector. Já às estimativas relativas à procura por combustíveis fósseis alinham com as previsões formuladas em Março por Ben van Beurden, CEO da Shell, quando afirmou que esta deverá atingir o seu ponto máximo nos finais da década de 2020.
Mesmo que, hoje, não representem mais do que 1% das vendas globais de automóveis, a verdade é que alguns automóveis eléctricos já conseguem rivalizar com os seus homólogos a gasolina, em preço como em performances e autonomia, caso do Tesla Model S, o modelo mais vendido do seu segmento no mercado dos EUA. Esperando-se o mesmo possa acontecer com propostas mais acessíveis a relativamente curto prazo.
Para tal, é determinante que baixem substantivamente os preços das baterias, tendencialmente o componente mais dispendioso de um automóvel eléctrico, podendo representar até 50% do respectivo custo de produção. O que poderá não estar assim tão distante, assim se mantenha a tendência do seu custo cair a uma taxa de cerca de 20% ao ano, como tem acontecido nos últimos tempos.
Incontornável é que são vários os fabricantes que estão já a investir fortemente na electrificação das suas gamas. Veja-se a VW, que pretende que um quarto das suas vendas seja assegurada por automóveis eléctricos a partir de 2025; ou a Toyota, que tem por objetivo deixar de propor modelos animados por motores térmicos a partir de 2050. Para o desenvolvimento deste, 2020 parece ser o ano chave: a Bloomberg antevê que, nessa altura, sejam já mais de 120 os modelos eléctricos disponíveis no mercado capazes de fazer parecer antiquados os seus equivalentes com motor de combustão interna.