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Viajar de Verão nas auto-estradas da Alemanha

Artigo
Viajar de Verão nas auto-estradas da Alemanha

O governo alemão continua a resistir às pressões dos seus congéneres europeus para limitar a velocidade nas auto-estradas nacionais. Defendendo as características dos seus construtores, que vão mais no sentido da performance, da robustez, da evolução tecnológica, da imagem de carro de gama média-alta, pelo menos em Berlim, os responsáveis vão empurrando com a barriga este desejo da UE.

Aqui e ali, mais por questões de poluição sonora do que por outras razões quaisquer, vão aparecendo as zonas com limite de velocidade– na maior parte dos casos, 100 km/h; mas também, em zonas mais extensas, os 130 km/h surgem para não dar mais azo ainda a “protestos” europeus. Na realidade, se houver uma generalização no limite de velocidade máxima na rede de auto estradas alemãs, concebidas cada vez mais com uma base de segurança muito adaptada a velocidades bastante superiores a 130 km/h, a razão de escolha dos clientes pelos carros alemães (os tais mais potentes, mais performantes, mais equilibrados, etc., etc.), essa tal razão passa, eventualmente, a ser secundária e os outros carros dos construtores de outros países, com outras características (como, por exemplo, o conforto dos carros franceses, aquele feeling do DS boca de charroco, ou dos assentos mais envolventes e soft, ou das suspensões mais macias, assim pro-aging dos utilizadores) passam a ser razão primeira de escolha. Bem, isto sou eu a dizer o que poderia acontecer – o que, logicamente, não significa que é o que vai mesmo acontecer…

Mas, pegar num Opel CDTi GT de uma locadora qualquer, sim, sim, um Opel 2,0 litros a gasóleo, ainda por cima, e ter uma velocidade de cerca 215 km/h de pé em baixo, e pensar que ninguém vai dar uma flashada de faróis a pedir ultrapassagem, é miragem. Na realidade, entre o aeroporto de Frankfurt e Stuttgart, há zonas de três e quatro faixas de cada lado que permitem viver aquele feeling de “vamos lá ver o que é que este carrito dá”.

Mais: para além da atenção que se tem de ter, naturalmente, com o próprio carro a essa velocidade, há ainda que ter o chamado olhar de galinha, ou seja, 360 graus de alcance, pois de trás pode surgir de repente um dos tais carritos alemães ou mesmo um italiano de Modena ou arredores, que te dá um toque de máximos para dizer que aquilo vem mesmo muito depressa e é melhor passares para uma faixa mais à direita. E tudo isto muito rápida, mas também muito disciplinarmente.

Aconteceu comigo este início de semana, e de novo a realidade de que guiar nas auto-estradas alemãs é algo bem diferente dos outros países. A visão habitua-se ao que foi o nosso pão nosso de cada dia durante décadas e décadas naquele País. Lembro-me perfeitamente de vir rodar eixos traseiros e pneus para testes nos AMG nos fins dos anos de 1980 e de 1990, entre as duas e as cinco da manhã… Era nessa altura que não havia trânsito e que as auto-estradas entre Stuttgart e Wurzburg e entre Stuttgart e Frankfurt se tornavam a nossa pista de testes. Não havia dinheiro nem estatuto para alugar uma ou outra pista de testes das grandes construtoras, mesmo em part time que fosse.

Hoje, a AMG, com quase 50 mil unidades produzidas por ano e em constante tendência de crescimento, com os seus quase 1800 funcionários, dos quais cerca de metade são engenheiros de pesquisa e desenvolvimento, todos eles também os engenheiros de teste, capazes de rodar sempre nos limites dos carros que desenvolvem, tudo isto muito no estilo do seu Presidente e meu ex-director técnico, o eng. Tobias Moers – hoje, a AMG, como dizia, não pode mais testar os seus carros desta forma. As pistas de Nürburgring, Portimão, Nardo e as da Mercedes no Norte da Alemanha, são os teatros de testes intensivos. Por isso, os carros de Affalterbach são um dos modelos em todas as linhas da Mercedes, em toda e qualquer gama. E isto faz-me muito bem ao ego de 25 anos de ligação à casa e à marc,a e já não me importo nem incomoda ter passado de ultrapassar a ser ultrapassado nas auto estradas alemãs. O tempo passa… mas o prazer de ser um AMGLER  fica para sempre.

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zyrgon