Skoda Octavia Break 2.0 TDI 184 cv 4X4 Scout DSG
Skoda
Octavia Break
2015
Familiares médios
5
Integral permanente
2.0 Diesel
184/3500-4000
219
7,8
85
43 955/45 785
Versatilidade, Motor a baixos e médios regimes, Comportamento eficaz, Motricidade, Equipamento de série, Imagem
Preço elevado, Conforto em mau piso (eixo traseiro perfectível)
Velocidade máxima anunciada (km/h) | 230 |
Acelerações (s) | |
0-100 km/h | 7,3 |
0-400 m | 15,3 |
0-1000 m | 28,2 |
Recuperações 60-100 km/h (s) | |
Em D | 4,3 |
Recuperações 80-120 km/h (s) | |
Em D | 5,7 |
Distância de travagem (m) | |
100-0 km/h | 34,4 |
Consumos (l/100 km) | |
Estrada (80-100 km/h) | 4,5 |
Auto-estrada (120-140 km/h) | 5,6 |
Cidade | 6,2 |
Média ponderada (*) | 5,74 |
Autonomia média ponderada (km) | 958 |
(60% cidade+20% estrada+20% AE) | |
Medidas interiores (mm) | |
Largura à frente | 1390 |
Largura atrás | 1380 |
Comprimento à frente | 990 |
Comprimento atrás | 970 |
Altura à frente | 1130 |
Altura atrás | 785 |
Não sendo, de todo, insensível, às marcas de automóveis (e aos seus produtos) que possuem um percurso relativamente constante no mercado ao longo da sua história (sejam elas premium, ou não), confesso nutrir particular interesse – nem que seja analítico – por aquelas que, de há umas décadas a esta parte, têm trilhado um caminho bem definido no sentido de uma afirmação própria, que lhes permita auferir de um estatuto diferente, naturalmente para melhor, do que aquele que detinham quando o iniciaram. Neste segundo grupo incluo, obrigatoriamente, e por mérito próprio, a Skoda: construtor típico dos países de leste à data da sua integração no Grupo VW, em 1991, em menos de um quarto de século a casa de Mladá Boleslav incrementou notória e notavelmente a sua oferta, tanto ao nível da diversidade como da qualidade, com os resultados a nível comercial a também não se fazerem esperar, praticando decuplicando a sua produção e vendas neste hiato temporal.
A meu ver, um dos factores que tem contribuído de forma decisiva para esta performance tem sido o alargamento da gama. Por vezes através de propostas que, à partida, poderiam parecer menos prováveis serem apresentadas por uma marca com o historial recente da Skoda (e que, mesmo quando não são um sucesso comercial, tendem a contribuir para incrementar a imagem da marca checa junto do consumidor). Será esse o caso da Octavia Break Scout, uma carrinha de vocação polivalente, um pouco à imagem, na sua categoria, do conceito introduzido, em meados da década de 1990, pela Volvo XC70, e que rapidamente foi seguido pela Audi A6 Allroad. Uma carrinha que, com a renovação operada na gama em que se insere, conhece agora uma nova geração, tendo como expoente máximo a versão 2.0 TDI de 184 cv, com caixa DSG, com a qual tive o prazer de conviver durante alguns dias.
Na minha perspectiva, esta é, também, uma das criações mais bem conseguidas da Skoda, a par da sua “prima” RS. Sem nunca perder de vista os valores em que a marca tem alicerçado o seu sucesso recente, conta com os predicados necessários para fazer deste um automóvel cuja eficácia e competência conseguem mesmo superar aquilo que a sua aparência exterior já promete.
Aliás, a estética até será das suas características menos relevantes, já que, excepção feita ao lettering Scout colocado na grelha frontal e no portão traseiro, às “inevitáveis” protecções em plástico preto aplicadas em todo o perímetro da carroçaria, e à altura ao solo ligeiramente sobreelevada, pouco mais há que distinga esta de uma qualquer Octavia “convencional”. O que não é, propriamente, um óbice, dada a agradabilidade visual das renovadas formas da carroçaria: apenas poderá ser encarado como pouco diferenciador por aqueles que apreciam maior distinção quando optam por uma proposta deste género – mas a verdade é que acaba por estar em linha com a actual tendência do mercado neste domínio.
O interior segue a mesma orientação. A qualidade efectiva ainda não está ao nível da perceptível, mas isso não implica que a Octavia deixe de ser um dos modelos mais convincentes da sua classe neste particular. A generalidade dos materiais é de boa qualidade, os acabamentos são rigorosos, e tudo isto se integra bem com um design e uma decoração interiores sóbrios mas cativantes, a par de uma posição de condução e de uma ergonomia que não merecem críticas de maior. Mais uma vez aqui, a diferença acaba por ser ditada, principalmente, pelo logo Scout aplicado no volante e no punho da alavanca de comando da caixa de velocidades. Por outro lado, num automóvel que aposta na versatilidade – e, de certo modo, na aventura –, a bagageira com fundo duplo de abertura bipartida, e 610 litros de capacidade (expansível até 1740 litros, através do rebatimento assimétrico do banco posterior, que pode ser efectuado num só movimento, através dos manípulos existentes para o efeito nos painéis laterais da mala), é um trunfo que não é de somenos.
Aqui chegados, não será difícil concluir que, até ao momento, nada há que justifique, de forma decisiva, optar por esta Octavia Break em detrimento de qualquer outra existente na sua gama. É um facto. Mas, como tantas vezes acontece em automóveis como este, a experiência de condução tende a fazer com que tudo mude de figura. Sim, porque esta Octavia Break 2.0 TDI 184 cv 4X4 Scout DSG combina um leque de argumentos técnicos que fazem dela um automóvel por demais convincente: a versão de 184 cv do motor 2.0 TDI; a caixa pilotada DSG de dupla embraiagem e seis relações; o sistema de tracção integral; e a suspensão com acerto específico e 30 mm mais elevada do que a das restantes Octavia Break.
Começo pelo conjunto motor-caixa: a sua resposta sempre pronta, em qualquer circunstância (para o que muito contribuem as passagens de caixa tão céleres quanto suaves), está patente nas prestações obtidas nas medições efectuadas pela Absolute Motors – 7,3 segundos nos 0-100 km/h (que é o mesmo que dizer: 0,5 segundos abaixo do anunciado pela Skoda, e apenas 0,3 segundos mais do que o valor registado pela Octavia Break RS, com o mesmo motor mas tracção apenas dianteira – e, por isso, 72 kg mais leve –, em idêntico exercício); recuperação 60-100 km/h realizada em pouco mais de 4,0 segundos; e recuperação 80-120 km/h cumprida em menos de 6,0 segundos (apostando eu que os 230 km/h prometidos pela Skoda também não serão difíceis de confirmar na prática…). Ou seja: nada a temer pelos amantes das viagens mais longas, seja por auto-estrada como percorrendo traçados mais sinuosos; nem pelos apreciadores de uma condução mais empenhada, desportiva até – pelo menos ao nível das prestações… O único reparo vai mesmo para a forma como um motor que está longe de ser um primado ao silêncio impõe a sua presença no habitáculo nos regimes mais elevados, prova de que, apesar de tudo, o rigor construtivo da Skoda ainda não está ao nível dos das marcas mais reputadas do Grupo VW.
Não obstante, o “bónus” desta competência prestacional são, sem sombra de dúvidas, os consumos. Em estrada, praticando-se uma condução moderada, a velocidades relativamente estabilizadas, e dentro dos limites impostos por lei, os valores obtidos neste teste falam por si: 4,5 l/100 km e 5,6 l/100 km, respectivamente em estrada e auto-estrada. E mesmo em cidade é perfeitamente verosímil gastar pouco mais de seis litros de gasóleo por cada centena de quilómetros percorridos, o que é um registo digno de nota. Tudo somado, fica a possibilidade de visitar os postos de abastecimento quase de mil em mil quilómetros, trunfo de monta para os mais preocupados com a economia.
Já ciente de que não seria pelo motor ou pela caixa que esta Octavia Break Scout deixaria de enfrentar qualquer desafio que fosse aceitável propor-lhe, faltava avaliar os outros elementos da equação: châssis e transmissão. Sobre o asfalto, nomeadamente em cidade, a primeira nota vai para o conforto, já que, apesar da maior altura ao solo, e da afinação específica, a suspensão (em especial o eixo traseiro) é mais sensível aos desníveis do piso do que em outros modelos da gama. Em compensação, e já em estrada aberta, o comportamento será do agrado da maioria dos seus potenciais compradores: primando mais pela facilidade de condução do que pela eficácia, permite mesmo aos menos dotados alcançarem velocidades de passagem em curva apreciáveis, para tal contribuindo a bem calibrada direcção, o bom controlo dos movimentos da carroçaria, a forma como o eixo dianteiro digere os quase 400 Nm de binário disponíveis (sem que tal se sinta excessivamente sobre o volante) e a atitude saudável do eixo traseiro em derivar ligeiramente quando provocado – devendo-se o “ligeiramente” à intervenção do controlo de estabilidade, que apenas permite inibir o controlo de tracção ou, no limite, um modo intermédio de actuação, mas impeditivo de maior veleidades.
O melhor modo de tirar o máximo partido do equilibrado châssis é, pois, adoptar trajectórias tão limpas quanto possível. Em piso seco, tal será o suficiente para a Octavia Break Scout se assumir como uma boa companheira dos adeptos de uma condução mais dinâmica, comportando-se, na maioria das situações, como um vulgar tracção dianteira, pois só em situações limite se sente a intervenção da tracção integral. Já em asfaltos de menor aderência, sobretudo húmidos ou molhados, o envio de binário para o eixo traseiro é um precioso auxiliar na correcção de atitudes mais optimistas, aumentando bastante a confiança ao volante. Talvez o melhor elogio que, aqui, se lhe possa fazer, é que é mais competente e eficaz que a maioria das suas “irmãs” de gama (a tracção integral e os pneus mais largos assim o ditam), e que mesmo face à variante RS não faz nada má figura – bem pelo contrário (e com o handicap de montar uns pneus Michelin Primacy 3 que não são, propriamente, o epíteto da desportividade)!
Fora de estrada, a vocação desta carrinha limita-se, naturalmente, a incursões por estradões de terra, pela areia ou por troços “TT” em que os obstáculos não sejam muito exigentes. Mas a verdade é que, respeitando estas premissas, chega a quase todo lado com uma facilidade que chega a surpreender, e que não estará aquém da garantida por muitos SUV que pontificam no nosso mercado. Aqui, a crítica volta a ir para a impossibilidade de se desligar o ESP, o que limita bastante a diversão ao volante e, aqui e ali, a superação de alguns troços mais exigentes.
Terminada a experiência, a pergunta que se impõe: e, estando eu comprador de um automóvel deste género, optaria pela Octavia Break 2.0 TDI 184 cv 4X4 Scout DSG? Considerando apenas os atributos acima mencionados, sem dúvida que sim, até porque não existem muitas mais propostas no mercado capazes de um desempenho tão convincente. Contudo, há que levar em linha de conta um “pormenor” fundamental: o preço. E, aqui, se os €43 955 pedidos pela Skoda já não são, propriamente, muito apelativos, tornam-se ainda menos quando se atenta que uma outra marca do universo VW propõe um produto muito semelhante por quase €4000 menos: a Seat Leon X-Perience 2.0 TDI 4Drive DSG. Um diferencial que até pode fazer o seu sentido em determinadas latitudes, mas que em Portugal, onde a casa espanhola até usufrui de boa implementação e imagem, não será muito lógico…
Motor | |
Tipo | 4 cil. em linha Diesel, transv., diant. |
Cilindrada (cc) | 1968 |
Diâmetro x curso (mm) | 81,0×95,5 |
Taxa de compressão | 15,8:1 |
Distribuição | 2×2 v.e.c./16 válvulas |
Potência máxima (cv/rpm) | 184/3500-4000 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 380/1750-3250 |
Alimentação | injecção directa common-rail |
Sobrealimentação | turbocompressor VGT+intercooler |
Dimensões exteriores | |
Comprimento/largura/altura (mm) | 4685/1814/1531 |
Distância entre eixos (mm) | 2679 |
Largura de vias fte/trás (mm) | 1538/1506 |
Jantes – Pneus (série) | 7Jx17″ – 225/50 (Michelin Primacy 3) |
Pesos e capacidades | |
Peso (kg) | 1559 |
Relação peso/potência (kg/cv) | 8,47 |
Capacidade da mala/depósito (l) | 610-1740/55 |
Transmissão | |
Tracção | Integral permanente com acoplamento Haldex |
Caixa de velocidades | Pilotada de 6 de dupla embraiagem+m.a. (DSG) |
Direcção | |
Tipo | pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica variável |
Diâmetro de viragem (m) | 10,4 |
Travões | |
Dianteiros (ø mm) | Discos ventilados (n.d.) |
Traseiros (ø mm) | Discos maciços (n.d.) |
Suspensões | |
Dianteira | McPherson com triângulos inferiores |
Traseira | Multilink |
Barra estabilizadora frente/trás | sim/sim |
Garantias | |
Garantia geral | 2 anos |
Garantia de pintura | 3 anos |
Garantia anti-corrosão | 12 anos |
Intervalos entre manutenções | 30 000 km ou 24 meses |
Airbag para condutor e passageiro (desligável)
Airbags laterais dianteiros+traseiros
Airbags de cortina
Airbag para os joelhos do condutor
Cintos dianteiros com pré-tensores+limitadores de esforço
Controlo electrónico de estabilidade
Assistente aos arranques em subida
Alarme
Ar condicionado electrónico bizona
Computador de bordo
Bancos em pele+Alcantara
Banco dianteiros reguláveis em altura
Banco traseiro rebatível 60/40
Volante em pele regulável em altura+profundidade
Volante multifunções
Mãos-livres Bluetooth
Auto-rádio com leitor de CD/mp3+8 altifalantes+leitor de cartões SD+tomadas Aux/USB
Vidros eléctricos FR/TR
Retrovisores exteriores eléctricos+aquecidos+rebatíveis electricamente
Cruise control
Sensor de luz+chuva
Sensores de estacionamento traseiros
Faróis bi-Xénon com lava-faróis
Luzes diurnas por LED
Faróis de nevoeiro com função de curva
Jantes de liga leve de 17″
Sistema de monitorização da pressão dos pneus
Barras de tejadilho
Duplo piso de carga+rede separadora de carga
Pacote mau piso
Sun Set (€137)
Sistema de navegação Columbus (€1524, inclui cartografia Europa, conectividade Apple e ecrã MaxiDot)
Pré-instalação para gancho de reboque (€169)