Volvo S80 D5 Summum Geartronic 6v

Não obstante ter vindo a ser sucessivamente actualizado ao longo da sua existência, e em particular nos últimos anos, o facto é que o Volvo S80, lançado em meados de 2006, já não é um modelo, propriamente, novo. Este ano, o topo de gama da marca sueca sofreu mais um conjunto de melhoramentos, entre os quais se destacam a inclusão de novos dispositivos de segurança e de um inédito sistema de infoentretenimento; assim como os retoques estilísticos operados no habitáculo e na carroçaria – mas que, neste ultimo caso, não foram mais longe do que a adopção de novas luzes diurnas rectangulares e de novos pára-choques, por forma a conferir-lhe um ar mais baixo e largo.

Visualmente, por dentro como por fora, esta á uma proposta indelevelmente marcada por um inequívoco classicismo. Mas talvez seja isso mesmo que confere ao S80 um charme muito próprio, sobretudo se comparado com os dominadores germânicos deste segmento, sempre muito apostados em exibir orientações estilísticas mais ousadas e vanguardistas, mas em que a discrição não será o valor mais prezado.

Apesar dos anos (ou talvez por isso…), o Volvo S80 é um automóvel que goza de uma pose distinta, sobressaindo numa classe dominada pelos fabricantes germânicos

Tanto, ou mais, apelativo é o habitáculo. Mesmo que alguns plásticos, colocados em locais menos visíveis, estejam um pouco aquém das referências da classe, a qualidade de construção, da generalidade dos materiais utilizados e dos respectivos acabamentos é de nível superior, muito contribuindo para um ambiente a bordo acolhedor e de grande classe. A consola central ultrafina, com acabamento em alumínio, continua a ser um must num interior que recebeu, ainda, o novo painel de instrumentos da marca, em que é possível ao condutor optar entre três ambientes distintos: Eco, Elegance e Performance. Dignos de encómios são, também, a ampla habitabilidade e os aceitáveis 480 litros de capacidade oferecidos pela bagageira.

Aqui em análise está a mais recente geração do S80 na sua versão de caixa automática animada pelo mais poderoso dos motores Diesel da gama (D5) e dotada do nível de equipamento intermédio (Summum). Neste particular, é apreciável o recheio oferecido pelo modelo nórdico (especialmente em termos de segurança), do mesmo modo que são difíceis de entender algumas lacunas. Por exemplo, as patilhas no volante para comando manual em sequência da caixa serem propostas em opção (por simbólicos €185…) num automóvel que custa €69 284; ou o banco do condutor totalmente eléctrico, e com três memórias de posição, ainda contar com regulaç\ão manual do apoio lombar!

A unidade ensaida contava ainda com alguns packs de equipamento opcional, o que permitiu avaliar a valia de alguns dispositivos agora disponibilizados pela Volvo no seu topo de gama. Casos do cruise-control adaptativo com travagem automática ou do Driver Alert System (inclui a assistência da condução e o asssitente à manutenção na faixa de rodagem).

Mas o que mais surpreendeu, e é de série nesta variante, foi o novo sistema de infoentretenimento Sensus: com ligação à internet (por sinal, extremamente fácil de configurar, ao contrário do que sucede com certos dispositivos semelhantes da concorrência), e navegação muito intuitiva, é, indubitavelmente, uma das actuais referências do mercado nesta área – à boa maneira sueca, grafismo simples mas claro, comandos igualmente simples, mas de uma eficácia a toda a prova. Entre as principais funcionalidades do sistema, destaque para o acesso a música via internet; para a navegação plena através de browser (desde que com o veículo parado); para o acesso ao Google Maps com ligação ao sistema de navegação 3D; e para a loja de aplicações.

O novo sistema de infoentretenimento da Volvo permite aceder facilmente a diversas aplicações e ao próprio navegador de internet

Uma vez ao volante do S80 D5 Geartronic, a primeira nota vai para a posição de condução: correcta, mas um pouco mais elevada do que seria o ideal. Em compensação, o cinco cilindros em linha de 2,4 litros, graças aos seus 215 cv, e a um generoso binário de 440 Nm, disponível logo às 1500 rpm (e constante até às 3000 rom), é um excelente aliado do condutor: a uma sonoridade possante nas rotações mais elevadas alia uma notável resposta a qualquer regime, garantindo prestações de muito bom nível.

A caixa automática de seis velocidades cumpre com o que dela se espera na generalidade das circunstâncias, mas por vezes não é muito eficaz a interpretar o comportamento do condutor e as necessidades da condução, especialmente quando se adoptam ritmos mais empenhados. Uma limitação que se contorna perfeitamente actuando directamente sobre a tramsmissão, e decidindo a cada momento qual a relação ideal, o que só serve para reforçar que as patilhas no volante deviam ser de série. A isto some-se um outro “pormenor”: se os consumes obtidos por esta unidade motriz são bastante convincentes a velocidades estabilizadas, tendem a sê-lo menos em cidade, e a melhor forma de obter os valores mais comedidos é mesmo operando manualmente a caixa, antecipando ou atrasando as trocas de mudança – algo que acaba por tornar quase “obrigatória” a eleição do referido opcional.

Há coisas difíceis de compreender – como não incluir as patilhas de comando da caixa no volante no próprio preço da transmissão automática!…

Com quase cinco metros de comprimento, mais de 1600 kg de peso e tracção dianteira, o S80 não é – nem sequer tem essa vocação – o automóvel mais ágil do mercado. Além do mais, apesar de evoluída, a suspensão conta com uma afinação que tem por objectivo garantir um grande conforto em qualquer situação, e a verdade é que o consegue – mesmo nos pisos mais demolidores, mesmo montando pneus opcionais com perfil mais baixo do que os de série. Assim garantindo deslocações extremamente cómodas aos seus ocupantes, por longas que estas possam ser.

Não signica isto, porém, que o porta-estandarte nórdico esteja impedido de oferecer prazer ao volante. Mesmo sentindo-se sempre as generosas dimensões e peso do modelo, em particular nas trocas de apoio, o comportamento pauta-se sempre por uma boa eficácia e por uma extraordinária honestidade de reacções, raramente colocando o seu condutor perante situações de resolução difícil.

Adoptando-se um ritmo mais intenso, sobretudo em traçados mais sinuosos, é notória alguma dificuldade do trem dianteiro em lidar com o apreciável binário disponibilizado pelo motor, mas também aqui as recções do S80 nunca são imprevisíveis opu demasiado bruscas. Deligando as ajudas electrónicas, o condutor mais experiente saberá tirar bom partido da coordenação entre acelerador e volante, e dos excelentes atributos dos Pirelli PZero Rosso – sendo apenas incompreensível que, num automóvel deste calibre, a direcção seja tão assistida que não ofereça praticmante qualquer feeling, acabando esta por ser a maior macha de um desempenho dinâmico por demais meritório tendo em conta a vocação do S80.

Proposto, nesta variante, por mais de €69 000, e com a unidade ensaiada a incluir mais de €8000 de extras, não é no preço que o S80 D5 Geartronic Summum tem o seu grande argumento. Mais interessante e competitiva será a relação preço/qualidade/equipamento oferecida, a que se soma o trunfo de ser este um automóvel a ter em conta por quem queira fazer a diferença num segmento tradicionalmente dominado pelas marcas alemãs.