Toyota Auris Touring Sports 1.4 D-4D Exclusive

Cinco anos depois da Corolla Station Wagon, a Toyota regressa às carrinhas. Mantendo o nome Corolla no seu leque de propostas, mas apenas na variante berlina, quem ocupa o lugar da carrinha nipónica descontinuada em 2008 é a Auris Touring Sports, a terceira declinação do compacto japonês – além das variantes hatchback de três e cinco portas.

Com um design que não engana quanto à sua proveniência, a Auris Touring Sports demarca-se do hatchback que lhe dá origem logo a partir dos pilares B, assumindo todos os traços comuns de uma carrinha de linhas modernas, como um tejadilho descendente, ao estilo shooting break, mas não tão pronunciado, o que os ocupantes do banco traseiro (que gozam de mais 20 mm de espaço face ao hatchback) agradecerão. A bagageira oferece, na sua configuração normal, 530 litros de capacidade, mais 170 litros do que no cinco portas, um valor que surpreende pela positiva e ombreia com as melhores propostas do mercado.

Aliás, é nesta secção que a proposta japonesa mais argumentos esgrime com os seus concorrentes, ao oferecer o sistema Easy Flat de rebatimento dos bancos (na proporção 60/40), que permite que, com apenas um toque, a capacidade da bagageira aumente para uns impressionantes1658 litros – isto se juntarmos também o duplo piso de carga, com a zona inferior a servir para volumes mais pequenos. Outra coisa não seria de esperar quando consideramos que os 285 mm de comprimento extra em relação ao hatchback foram todos aplicados nesta zona, dado que a distância entre eixos se mantém igual à da variante que lhe serve de base. Outro ponto a favor da bagageira da Auris Touring Sports é o acesso ao piso de carga, que está 100 mm mais baixo do que na variante de cinco portas fruto de alterações de desenho do pára-choques e do próprio portão da bagageira. Além disso, e para uma maior facilidade de utilização, surgem a rede de protecção da carga e dois ganchos para prender sacos.

Mas porque uma carrinha não se define apenas pela sua capacidade de carga – muito embora este seja, claro, um factor importante – merece destaque o interior espaçoso e confortável, onde a posição de condução é alcançada sem grande esforço e, quando esta é conseguida, os comandos que não estão no volante multifunções (com uma muito boa pega e dimensões) são facilmente alcançáveis. A qualidade dos materiais utilizados no habitáculo aumentou face à anterior geração do Auris, merecendo nota positiva a iluminação azul no painel de instrumentos desta carrinha nipónica. Ainda assim, o interior desta proposta é mais clássico do que as linhas exteriores antecipariam, sendo exemplo maior o relógio digital que aparece no centro do tablier.

Dotada do nível de equipamento mais elevado, o Exclusive, a unidade em análise estava munida de muita tecnologia, como é o caso do sistema de infoentretenimento Toyota Touch & Go, um opcional que eleva a fasquia do preço em mais €765 mas que compensa bem o esforço financeiro, uma vez que oferece, além do sistema de navegação (já de série), uma optimização das funcionalidades Bluetooth e uma entrada USB para ligação de um smartphone. Esta serve para a partilha da ligação à Internet, por forma a que seja possível descarregar aplicações da Internet que sejam compatíveis com o sistema da marca japonesa e instalá-las, como por exemplo serviços meteorológicos, de informação de trânsito, etc.

“Não se deve julgar um livro pela capa” parece ser o ditado que melhor se adequa a esta proposta da Toyota. Num automóvel apelidado de Sports esperava-se alguma emotividade na condução, mas tal não acontece com a versão munida do motor 1.4 D-4D de quatro cilindros em linha, que coloca debaixo do pé direito do condutor um total de 90 cv e um bom binário de 205 Nm, disponíveis na sua totalidade logo às 1800 rpm. Estes predicados não são suficiente para poder usufruir-se uma condução desportiva nesta carrinha claramente virada para uma vertente familiar. Não se pense com isto que a carrinha da gama Auris não tem uma boa condução: as irregularidades do terreno são filtradas com eficácia (como se quer num automóvel pensado para a família), mas o baixo centro de gravidade permite que as curvas sejam feitas com facilidade a velocidades superiores e sem que seja notória uma tendência da carroçaria para adornar. A direcção comunica bem o que se passa por debaixo dos pneus Dunlop SP Sport de medida 225/45 que revestem as jantes de 17”, embora a velocidades mais baixas pareça um pouco vaga. Carregando um pouco mais no acelerador essa sensação desaparece.

Apesar da potência mais contida que tem, o motor Diesel que equipa a Auris Touring Sports garante consumos muito agradáveis, como tivemos oportunidade de constatar.

A utilização do sistema Toyota Optimal Drive (anuncia emissões de CO2 de 100 g/km) permite à carrinha japonesa registar um consumo médio ponderado de 4,56 l/100 km e uma autonomia (também ponderada) de 1096 km, mais do que suficiente para não ter de se preocupar constantemente com o aumento do preço dos combustíveis.

Se procura um automóvel com espaço para toda a família e respectivas bagagens, que seja confortável nas tiradas mais longas, tenha uma muito boa prestaçãoambiental e que numa utilização diária ofereça uma excelente relação qualidade/preço, então a Auris Touring Sports 1.4 D-4D é uma opção a considerar. Se quiser um pouco mais de emoção ao volante, pode sempre escolher o 1.6 a gasolina de 132 cv; se a sua predilecção for ambiental, saiba que esta declinação do Auris também tem uma variante híbrida.