Toyota GR Yaris 1.6 T Extreme Rally
Toyota
Yaris
GR Extreme Rally
2021
Pequenos desportivos
3
Integral permanente
1.6
261/6500
230
5,5
8,2 (Combinado WLTP)
186 (Combinado WLTP)
46 990
Dotação tecnológica, Desenvolvimento apurado, Motor e prestações, Comportamento, Eficácia em todas as condições de utilização, Prazer de condução, Exclusividade
Espaço atrás, Acesso aos lugares traseiros, Posição de condução elevada
Velocidade máxima anunciada (km/h) | 230 |
Acelerações (s) | |
0-100 km/h | 5,4 |
0-400 m | 13,7 |
0-1000 m | 25,3 |
Recuperações 60-100 km/h (s) | |
Em 3ª | 3,1 |
Em 4ª | 4,0 |
Em 5ª | 6,3 |
Recuperações 80-120 km/h (s) | |
Em 4ª | 3,7 |
Em 5ª | 5,3 |
Em 6ª | 7,7 |
Distância de travagem (m) | |
100-0 km/h | 35,1 |
Consumos (l/100 km) | |
Estrada (80-100 km/h) | 5,8 |
Auto-estrada (120-140 km/h) | 7,7 |
Cidade | 8,4 |
Média ponderada (*) | 7,74 |
Autonomia média ponderada (km) | 646 |
(60% cidade+20% estrada+20% AE) | |
Medidas interiores (mm) | |
Largura à frente | 1370 |
Largura atrás | 1330 |
Comprimento à frente | 1140 |
Comprimento atrás | 690 |
Altura à frente | 1000 |
Altura atrás | 930 |
Toyota GR Yaris 1.6 T Extreme Rally: um automóvel único, criado com uma função específica e sem paralelo actualmente no mercado, que só poderia provir de uma marca igualmente especial. Por isso, a análise ao protagonista deste ensaio, pela sua exclusividade, só poderia ter início com o enquadramento do mesmo em termos de projecto e conceito, para que melhor se perceba como foi possível alcançar um tão memorável resultado final.
Ponto primeiro: o GR Yaris é o modelo que serve de base à homologação do Yaris WRC, destinado do Mundial de Ralis, e, como decorre dos regulamentos da FIA, terá de ser produzido em, pelo menos, 25 000 exemplares nos primeiros dois anos após o seu lançamento. É também isto que explica que no seu desenvolvimento tenha participado o finlandês Tommi Mäkinen, consultor da Toyota para a disciplina e primeiro piloto a conquistar quatro títulos mundiais de ralis consecutivos (1996-1999).
Comercialmente, importa sublinhar que para o nascimento do GR Yaris também não foram, de todo, despiciendas a saúde financeira do maior construtor do mundo, e a sua forte aposta nos híbridos há já muitos anos, a qual permite que as emissões de poluentes não sofram grande impacto com o lançamento de uma proposta este género, por não ferirem em excesso as cada vez mais restritivas normas impostas ao sector neste domínio, em especial na Europa. O modelo é proposto em três declinações: a de acesso GR Yaris Standard, e as duas de topo, GR Yaris Extreme Premium e GR Yaris Extreme Rally: vendidas ao mesmo preço, a primeira está mais focada no equipamento; a segunda, aqui em avaliação, é a mais radical e tecnicamente centrada na performance e no desempenho, contando, até, com alguns elementos estéticos diferenciadores que o comprovam.
Em qualquer dos casos, mas mais ainda no GR Yaris Extreme Rally, a irreverência é total, absolutamente ao arrepio da racionalidade, do “ambientalismo” e, por consequência, de uma certa “monotonia” que assola o sector. Em termos de concepção, este é um automóvel totalmente focado na eficácia, na performance, no prazer de condução e, não menos importante, na paixão – aquele elemento que, durante tantas décadas, terá sido a principal mola percutora da indústria.
Da teoria à prática, não é preciso mais do que um breve olhar para se perceber que o GR Yaris não é um Yaris qualquer: além dos múltiplos alargamentos exteriores, destacam-se o tejadilho rebaixado face às versões convencionais (45 mm no ponto mais alto, 95 mm no ponto mais baixo); a carroçaria 60 mm mais larga e 55 mm mais comprida; o visual extremamente musculado; as jantes em liga de 18” (forjadas, de origem BBS e revestidas por pneus Michelin Pilot 4S, no Extreme Rally); e o facto de este ser o único Yaris de três portas do momento, para mais com janelas dianteiras desprovidas moldura. Depois, não faltam os diversos emblemas GR e GR-Four, as enormes cavas das rodas e, menos visíveis, o capot, o portão traseiro e as portas e alumínio – o que, em conjunto com o tejadilho concebido em material compósito, permitiu reduzir em 30 kg o peso do conjunto. O Cx anunciado é de 0,352.Já o habitáculo, do tipo 2+2, mas em que os lugares traseiros não são muito mais do que simbólicos, além de o acesso aos mesmos exigir alguma ginástica, é dominado pelas soberbas baquets. Excelentes em termos de apoio, a todos os níveis, não evitam, contudo, que o posto de condução seja algo elevada para um desportivo, consequência de na génese do GR Yaris estar a plataforma GA-B. Felizmente que, para compensar este pecadilho, os técnicos da Toyota foram extremamente meticulosos no posicionamento do volante (perfeito em termos de dimensões e pega), da alavanca de comando da caixa e do punho do travão de mão mecânico, tudo ficando em perfeita posição relativa.
Junte-se a isto a instrumentação convencional, mas muito legível, e a posição ao volante é praticamente perfeita. Não obstante, face ao impacto visual exterior e, principalmente, às características intrínsecas do modelo, é de prever que, para alguns, a aparência interior não deixará de ser excessivamente sóbria e discreta, mesmo que os pergaminhos da casa nipónica, em termos de qualidade de construção, estejam ao nível dos seus melhores pergaminhos.
O que dificilmente merecerá reparos é o motor 1.6 turbo com injecção directa e indirecta, e dotado de diversas soluções oriundas da competição, nomeadamente ao nível da sobrealimentação, a cargo de um turbocompressor de geometria fixa, ao qual muito deve boa parte do seu extraordinário carácter. O mais potente três cilindros de produção em série da actualidade debita qualquer coisa como 261 cv/6500 rpm, e um binário máximo de 360 Nm constante entre as 3000-4600 rpm, e basta colocá-lo em funcionamento para se perceber que é tudo menos vulgar, pois, mal se acciona ignição, surge a recomendação no painel de instrumentos para que se evitem as acelerações intensas antes deste atingir a temperatura ideal de funcionamento. O alerta pode ser óbvio, e aplicável qualquer unidade motriz, mas o facto de ser exibido, e de forma tão expressa, é um indicador importante das capacidades do GR Yaris neste particular.
Porque seria politicamente incorrecto não aludir ao tema, e até poderá haver quem queira utilizar o GR Yaris no dia-a-dia, primeiras notas relativas à utilização para os consumos. Como o motor se ajusta muito bem a uma utilização convencional (mais à frente se perceberá melhor porquê), se a utilização do acelerador for (muito) parcimoniosa, é possível registar médias em cidade liminarmente inferiores a 8,4 l/100 km, embora seja de ter em conta que as distracções facilmente levam este valor para além dos 10,0 l/100 km, também não sendo difícil aflorar os 12,0 l/100 km em meio urbano se o ritmo for realmente mais intenso. Ainda assim, o gasto é muito semelhante ao alcançado pelo anterior Yaris GRMN, com motor 1.8 de 212 cv; os registos em estrada e auto-estrada, cumprindo-se os limites de velocidade determinados por lei, são mais do que aceitáveis; e, numa utilização efectivamente nos limites, a média andará na casa dos 16,0 l/100 km, o que também é mais do que aceitável para um automóvel deste género.
Decididamente mais importante, a forma como este motor se comporta nas diversas condições de utilização. Até às 3000/3500 rpm, se tratado o acelerador com suavidade, a sua resposta é pronta, mas não brusca, permitindo praticar uma condução absolutamente convencional, sem ajustes ou limitações de maior, até porque o seu ruído de funcionamento é contido o quanto baste para não ser excessivamente incómodo.
A partir das 4000 rpm, e mais ainda com carga significativa sobre o pedal da direita, tudo muda e já não restam dúvidas quanto ao fulgor deste três cilindros. O ímpeto na aceleração e a sonoridade tonitruante começam a impor-se, acima das 5000 rpm a melodia proveniente do escape, e do emulador que a emite através do sistema de som, passam a dominar, tudo isto acompanhado por uma facilidade em subir de regime e uma capacidade de aceleração absolutamente notáveis até 7000 rpm, parece não haver qualquer quebra na progressão bem pelo contrário. Um portento!
Em resultado, as acelerações são brutais, nos arranques como nas reprises, com o GR Yaris mais parecendo um jogo de consola, um verdadeiro brinquedo para gente crescida, pelo modo fantástico como ganha velocidade e se desenvencilha de qualquer ultrapassagem, impressionando ainda pela rapidez com que se alcançam os 220 km/h no velocímetro. Determinante para este atributo o contributo dado pela caixa de velocidades de comando e curso bastante curtos, e alavanca colocada bem perto do volante, como se impõe: senhora de um escalonamento curto e extremamente correcto, não só permite rolar quase sempre em sexta relação numa utilização normal, evitando o recurso frequente à mesma para lidar com as oscilações de velocidade (mormente em cidade), como garante trocas de mudança praticamente sem quebras na progressão em termos de regime e velocidade. Ao mesmo tempo sendo fenomenal em termos de precisão e rapidez (exibindo, até, uma apreciável suavidade para um automóvel com esta vocação e características), e contando, ainda, com a função iMT, que dispensa o condutor para outras tarefas nas reduções, apesar de a pedaleira alumínio ser excelente para quem não dispensar efectuar por si próprio ponta-tacão.
Pasando ao châssis, primeira notas para o facto de a via traseira ter sido substancialmente alargada para acolher a suspensão posterior por triângulos sobrepostos, proveniente da plataforma GA-C; para o recuo do motor em 21 mm face aos restantes Yaris; para o centro gravidade mais baixo; e para a colocação da bateria sob o piso mala para uma melhor repartição do peso (numa proporção de 55/45, em vez dos habituais 60/40). De resto, todos os componentes e comandos são bastante firmes, seja a suspensão (com molas, amortecedores e barras estabilizadoras mais firmes nesta versão Extreme Rally), os pedais (sobretudo a embraiagem), o comando da caixa, e mesmo a direcção (com afinação específica no Yaris GR Extreme Rally, primorosa em termos de rapidez e precisão, e, também, deveras informativa).
Outro predicado fundamental do Yaris GR é o seu sistema de tracção integral, o primeiro totalmente novo desenvolvido pela Toyota em mais de duas décadas, e cuja acção, definida pela electrónica que gere a actuação do sofisticado conjunto de embraiagens múltiplas destinado a distribuir o binário pelos dois eixos, depende directamente do modo de condução escolhido. No Normal, a repartição estática é de 60/40; no Sport passa a ser de 30/70; e no Track é de 50/50 – mas, em todos eles, a referida repartição é processada de forma dinâmica, também em função das condições do momento, graças à informação para tal recolhida pelos sensores de posição do acelerador, do ângulo da direcção, da aceleração lateral e longitudinal, da velocidade das rodas ou do momento de rotação, entre outros. Capaz de enviar até 100% do binário para cada eixo, na versão Extreme Rally é contemplado pelos diferencias autoblocantes Torsen instalados em ambos os eixos.
Daqui resulta que todas acções realizadas pelo condutor se traduzem em reacções extremamente imediatas e precisas, e numa eficácia em curva difícil de igualar, também porque o GR Yaris Extreme Rally usufrui de uma óptima motricidade em qualquer tipo de piso, inclusivamente em terra. Uma vez ao volante, e numa toada verdadeiramente desportiva, é de crer que os adeptos de uma condução mais atrevida e acrobática tendam a seleccionar, até nos pisos mais escorregadios, o modo Sport, aquele que, por princípio, envia mais binário para o eixo traseiro, isto pela facilidade com que se gerem e controlam as derivas de traseira – e se as transferências de massa não forem suficientes para provocá-las, lá está o travão de mão mecânico para garanti-las… Não obstante, o Track será mesmo o mais indicado para usufruir de máxima eficácia, especialmente em asfalto molhado, ou com gele e neve, e em pisos de terra, pois é o que tende a garantir um comportamento mais neutro e assertivo.
Quanto ao controlo electrónico de estabilidade, pode ser desligado em duas fases no modo Normal, sendo que a sua actuação mais permissiva, basicamente, só inibe a intervenção do controlo de tracção. Já nos modos Sport e Track, um simples toque no botão de imediato activa o modo Expert, em que o ESP é desligado por completo, sem modo intermédio prévio ou necessidade de manter o dedo no notão durante vários segundos.
Muito rígido, robusto e resistente, o Yaris GR Extreme Rally é, realmente, um automóvel sem paralelo na sua categoria no plano dinâmico. Obedecendo ao, e comunicando com o, seu condutor de uma forma incrível, para a maioria mais parecerá não ter limites, também por via do perfeito controlo dos movimentos da carroçaria; da muito tardia subviragem em curva (os diferenciais autoblocantes mecânicos Torsen ajudam a rodar o veículo, e a colocar torque na medida certa, e nas rodas ideais, para que as saídas seja efectuadas com reduzida intervenção sobre o volante e uma incrível aceleração, mais parecendo que é a frente que “empurra” a traseira); do sistema de travagem aparentemente infatigável (com discos ventilados e perfurados quatro rodas, actuados por pinças em alumínio, os dianteiros com 356 mm de diâmetro e pinças de quatro pistões, os dianteiros com 297 mm e pinças de dois pistões; e da grande estabilidade a alta velocidade – e até o conforto é digno de encómios para uma proposta deste género, contando a suspensão com a capacidade de absorção das irregularidades não só para garanti-lo, mas também para assegurar um contacto permanente das rodas com o solo em pisos mais irregulares.
Perante este alardear de qualidades, e uma tão manifesta demonstração de superioridade, os pontos menos positivos do novo Yaris GR Extreme Rally, potencialmente considerados como defeitos, não serão, no final, mais do que meros pecadilhos. E se é certo que o preço €46 990 não faz deste modelo uma pechincha, convém ter em conta que, mesmo assim, pderá não ser suficiente para que o GR Yaris seja um automóvel lucrativa para a Toyota.
Certo é que acaba por ajustar-se ao extenso leque de trunfos de um automóvel em que quase tudo é de superior qualidade, e foi bem idealizado, aplicado e conjugado, por forma a fazer do GR Yaris Extreme Rally uma proposta única, pois nada mais existe de momento que ofereça as mesmas sensações e as mesmas possibilidade de condução, e menos ainda por este preço. Uma peça que, a seu tempo, também terá o seu potencial de valorização e que, diz quem conduziu as três versões da gama, é a que verdadeiramente interessa. Pela sua especificidade mecânica, não custa a acreditar, até por ser previsível que os seus elementos exclusivos façam a diferença quando numa condução relamente desportiva, que, no fundo, é aquilo para que o GR Yaris foi criado…
Motor | |
Tipo | 3 cil. em linha, transv., diant. |
Cilindrada (cc) | 1618 |
Diâmetro x curso (mm) | 87,5x89,7 |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Distribuição | 2 v.e.c./12 válvulas com distribuição variável |
Potência máxima (cv/rpm) | 261/6500 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 360/3000-4600 |
Alimentação | injecção directa |
Sobrealimentação | turbocompressor+intercooler |
Dimensões exteriores | |
Comprimento/largura/altura (mm) | 3995/1805/1455 |
Distância entre eixos (mm) | 2560 |
Largura de vias fte/trás (mm) | 1535/1570 |
Jantes – Pneus (série) | 7Jx18″ – 225/40 (Michelin Pilot Sport 4) |
Pesos e capacidades | |
Peso (kg) | 1385 |
Relação peso/potência (kg/cv) | 5,30 |
Capacidade da mala/depósito (l) | 161-207/50 |
Transmissão | |
Tracção | Integral permanente, com diferenciais autoblocantes do tipo Torsen |
Caixa de velocidades | Manual de 6+m.a. |
Direcção | |
Tipo | pinhão e cremalheira, com assistência eléctrica |
Diâmetro de viragem (m) | n.d. |
Travões | |
Dianteiros (ø mm) | Discos ventilados (356 mm) |
Traseiros (ø mm) | Discos ventilados (297 mm) |
Suspensões | |
Dianteira | MacPherson |
Traseira | Triângulos sobrepostos |
Barra estabilizadora frente/trás | sim/sim |
Garantias | |
Garantia geral | 7 anos ou 160 000 km |
Garantia de pintura | 3 anos |
Garantia anti-corrosão | 12 anos |
Intervalos entre manutenções | 30 000 km ou 12 meses |
Airbag para condutor e passageiro (desligável)
Airbags laterais dianteiros
Airbag de cortina
Cintos dianteiros+laterais traseiros com pré-tensores+limitadores de esforço
Fixações Isofix
Controlo electrónico de estabilidade
Travagem autónoma de emergência com alerta de colisão dianteira
Sistema de leitura de sinais de trânsito
Assistência de condução inteligente
Assistente aos arranques em plano inclinado
Cruise-control adaptativo+limitador de velocidade
Ar condicionado automático bizona
Computador de bordo
Bancos desportivos
Bancos do condutor regulável em altura
Banco traseiro rebatível 60/40
Volante desportivo em pele, regulável em altura+profundidade
Volante multifunções
Pedaleira em alumínio
Sistema de infoentretenimento Toyota Touch 2 com ecrã táctil de 8″, mãos-livres Bluetooth e sistema de com com seis altifalantes e tomada USB
Vidros dianteiros eléctricos
Vidros traseiros escurecidos
Retrovisores eléctricos+aquecidos+rebatíveis electricamente
Retrovisor interior electrocromático
Sensor de luz+chuva
Luzes diurnas por LED
Farolins traseiros por LED
Faróis de nevoeiro dianteiros por LED
Sistema "Follow me home"
Câmara de estacionamento traseira
Acesso+arranque sem chave
Suspensão desportiva
Jantes em liga leve forjadas de 18″
Sistema de monitorização da pressão dos pneus
Kit de reparação de pneus