Seat Arona: o grande companheiro das férias!
Este é um texto sobre férias de Verão, e sobre quem, e o quê!, nas mesmas nos acompanha. Férias essas que, para a maioria de nós já terão passado. Mas que não deixará de valer e pena relatar, até porque pode bem servir como sugestão para uma visita futura para quem ler as linhas que se seguem.
Mas vamos por partes. Quando vamos de férias, sobretudo no Verão, queremos bons hotéis, boa comida, boas praias, bons sítios para sair à noite, tudo do melhor. A cereja no topo do bolo é tudo isto poder ser conseguido por uma pechincha. Ou seja, queremos sempre um cenário que, normalmente, é impossível de concretizar.
Mas temos o direito de querer. É o nosso tão querido período de descanso que sempre nos sabe a pouco.
Uma das melhores formas de alcançar esta perfeição é viajar para sítios ainda desconhecidos; e, se possível, com planos abertos a mudanças de última hora. Assim sendo, nada melhor do que viajar de automóvel, porque significa liberdade, autonomia e permite, sempre que se queira, alterar os planos iniciais. No fundo, por grande que tenha sido (e foi!) a sua evolução ao longo de mais de um século, essa liberdade de movimentos ainda continua a ser um dos maiores atributos dessa magnífica invenção que veio substituir as carruagens puxadas por cavalos.
De regresso às férias… Desta feita, a rota escolhida ditava partir de Barcelona e ir subindo devagarinho até entrar em França, e seguir pela costa do Mediterrâneo até Sète. Tudo isto de automóvel. Tudo isto com muitas referências e poucas marcações.
E começou em plena estação do estio, com a simpática temperatura de 39° C à nossa espera no aeroporto de Barcelona… e ainda era de manhã! E lá estava “ele” também. O nosso companheiro de viagem, do qual só esperávamos o melhor. O Seat Arona vermelho, lindo e reluzente, na versão 1.6 TDI FR. Primeira nota digna de registo: uma mala de viagem grande, um trólei e duas mochilas entraram porta-bagagens dentro, e ainda sobrou espaço! Nada mau para um pequeno SUV desenvolvido com base na plataforma de um utilitário, como é o Ibiza.
Dia 1
Barcelona – Badalona (13 km)
Badalona – Girona (99 km)
Grande curiosidade para conhecer esta primeira localidade, que só ao longe haviamos visto uma vez, quando nos aventurámos a sair até aos limites da cidade de Gaudi. É um percurso muito curto, que se faz num instante. Assim que começámos a andar, e graças ao eficiente ar condicionado do “nosso” Arona, ligámos, enfim, também o botão “férias”.
Chegados a Badalona, fomos direitinhos ao mar, de uma forma instintiva, sem consultar nada do que tínhamos anotado – e ficámos de frente para a Playa de La Estación, cheia, como se esperava num dia tão quente. Assim que abrimos a porta, voltámos a entrar, pois o calor era difícil de suportar, e decidimos dar uma volta pelas imediações, mas de… automóvel! Foi assim que vi que estávamos ao lado da Pont del Petroli (incontornável), muito perto da fábrica do Anis del Mono e da marina. Por ali mesmo, no passeio marítimo, decidimos almoçar. Ficámos numa esplanada muito perto da praia, mas nem mesmo isso acalmou o calor intenso que se fazia sentir.
Ainda fomos dar uma pequena volta pela Rambla, e aí rumámos à nossa próxima paragem, Girona, onde iríamos pernoitar.
Badalona não é uma cidade impressionante, mas é muito agradável e simpática, tendo, de facto, nas suas praias o motivo de atracção principal nesta época do ano.
Assim que voltámos ao Arona sentimo-nos outros. Para além do conforto que oferece, na realidade, o ar condicionado fazia-nos ficar de novo com boa disposição.
E seguimos pela AP 7, uma via com portagens, mas que nos proporcionou uma viagem rápida e, felizmente, com pouco trânsito.
Quando avistámos Girona, ainda ao longe, percebemos que muito provavelmente não sairíamos dali no dia seguinte. Este primeiro dia estava no fim, e já pouco podíamos fazer senão instalarmo-nos, jantar e conhecer um pouco da noite desta cidade. Agora confirma-se: acabámos por ficar mais uma noite…
Jantar no Vadevins: adorámos! Tudo excelente e muito acessível, jantámos por €20 com vinho incluído.
Dormida no B&B. Muito prático, moderno, sem luxos, mas com tudo o que é necessário. Dormir em plena época alta por €70 noite é excelente. Pessoal muito simpático. Prolongar a estadia mais um dia não foi um problema apenas por sorte, pois estava quase lotado – a opção foi tomada a meio do nosso segundo dia de viagem, ao vermos a quantidade de coisas que ainda queríamos conhecer… e as horas a “voar”!
Dia 2
Girona
Girona – Figueres (43 km)
Na manhã seguinte fomos para o centro histórico e não podia ser mais deslumbrante.
A não perder… As margens do Onyar (com as casas mesmo à beira rio); o Call Jueu, ou bairro judeu, um dos mais bem conservados de Espanha; a Calle de la Força; a Catedral de Girona (atenção fãs do Game of Thrones!); as muralhas e a vista deslumbrante de todos os locais altos da cidade; a Universidade; o Mosteiro de Sant Pere de Gallingants; as ruínas, praças e confluências de várias culturas, épocas!
Muito bem conservada, limpa, cheia de gente simpática – uma cidade que nos surpreendeu, e como, pela positiva. Agora já a posso recomendar a quem viaje por aqueles lados, isso sem dúvida alguma.
No final do nosso segundo dia, rumámos a Figueres, onde jantámos no Bocam – muito, mas mesmo muito, bom, sobretudo impressionante para quem gosta de pratos bem apresentados! Aqui pagámos um bocado mais, mas era compreensível. Ficou a refeição por cerca de €70. Dormida no Plaza Inn, mesmo no centro, e vale bem a pena ficar neste hotel, que está quase sempre cheio: ficámos com a sensação que estávamos a dormir num museu e por aqui pagámos exactamente o mesmo que no B&B.
Dia 3
Figueres
Figueres – Cadaqués (37 km)
Dali foi o responsável por querermos conhecer esta cidade. E ainda bem. Mais um dia em cheio. O calor, esse, também estava instalado e parecia para ficar – é que o Verão, nalgumas paragens, parece que ainda é mesmo Verão, como antigamente…
A não perder… Teatro Museu Dali (espantoso); as muralhas medievais e o enorme Castelo de San Ferran, que domina a cidade do alto de uma colina; a casa natal de Dali; o casino; a igreja de San Pere; o antigo Matadero; as praças (todas e mais algumas!); La Rambla (como não podia deixar de ser…); todos os edifícios modernistas; as capelas; os conventos. Tudo maravilhoso!
Mas a referência incontornável é, sem dúvida, o Teatro Museu Dali, difícil de descrever por palavras, e que apenas digo que é quase criminoso não o conhecer.
Já a tarde ia adiantada quando decidimos ir jantar e conhecer Cadaqués, que ficava perto e tratava-se de um local relativamente ao qual tínhamos ouvido os maiores elogios.
Dia 4
Cadaqués
Cadaqués – Narbonne (155 km)
Pensem lá num paraíso, num pedaço de um sonho bom… É Cadaqués!
Continuando com Dali presente, o Arona (que tem o nome de uma vila da ilha de Tenerife com extensas praias e temperaturas cálidas) deve ter-se sentido em casa neste local plantado à beira mar. De origem piscatória, apesar de ter bastantes turistas, não se deixa beliscar por isso.
Neste ponto, já tínhamos uma noção dos consumos do nosso companheiro de rota. Outra belíssima notícia, pois são muito comedidos, não ultrapassando os 4,5l 100/km num percurso combinado entre auto-estrada e cidade. Pessoalmente, fiquei radiante…
A não perder… A Igreja de Santa Maria; todo aquele casario branco; as galerias de arte; os cafés; as esplanadas; a tranquilidade; as pessoas que habitam esta localidade; a baía maravilhosa cheia de barcos. E, como se não bastasse, a casa em PortLligat que serviu de morada a Dali e Gala desde os anos de 1930 – ampliada ao longo dos anos, parece quase um labirinto.
Esta casa, hoje um museu, é uma experiência a não perder. O tempo aqui tem um compasso diferente, e ficamos a perceber porque tantos artistas famosos se apaixonaram por esta vila deslumbrante.
Jantámos no Lua, que nem precisava de nos ter servido tão bem, porque o local onde se situa já seria suficiente para encantar, se querem saber pagámos quase o mesmo que na noite anterior.
Após o jantar, e com alguma pena, fizemo-nos à estrada, pois foi impossível alterar o hotel que já tinhamos reservado do outro lado da fronteira. Mas ficou a promessa de voltarmos muito em breve.
Chegámos a Narbonne de noite e já um pouco tarde. Fomos directos para o hotel. A intenção era acordar cedo, para redefinir os nossos planos, pois já os tínhamos alterado desde que chegámos a Girona. Daqui para a frente havia que pensar bem pois este era já o final do nosso quarto dia de férias, e muito havia ainda para andar e ver…
Dormida no Le C Boutique Hotel (centro), com um serviço tão bom que nos fez sentir nas nuvens. E, neste dia bem que precisávamos de uma noite bem dormida. Já tínhamos alguns bons quilómetros nos pés e o corpo pedia um descanso suplementar. Por isso, nada de esplanadas, cafés tardios e afins. Só mesmo o hotel e a cama super-confortável. Nota: por aqui paga-se o dobro dos hotéis anteriores, mas as condições são outras.
Dia 5
Narbonne
Narbonne – Sète (80 km)
Narbonne não nos facilitou a vida. Apesar de não ser muito grande, tem muito para descobrir e, em minha opinião, vale muito a pena, mesmo muito, fazê-lo.
A não perder… O Mercado Les Halles; o Horreum (galerias subterrâneas que datam do Século I e serviam para armazenar grãos); a Catedral de St. Just et St.Pasteur (monumental); fotografar a Pont des Marchands (a única habitada em França); o canal de La Robine, que se cruza com o Canal du Midi; a Via Domitia; as velhas ruas pedonais cheias de cafés apetitosos; as lojas e o seu movimento contínuo, e o dos seus habitantes, e o de inúmeros turistas.
Daqui, e mesmo ao final do dia, rumámos a Sète. Lá fomos com o nosso companheiro de viagem, num percurso que foi rápido e fácil de fazer, pois não apanhámos quase ninguém na estrada. Isso, mais a paisagem aquática que nos rodeava, juntamente com as cores que se formavam no céu, fez da entrada em Sète um momento digno de registo. Por ser um automóvel silencioso e suave, o Arona proporcionou-nos as condições ideais para podermos viver e disfrutar estes momentos especiais.
Jantar no Oh Gobie, uma experiência excelente, uns mexilhões e umas ostras divinos! Pagámos cerca de €100 mas nesta refeição nada faltou. O vinho que nos serviram fez o casamento perfeito. Mas mais do que perfeito é poder fazer uma refeição quase com o pé dentro de água. Com o calor que estava ninguém podia pedir mais nada. Dormida no Hotel de Paris, muito bem localizado, muito bonito e muito confortável, e por aqui a noite ficou em €138.
Dia 6
Sète
Sète – Montpellier (34 km)
Sète significa, de certeza, água. Mar, milhares de barcos, canais, mais barcos, um porto gigante, estaleiros, a Lagoa Thau, o Canal do Midi, peixe, milhões de gaivotas, praia, cheiro a mar, é isto tudo.
A não perder… A Lagoa Thau (a sua imensidão, a sua “fábrica” de ostras, e não só!…); o Porto; a marina; a Igreja de Notre Dame de la Sallete; o Palácio Consular; o mercado; o Pointe Courte (bairro dos pescadores). E percorrer vezes sem conta as ruas desta cidade linda, simplesmente olhar para o Canal du Midi e todos os outros que nos aparecem por todos os lados. Há um passeio de barco que percorre os canais, vai ao porto e ao bairro dos pescadores, que não fizemos, mas ficámos a conhecer numa esplanada, através das palavras de quem o tinha acabado de o fazer. E depois as praias, esses quilómetros extensos de areia e mar sereno. A Veneza do Languedoc!
Depois de tudo isto, de novo um problema: ficar mais um dia, ou seguir para Montpellier? Dificil, muito dificil escolher… Acabámos por seguir viagem no final de mais um dia épico.
Assim que chegámos a Montpellier, nossa paragem seguinte, fomos ao hotel tomar um duche e deixar as malas. E que surpresa nos aguardava no Hotel Oceania Le Métropole, um verdadeiro oásis, o mais caro até à data €195. Quando vi o recinto ao ar livre rodeado de palmeiras, piscina e uma esplanada, comecei a duvidar se sairíamos dali para jantar.
Mas, por fim, lá fomos jantar no Les t’OCques, e perguntávamos nesta altura: será que se come assim tão divinalmente em França? A rua, as toalhas de mesa, o ambiente foi tudo tão perfeito que ficámos com pena que fechasse as portas tão cedo. Jantámos por cerca de €70 e adorámos cada momento.
Dia 7
Montpellier
Montpellier – Aigues Mortes (34 km)
Aigues Mortes – Marselha (136 km)
Esta sensação de ficarmos quase angustiados cada vez que voltávamos as costas a estas cidades e vilas que estávamos a conhecer acompanhou-nos desde o primeiro dia. Ou tivemos muita sorte ou, de facto, esta região que escolhemos para visitar era mesmo muito bonita.
Montpellier não foi excepção. Esta era a primeira grande cidade que visitávamos desde o início do percurso. Muito interessante, a mistura entre o antigo e o moderno. É outra que gostaríamos de repetir.
A não perder…Place de la Comédie (comecem por aqui que não se arrependerão, todo o centro histórico da cidade pode começar a ser visitado a partir deste ponto, o famoso eléctrico passa por aqui, ainda que nós tenhamos preferido andar a pé); L’Eglise de Sainte Anne; a igreja de Saint Roch; e a imponente Catedral St. Pierre. O Mikvé Médiéval também merece uma visita (é a parte judaica desta cidade, que conta com edifícios que já vêm desde o séc. XII). Visitem os magníficos hotéis, construídos em edifícios muito antigos, a Faculdade de Medicina, o Museu Fabre, o Aqueduto, a Porte du Peyrou (arco do triunfo) e toda a área circundante. Não perder as inúmeras esplanadas e cafés maravilhosos, muito bem decorados, que dão vontade de ficar até ser inconveniente.
Comemos apenas um snack e fomos para a nossa próxima paragem.
RUMO A AIGUES MORTES
Uma amiga tinha falado connosco há pouco tempo acerca desta povoação da Camargue: Aigues Mortes. Disse-nos que só tinha visitado este sítio pela imensa curiosidade de ver os enormes lagos cor-de-rosa, onde também existem as famosas salinas desta reserva da bioesfera.
E fomos. Resolvemos ir logo ver as salinas. Depois, então, iríamos ver a vila. E é uma história encantada. Parece uma pintura feita de propósito. Ficamos em silêncio perante esta paisagem de outro planeta. Este cor-de-rosa forte, que nos invade a vista, é provocado pela presença na água de uma microalga rica em pigmentos. Depois, existem os flamingos, que completam este quadro maravilhoso de idílico rosa. Um pouco mais ao longe vêem-se os gigantescos montes de sal branco, e tudo parece um pouco espacial. Existe um percurso num pequeno comboio que leva os interessados a conhecer tudo isto em pormenor. Nós optámos por ir visitar esta vila nascida nos pântanos em tempos muito longínquos (1240), e que é conhecida pelo estado de conservação das suas muralhas, que formam um quadrado e parecem acabadas de construir.
A não perder… As salinas e os lagos cor-de-rosa que as rodeiam; a Torre de Constance; a ponte entre as muralhas; a vila toda, que é fácil e relativamente rápido de se conhecer.
Daqui seguimos para Marselha. E, como é bom de ver, já muito distantes do nosso objectivo inicial, que previa que, neste dia, a nossa viagem terminasse na cidade de Sète.
Marselha foi mais uma cidade que nos recebeu de noite. Por nós, com a temperatura que estava e com aquela vista, ganhou logo a pontuação máxima.
Jantámos no Le Refuge, na rua, reservámos por telefone porque nos foi aconselhado, e, tal como já nos vínhamos habituando, adorámos. Super-simples, mas com um serviço do mais atencioso possível. Ementa curta, mas isso não foi um problema. Como acabámos por nos demorar pois estivemos a conversar com umas pessoas que conhecemos durante o jantar, acabámos por ultrapassar os €100, com as bebidas que consumimos após o jantar.
Dormida no mais que acolhedor Maison Montgrand mesmo no porto velho. O local onde está situado é o melhor. Recomendo! Na altura em que o reservámos não se discutem preços de dormidas pois é mesmo muito difícil arranjar um sítio para dormir nesta altura do ano. O quarto onde ficámos era pequeno, mas não lhe faltava nada. O nosso quarto incluía pequeno-almoço e ficou-nos por €175.
Dia 8
Marselha
Impossível ficar aqui apenas um dia, com tanto para ver! Mais uma vez, decidimos dividir a estada em duas partes distintas: o primeiro dia dedicado à cidade, excluindo visitas a monumentos e museus: palmilhar os bairros a pé, sem horários, só mesmo a ver tudo aquilo que tínhamos diante dos olhos. No segundo dia iríamos, então, visitar todos os monumentos que conseguíssemos.
A não perder no primeiro dia… Port Vieux (repleto de barcos); Porte d’Aix; o bairro Le Panier, o mais antigo de Marselha (para mim, genial); aqui mesmo, La Vieille Charité; o Cours Julien (continua o colorido, a agitação, a arte de rua); o mercado do peixe; o bairro dos pescadores; e o porto de pesca Vallon des Auffes. O pequeno porto de Estaque, que não necessita de comentários, até porque se fica um pouco sem palavras com a vista sobre a baía da Marselha. Ver, nem que seja de longe (embora também seja visitável), La Cité Radieuse, pensada por Le Courbusier; o Bairro La Joliette ; e, atenção: Les Docks – ver para crer este projecto incrível de reabilitação de armazéns abandonados, transformados num centro de lojas, galerias, empresas, etc.!
Preparem-se para caminhar, pois só desta forma podem entrar, ver e espreitar tudo o que chama à atenção. E há muitas coisas nesta cidade com um ambiente cinematográfico, que nos fazem voltar a cabeça para trás. Comprem o tradicional Savon de Marseille. Vão até à antiga fábrica do Tabaco, na zona de Belle Mai, que, neste momento, alberga o projecto comunitário dedicado à produção de arte, com residências artísticas – uma zona experimental que nos deixou encantados. Tomem um café por lá e respirem.
No fim do dia, cansados, mas muito felizes, jantámos no La Passerelle. Nota máxima para o terraço cheio de charme e super-intimista. Simples, despretensioso, repleto de gente bem disposta.
Dormida no New Hotel Saint Charles, muito perto do nosso primeiro hotel, portanto, muito bem localizado. Foi um gosto acordar aqui para o nosso nono dia de férias. Aqui pagámos €95 e só porque entrámos para ver, andávamos já à procura de um sítio para ficar nessa noite e tinham acabado de fazer dois cancelamentos. Foi na hora certa.
Dia 9
Marselha
Marselha – St. Tropez (144km)
A não perder no segundo dia em Marselha… Musée des Civilizations de l’Europe et de la Mediterranée (um ícone de modernidade, de um bom gosto de não se conseguir tirar os olhos); a Basílica de Notre Dame de La Garde (onde nos juntámos a muitos turistas, pois este ponto é dos mais visitados); o Château d’If (o Conde de Monte Cristo diz-vos algo? Se sim, não deixem mesmo de visitar este castelo, a vista desta ilhota para o Port Vieux é extraordinária); o Musée des Beaux Arts (o mais antigo da cidade) e as suas fontes maravilhosas, a sua fachada imponente e imperdível. Espreitem o Ville Mediterranée, porque vale a pena, o Musée de Art Contemporain, a Abbaye St-Victor, o Fort St.Nicolas e o Palais du Pharo.
Neste nosso segundo dia em Marselha valeu-nos a preciosa ajuda do nosso pequeno-grande Arona. Ainda um pouco cansados da longa caminhada do dia anterior, optámos por andar de automóvel pela cidade, para poupar um pouco as pernas. Estacionámos em parques e na rua, algumas vezes não foi fácil, porque eram locais muito concorridos, mas acabámos sempre por encontrar um lugar para o Arona, que se estaciona com muita facilidade.
Marselha, sem qualquer sombra de dúvida, foi a cidade francesa mais “diferente” que conhecemos. As pessoas, a vida, o ritmo, tudo aqui é único e não tem paralelo com nenhum outro local de França. Bem que os marselheses reclamam essa diferença que a história lhes legou, e com razão – já nos tempos do império romano era assim…
Não conseguimos resistir à tentação de andar mais um pouco e ir visitar Saint Tropez. Por isso, no final do segundo dia em Marselha, fizemo-nos à estrada e rumámos ao nosso novo destino. Chegámos tarde, mas ainda a tempo de ver o sol a pôr-se. E foi uma sorte incrível!
Jantámos no Restaurant L’G Envie, numa ruazinha estreita, onde só se passa a pé. Como não podia deixar de ser, pedimos mesa na rua. Havia que aproveitar enquanto o clima nos permitisse. Aqui fala-se português, por aquilo que percebemos, o dono é nosso compatriota e todos, sem excepção, são muito simpáticos. Tanto, que ficámos na conversa mesmo até fechar. E comemos muito bem e nada caro.
Dormida no Hotel Lion Blanc, no centro. Atenção que aqui valeu uma cunha gigante. Fomos recomendados por uma amiga que por lá ter vivido por 3 anos nos abriu esta porta. Quando lá chegámos, trocámos um olhar de desconfiança, pois a entrada não era muito sugestiva. Mas depressa se desvaneceu a dúvida: o hotel é limpo, decorado com bom gosto e atenção aos pormenores. O pessoal é muito atencioso, e, apesar de pequeno, é confortável. Perto do centro, não podia ter melhor localização. O preço não pode servir como referência pois soubemos desde o início que era um valor para “amigos”. Por norma e é preciso reservar com muita antecedência, no centro não se consegue dormir durante a época alta por menos de €250/€300 em alojamentos médios. Pois o normal, para começo de conversa, são €600 já com algum glamour. No resto do ano é mais acessível e fácil, sobretudo se não calhar em épocas festivas.
Dia 10
St. Tropez
St. Tropez – Avignon (210km)
Confesso que fui eu quem fez força para esta visita a Saint Tropez, porque fazia parte do meu imaginário. Ligada a um certo glamour que já ficou um pouco para trás, mas que lhe criou uma imagem de marca que até hoje faz desta vila um dos sítios mais visitados da Côte D’Azur, é frequentada por milionários e gente conhecida de todos os quadrantes. À parte de tudo isto, sabíamos pelos amigos que já a haviam visitado que valia a pena. E valeu mesmo!
A não perder… O Vieux Port (se gostarem de barcos, podem ficar aqui horas); a Citadelle de St.Tropez (uma fortificação do séc.XVI); afastem-se um pouco para conhecer a célebre praia Pampellone, repleta de clubes que oferecem tudo o que possa imaginar para um luxuoso dia de praia, e onde a agua é bem fria, mas muito transparente e de um azul intenso. Na vila, visitem, sem dúvida, a Rue François Sibilli, tomem um café no Senéquier, e, sobretudo, caminhem, andem muito a pé, misturem-se com todos os que percorrem as ruas, vivam aquela ostentação que cabe numa vila pequena de origem humilde, mas que absorveu estes turistas todos que a visitam constantemente, e as celebridades que fazem parte do seu quotidiano, desde que um dia Brigitte Bardot decidiu colocar esta pequena localidade no mapa.
Nota: comer e dormir em St. Tropez é, de uma maneira geral, bastante caro. Por isso, quanto mais cedo se reservar, melhor, no entanto ainda se conseguem encontrar alguns locais dignos, mas sempre afastados da vila. Na restauração, é bom andar um pouco a pé e ir espreitando e consultando as ementas, que, normalmente, estão bem visíveis.
Porque acabámos por nos afastar mais de 600 quilómetros de Barcelona, achámos prudente guardar pelo menos dois dias para o regresso, para mantermos o ritmo que tínhamos marcado desde o nosso primeiro dia. Partimos o percurso ao meio, e resolvemos ainda dar uma espreitadela a mais um local que não tivéssemos conhecido.
A cidade escolhida foi Avignon, onde chegámos já tarde. Jantar no Fou de Fafa, absolutamente espectacular, mas a obrigar a reserva prévia. Dormida no Hotel Central, mais um para a colecção dos jardins e terraços interiores que nos encantaram tanto, aqui por €150.
Dia 11
Avignon
Avignon – Perpignan (245 km)
A não perder… Impressionante, o gigante Palácio dos Papas. De seguida, a incompleta e célebre Ponte de St.Bénézet. A catedral de Notre Dame de Doms, com a sua estátua da Virgem Maria com 6 metros de altura. O museu du Petit Palais; a Praça de L’Horloge, que é a mais movimentada, mais central e mais conhecida. Foi-nos proposto irmos a cerca de 30 quilómetros da cidade ao Museu da Lavanda, pois toda esta região é rodeada por extensos campos desta bem cheirosa planta que é a rainha incontestada desta zona e que só divide o trono com as famosas vinhas. Mas preferimos ficar pela cidade. E não nos arrependemos. O mercado Les Halles (a gastronomia aqui é para ser levada a sério), as ruas maravilhosas do centro antigo da cidade.
No final do dia houve uma reunião entre nós. Que fazer? Ir para Barcelona “queimar” os últimos cartuchos com calma e serenidade, ou fazer ainda mais uma paragem, escolhendo de novo um sítio por visitar, ainda mais perto do local onde apanhar o voo de regresso?
Ganhou a curiosidade. Decidimos não ter um dia calmo em Barcelona, cidade de que muito gostamos, mas que já conhecemos razoavelmente bem. E lá fomos nós no final do nosso 11º dia de férias acabar este roteiro absolutamente espantoso numa cidade francesa da qual não possuíamos qualquer tipo de informação – Perpignan.
Conseguimos reservar no Hotel Nyx. Não é, certamente, o melhor da cidade, mas, com a pouca antecedência com que fizemos a reserva, mais não se podia pedir. Sobretudo, não nos podemos queixar da limpeza, ou da simpatia dos seus funcionários. Cobraram €117 pela noite.
Também tivemos o bom senso de marcar um restaurante, e fomos jantar ao Le Sud, terminando com chave de ouro num terraço magnifico, com um ótimo jantar e uma recepção de braços abertos.
Dia 12
Perpignan
Perpignan – Barcelona (195 km)
Importa saber que esta pequena cidade tem uma curiosidade que desconhecíamos: é, assumidamente, catalã de alma e coração. Só a partir de 1659 ficou a fazer parte de França. Aqui fala-se catalão em diversos locais. É um “co-idioma”. E Perpignan transpira Catalunha por todos os poros, inclusive na gastronomia…
A não perder: Palácio dos Reis de Mallorca (talvez o monumento mais conhecido, a sua construção remonta ao ano de 1276. Todo construído em tijolo, é digno de uma visita); uma ronda pelos hotéis instalados em edifícios de perder o fôlego, como o Hotel Pams, o Hotel de Ville, o Hotel de France, etc; a Catedral de Saint-Jean-Batiste (com uma arquitectura lindíssima e imponente); o Castillet (monumento simbólico da cidade); o Rio Tet, que atravessa Perpignan com as suas margens ajardinadas; a Casa Xanxo (casa medieval, com um friso na fachada onde estão representados os sete pecados capitais); a Loge de Mer; todo o centro histórico, que não é grande e, por isso, não houve desculpa para o não palmilhar.
Daqui, e pela hora do lanche, voltámos ao “nosso” Arona, para nos levar no nosso último percurso na sua companhia. E foi assim que entrámos em Barcelona ao início da noite.
Barcelona era minha. Estava assim combinado. Onde fomos jantar? Ao Pla, no bairro gótico. Promessa feita, promessa cumprida. Há uns bons anos atrás, tínhamos jantado aqui com uns amigos, e queríamos tanto voltar… Falo por mim, confesso que sou fã incondicional e arrasto multidões com o meu entusiasmo. Não sei se pela extrema vontade de voltar, se por o serviço e a ementa ainda estarem melhores, mas o que é um facto é que não podia ter sido mais perfeito.
Dormida no Catalonia Sagrada Familia. E porquê dormir num hotel desta cadeia? Porque já conhecemos e sabemos que a relação preço/qualidade é boa. Deve haver mais de 20 hotéis desta cadeia por Barcelona e arredores.Dormimos por €101 e muitíssimo bem.
Depois do pequeno-almoço, fomos para o aeroporto. Era lá que tinha que ser feita a devolução do nosso fiel companheiro. Com imensa pena que o deixámos. Foram dias maravilhosos, e sem ele não teria sido tão bom.
Algumas notas de agradecimento, porque nada se faz sem auxílio: a primeira vai para a presença constante das praias e dos imensos campos de vinhas que nos rodearam permanentemente, para o intenso calor, que nos deixou fazer refeições ao ar livre defronte das mais deslumbrantes maravilhosas paisagens, que nos permitiu andar sempre sem preocupações com a roupa. A Natureza é de uma perfeição notável, e, mesmo com todos os danos que permanentemente lhe infligimos, a Terra continua a ser um local maravilhoso para se visitar!
Uma palavra, também, para as pessoas maravilhosas com que nos cruzámos, com quem falámos, com quem rimos até às lágrimas. É isto que se traz de umas férias, isto tudo e mais a história que faz parte de todos os sítios por onde passámos, e que os torna únicos e especiais. O ser humano, quando quer, também é a melhor companhia que se pode ter…
Ao Seat Arona, como despedida, agradecemos também. E como! Silencioso, confortável, económico, bonito, espaçoso, fácil de conduzir, intuitivo. Fazemos votos para o voltar a ver. E eu prometo regressar ao tema muito em breve, um contexto menos de lazer… É só ficarem atentos!
Esta rubrica é escrita por uma mulher. Uma mulher que vive há uns bons anos rodeada de automóveis por todos os lados. Habituada a vê-los, a conduzi-los, a experimentá-los, a fotografá-los, a ler sobre eles, a olhá-los de perto e ao longe, e, com toda a liberdade, a poder criticá-los ou elogiá-los.