Rolls Royce R
Já tive oportunidade de falar aqui sobre um tema pelo qual tenho especial interesse: motores de avião de pistão dos anos 30 e 40, especialmente pelo papel que desempenharam nos aviões de combate da segunda grande guerra.
Um dos principais fabricantes da época era a Rolls Royce, que produziu motores tão importantes como o Merlin e o Griffon. O Merlin em particular equipou alguns dos mais importantes aviões da RAF como o caça Supermarine Spitfire, o bombardeiro Avro Lancaster ou o caça-bombardeiro deHavilland Mosquito.
Não é sobre nenhum destes motores que quero falar aqui, mas sim um que começou a ser desenvolvido pela Rolls Royce em 1929, o Rolls Royce R.
Os anos 30 foram uma década de enorme fascínio pela velocidade em terra, no ar e em água, com uma procura incessante por motores cada vez mais potentes para motorizar as máquinas de recordes. Para aproveitar esta oportunidade a Rolls Royce decidiu desenvolver um motor dedicado para competição, e que servisse para a marca demonstrar todas as suas capacidades.
Alguns números: V12, 37 litros, 4 válvulas por cilindro, taxa de compressão 6:1, sobrealimentado por um compressor centrífugo a uma pressão de admissão máxima de 1,24 bar acima da pressão atmosférica. O resultado: 2500 cv a 3200 rpm. Para os mais distraídos, isto são quase 70 cv por litro. A 3200 rpm. Em 1930. Para aqueles que têm os automóveis como referência, o Ford T deixou de ser vendido em 1927, e o VW carocha só chegaria em 1938…
Estes números eram possíveis devido a várias opções tomadas pelos desenhadores, como por exemplo o combustível que pouco ou nada tinha a ver com a gasolina convencional ou o limitado tempo de vida do motor. Mas tão ou mais fascinante que o motor foram as máquinas recordistas que os 19 motores produzidos equiparam.
Supermarine S6 e S6B
Campbell-Railton Blue Bird
Thunderbolt
Miss England II e III
Bluebird K3 e K4
Antes de terminar mais uma nota, não só os recordes em terra, água e ar foram detidos em simultâneo por veículos equipados com a mesma motorização, em dois casos (ar e terra) foi usado o mesmo exacto motor (R27).
Gonçalo Gonçalves
Coordenador do laboratório de veículos e propulsão do DEM-IST