Renovado Jeep Renegade com motores inéditos. Chega em Outubro
A Jeep está bem, e recomenda-se. Com cerca de 730 mil automóveis vendidos a nível global em 2013, espera aumentar esse valor 2,6 vezes até final do ano em curso, para cerca de 1,9 milhões de unidades. Na região composta pela Europa, Médio Oriente e África, as suas vendas passaram de 25 mil automóveis em 2013 para 131 mil em 2017. E a intenção é manter o ritmo, até para tirar partido da “febre” que assola o Velho Continente no que aos chamados veículos utilitários diz respeito, cujas vendas passaram de 2,5 milhões de exemplares em 2010 para 6,1 milhões em 2017, esperando-se atinjam 9 milhões (ou mesmo mais…) em 2022!
Nessa altura, a oferta da marca americana terá sido totalmente renovada, e passado dos actuais cinco modelos para nada menos do que oito, sendo que um dos três inéditos (cada qual destinado ao seu segmento) se posicionará na base da sua gama. Porém, e enquanto tal não acontece, continua a assumir particular importância para a sua operação europeia o Renegade, também conhecido como o “Baby Jeep” – lançado em 2014, e assente na mesma plataforma do Fiat 500X, foi pioneiro em diversos domínios: primeiro Jeep produzido Itália; primeiro Jeep destinado ao segmento B-SUV; primeiro modelo global da Jeep, por ser produzido em três continentes (também é fabricado no Brasil e na China); primeiro modelo da FCA desenvolvido em conjunto por designers e engenheiros americanos e italianos. Como não espantará, é, igualmente, o modelo da Jeep de maior sucesso na Europa: com 73 mil unidades vendidas em 2017, assegurou 25% das vendas marca neste mercado, em que continua a crescer em 2018.
Só que a Jeep preferiu não descansar à sombra dos louros, e procedeu a uma importante renovação do Renegade, que passa a contar com uma estética actualizada, motores já cumpridores da nova norma Euro 6/D, e mais, e mais evoluídas, soluções em termos de conectividade e segurança. A sua chegada ao mercado está marcada para Outubro, ainda com preços a definir, mas a Absolute Motors teve já oportunidade de conhecer mais de perto o modelo num primeiro contacto realizado em Milão e arredores, e no famoso e invejável centro de testes da FCA em Balocco.
Esteticamente, as modificações operadas visam ilustrar a capacidade do Renegade para se sentir tão à vontade fora de estrada como em viagem, ou mesmo em ambiente urbano, e ainda aproximar a sua aparência exterior à do novo Wrangler. Na secção dianteira, destacam-se os grupos ópticas integralmente por LED (incluindo os faróis de nevoeiro), e a redesenhada grelha frontal; de perfil, e não sendo novos, marcam presença os guarda-lamas trapezoidais, típicos da Jeep; e, na traseira, a principal nota vai para os farolins por LED com novo grafismo. Ao mesmo tempo, ainda, o Renegade passa a poder montar jantes de 19” (exclusivamente no nível Limited), sendo as barras de tejadilho pretas em todos os níveis de equipamento, excepto no Sport de acesso à gama – existindo ainda, como habitualmente, os níveis Longitude e Trailhawk.
Uma vez no interior, é possível identificar que são novos a consola central (com um novo suporte específico para smartphones), as bases para copos, diversos compartimentos para arrumação de pequenos objectos e as molduras que enquadram o ecrã do sistema de bordo, as saídas de ventilação, o túnel central e os altifalantes. Por seu turno, o sistema de infoentretenimento Uconnect de quarta geração, graças a um processador mais potente, oferece uma resposta mais célere estando disponível, consoante os níveis de equipamento, com ecrã táctil de 5”, 7” ou 8,4”, além de passar a integrar as ligações Apple CarPlay e Android Auto, e a oferecer mais serviços conectados e aplicações. Tal como na carroçaria, mais do que uma revolução, um ligeiro progresso, como se espera de uma actualização de meio de ciclo de vida, que trouxe ainda personalidades de personalização, como hoje é “obrigatório” neste segmento.
Quanto à segurança, o Renegade oferece agora, de série em todas as versões, o alerta de saída involuntária da faixa de rodagem com assistente de direção, o limitador de velocidade com sistema de leitura de sinais de trânsito e o sistema anti-capotamento electrónico. A este lote de dispositivos, o nível Limited acrescente a travagem autónoma de emergência com alerta de colisão frontal, integrando a lista de opcionais neste particular o cruise control adaptativo, a monitorização do ângulo morto, o alerta de tráfego pela traseira e o novo sistema de estacionamento automático (a disponibilizar numa fase posterior de comercialização).
Bem mais substantivas, as novidades que se encontram sob o capot, ou não tivesse sido o Renegade o modelo escolhido pela FCA para estrear a sua nova família de motores a gasolina de baixa cilindrada e alta performance, em breve a introduzir noutros modelos do grupo ítalo-americano. Com uma cilindrada unitária de 330 cc, conta com unidades de três ou quatro cilindros, dotados de um turbo de pequenas dimensões e baixa inércia, injecção directa, construção integralmente em alumínio, quatro válvulas por cilindro comandadas por uma árvore de cames.
Para os apreciadores destas coisas da mecânica, ficam algumas das principais características que contribuem para optimizar a sua eficiência energética, e assegurar um elevado desempenho em estrada como fora dela: bloco e motor construídos em alumínio, para reduzir o peso; cárter em liga de alumínio fundido a alta pressão, desenvolvido em conjunto com a Teksid; camisas dos cilindros em ferro fundido, para incrementar a robustez estrutural, com 1,8 mm de espessura e revestimento exterior em alumino, para criar um “elo metalúrgico” entre as mesmas e o boco; câmara de combustão muito compacta, para melhorar a performance e a economia (até -20% de consumo face aos seus antecessores); filtro de partículas, para reduzir as emissões. Estes motores são, igualmente, os primeiros a fazer uso da terceira geração do sistema MultiAir de distribuição variável, em que as válvulas de admissão abrem muito cedo em carga reduzida, e fecham muito tarde em carga elevada, por forma a reduzir a contra-pressão, optimizar a resposta e melhorar o consumo.
Numa primeira fase, estarão disponíveis no Renegade três unidades desta nova família de motores: 1.0 de três cilindros, com 120 cv e 190 Nm; 1.3 de quatro cilindros, com 150 cv ou 180 cv, sempre com 270 Nm de binário máximo. Serão complementados na oferta do modelo com três opções turbodiesel da família Multijet II: 1.6 de 120 cv, 2.0 de 140 cv e 2.0 de 170 cv, em qualquer dos casos com sistema AdBlue.
O que também não falta são opções de transmissão. O motor 1.0 só está disponível com caixa manual de seis velocidades, o 1.3 de 150 cv é proposto exclusivamente com caixa pilotada DDCT de dupla embraiagem e igual número de relações, o 1.3 de 180 cv está sempre associado à caixa automática com conversor de binário e nove velocidades. Na oferta Diesel, o leque de escolha é mais alargado: o 1.6 Multijet II pode ser combinado com a caixa manual de seis velocidades, ou a opcional DDCT; o 2.0 Multijett II pode ter acoplada a caixa manual de seis velocidades, ou a automática de nove relações.
A transmissão da potência ao solo também varia consoante as motorizações, ou não prometesse o renovado Renegade aptidões de referência para enfrentar outros pisos que não o asfalto. Entre as versões a gasolina, as animadas pelos motores 1.0 de 120 cv e 1.3 de 150 cv são sempre de tracção dianteira, ao passo que as que recorrem ao 1.3 de 180 cv são exclusivamente propostas com o sistema de tracção integral Jeep Active Drive, em que uma embraiagem é responsável pela repartição automática do binário entre os dois eixos, em função das exigências do momento, estando apta a transferir até 2000 Nm para o trem posterior. Também aqui, a oferta Diesel é mais abrangente: o 1.6 Multijet II pode dispor de tracção dianteira ou do sistema Jeep Active Drive; os 2.0 Multijet II podem ser de tracção dianteira ou, quando dotados de caixa automática, montar o sistema Jeep Active Drive Low, já dotado de “redutoras” (caixa de transferências com uma relação de 20:1) e do sistema de controlo electrónico de descidas HDC.
No caso das versões 4×4, de sublinhar que as mesmas contam, ainda, com e com o sistema Selec-Terrain, que oferece quatro modos de condução – Auto, Neve, Areia e Lama. A este junta-se o modo Pedras na versão 2.0 Multijet II Trailhwak, a mais dotada para o fora de estrada, por dispor, igualmente, de uma suspensão com 205 mm de curso e 210 mm de altura ao solo, além de diversos pormenores exteriores e interiores, e de equipamento, específicos.
No primeiro contacto proporcionado à imprensa pela Jeep com o renovado Renagade, foi possível conduzir durante alguns quilómetros a versão 1.0 a gasolina, em que a boa capacidade de resposta, mesmo a baixo regime, e a elevada suavidade e silêncio de funcionamento do novo motor, até porque coadjuvado por uma caixa de velocidades suave, precisa e de escalonamento correcto. O percurso definido, não permitindo grandes apreciações dinâmicas, ainda assim foi suficiente para perceber um bom desempenho global, pautado pela apreciável estabilidade a velocidades mais elevadas em auto-estrada, pelas reacções honestas e previsíveis e por um conforto de bom nível, tudo concorrendo para uma condução fácil e agradável.
Já no magnifico centro de testes da FCA de Balocco foi tempo de levar o Renegade 2.0 Multijet Ii Trailhawk para um percurso TT não muito exigente (paralelo ao bem mais radical, que modelos mais dotados, como o Wrangler, têm que enfrentar), e que o modelo superou com distinção, mais uma vez com um conforto de marcha digno de registo, e deixando a nítida sensação que de pode ir bastante mais longe. O motor turbodiesel de 170 cv, poderoso e solícito, sempre pronto a auxiliar o condutor na transposição de obstáculos mais complicados, será um auxikiar precioso nessas circunstâncias, e só é pena que o preço inflacionado pela aberrante fiscalidade luso, e o facto de pagar Classe 2 nas portagens nacionais, coloque esta variante do Renegade fora do alcance das carteiras da maioria dos amantes das incursões pelo fora de estrada.