Volvo V60 Plug-in Hybrid D6 AWD Summum
Volvo
V60
2014
Familiares médios
5
Integral permanente
5 cilindros Diesel híbrido
283/6000
230
6.1
48
62 700
Versatilidade, Facilidade de utilização, Consumos, Prestações, Comportamento, Postura comercial
Travões pouco resistentes à fadiga, Ausência de patilhas no volante para comando da caixa, Conforto em piso degradado
Velocidade máxima anunciada (km/h) | 230 |
Acelerações (s) | |
0-100 km/h | 6,2 |
0-400 m | 14,4 |
0-1000 m | 27,1 |
Recuperações 60-100 km/h (s) | |
Em D | 3,6 |
Recuperações 80-120 km/h (s) | |
Em D | 4,1 |
Distância de travagem (m) | |
100-0 km/h | 34,6 |
Consumos (l/100 km) | |
Estrada (80-100 km/h) | 4,9 |
Auto-estrada (120-140 km/h) | 6,2 |
Cidade | 6,9 |
Média ponderada (*) | 6,36 |
Autonomia média ponderada (km) | 707 |
(60% cidade+20% estrada+20% AE) | |
Medidas interiores (mm) | |
Largura à frente | 1455 |
Largura atrás | 1410 |
Comprimento à frente | 1125 |
Comprimento atrás | 710 |
Altura à frente | 930 |
Altura atrás | 920 |
Poucas questões serão tão apaixonantes, nos dias que correm, para o sector automóvel, quanto a da mobilidade eléctrica. Será este, verdadeiramente, o caminho a seguir pela indústria no futuro? Muito provavelmente, embora mais difícil seja antever qual será a solução (ou soluções…) com maior probabilidade de êxito a médio/longo prazo. Inegável é que o tema, nas suas mais diversas cambiantes, está na ordem do dia, e para o provar não é preciso muito mais do que atentar no aumento exponencial de propostas existentes no mercado, e oriundas dos mais variados quadrantes, que apostam – total ou parcialmente – na energia eléctrica.
Contudo, e devido ao presente estágio de desenvolvimento da tecnologia, como das próprias redes de abastecimento, o facto é que poucas dúvidas restarão de que, para a maioria dos utilizadores, actualmente, um automóvel animado por um motor eléctrico só fará sentido se dispuser também de um motor de combustão interna, que lhe garanta uma autonomia (para não falar da performances…) semelhante à dos modelos que ainda dominam as vendas. Um híbrido, portanto, seja ele “convencional” (em que ambos os motores trabalham em conjunto para alcançar a máxima eficácia) ou do tipo “extensor de autonomia” (em que o motor térmico apenas funciona como gerador, quando é necessário recarregar as baterias que alimentam o motor eléctrico).
Entre os primeiros, e depois de anos em que a oferta esteve limitada à combinação motor eléctrico/motor a gasolina, a PSA foi pioneira ao propor o sistema Hybrid4, que conjuga um motor eléctrico com um motor Diesel. Agora, a Volvo foi ainda mais longe, e já tem disponível para encomenda (primeiras entregas agendadas para o Verão) uma solução que adiciona a esta funcionalidade a tecnologia plug-in, ou seja, a possibilidade de a bateria que alimenta o motor eléctrico ser carregada a partir do exterior (seja numa tomada de corrente normal ou num posto de carregamento).
A marca sueca anuncia, pois, a nova V60 Plug-in Hybrid D6 AWD como um automóvel “três em um”, e o teste que tivemos oportunidade de realizar, alguns meses antes da chegada do modelo ao nosso país, comprovou que a marca sueca tem boas razões para o fazer. Isto porque, ao combinar o conhecido motor turbodiesel de cinco cilindros em linha, 2,4 litros, 215 cv e 440 Nm, com um motor eléctrico com 70 cv e 200 Nm, criou uma carrinha familiar que tanto pode funcionar no modo totalmente eléctrico com consumos e emissões zero, uma autonomia apreciável e razoáveis prestações; como no modo híbrido, com prestações muito boas e consumos comedidos; como ainda no modo mais performante, com excelente prestações e consumos, ainda assim, bastante aceitáveis. E tudo isto num automóvel que nada perde para os membros da sua gama ditos “convencionais” em termos de segurança, conforto, facilidade de utilização ou eficácia dinâmica – bem pelo contrário!
Só que as valências da carrinha híbrida nórdica não se ficam por aqui. Como o motor térmico faz mover o trem dianteiro, e o motor eléctrico actua sobre as rodas traseiras, então, a V60 Plug-in Hybrid D6 AWD é, também (e como o seu próprio nome indica), um veículo de tracção integral – seja quando o controlo electrónico de estabilidade assim o decide automática e autonomamente, por questões de segurança (estabilidade dinâmica); seja quando o condutor seleciona o modo AWD através de um botão existente para esse efeito. Quanto à recarga total da bateria numa tomada de corrente a 220 V, demora cerca de 3,5 horas a 16 Amp, 4,5 horas a 10 Amp e 7,5 horas a 6 Amp.
Mas mais do que discorrer sobre as soluções técnicas aplicadas nesta V60 híbrida, importará apreciar a sua utilização. E nada como começar pelo modo totalmente eléctrico, que a Volvo denomina como “PURE” e anuncia ser suficiente para cumprir 50 km, estando aqui a velocidade máxima limitada a 120 km/h (o permitido pelos 27 cv debitados em contínuo pelo motor eléctrico). Na prática, a verdade é que é possível (tendo algum cuidado com o pedal da direita) rolar em permanência sem gastar uma gota de gasóleo, nem emitir qualquer poluente para atmosfera, tendo como única limitação a velocidade máxima permitida nas auto-estradas portuguesas.
Quanto à autonomia eléctrica, essa, não é fácil de calcular com precisão, dependendo substancialmente de variáveis como o peso transportado, relevo do percurso percorrido, entre outras. Mas, graças também à travagem regenerativa, em condições normais, rondará os 30 km – ainda assim um valor suficiente para permitir cumprir as deslocações diárias de muitos, e mais ainda se, por exemplo, numa ida para o emprego, for possível recarregar a bateria durante o dia antes do regresso a casa.
Praticando-se uma condução menos cautelosa, mais convencional, é normal que, nas solicitações mais vigorosas do acelerador, seja nos arranques ou nas retomas de velocidade, mesmo com o modo “PURE” selecionado, o motor a gasóleo entre amiúde em funcionamento, para garantir a resposta pretendida. Mas, mesmo aqui, os consumos são excelentes, sendo perfeitamente possível obter um valor em cidade abaixo dos 4,0 l/100 km sem ter qualquer preocupação de maior com o acelerador.
O modo híbrido (naturalmente designado “HYBRID”) é aquele em que a V60 Plug-in Hybrid D6 AWD funciona por “defeito”, o que está automaticamente selecionado quando se liga a ignição, e em que a gestão dos dois motores é feita pelo sistema em função das condições do momento. Sempre com uma resposta muito boa, até porque a caixa automática de seis velocidades dispõe de um correcto escalonamento, oferece uma condução absolutamente normal e bastante agradável e convincente, com os consumos em estrada a ficarem abaixo dos 6,0 l/100 km se a distância percorrida não for demasiado extensa e a bateria estiver totalmente carregada. Já se o motor térmico for o único a animar esta V60, o consumo médio ficará abaixo dos 7,0 l/100 km, o que não deixa de ser por demais apelativo para um veículo com este nível de rendimento. Apenas há que contar com uma autonomia mais reduzida do que o previsto, já que, para acomodar as baterias do motor eléctrico na traseira, o depósito de combustível viu a sua capacidade ser reduzida de 67 litros para 45 litros.
Para o fim ficou, propositadamente, a descrição do último modo disponível – o “POWER”. Quando seleccionado, ambos os motores oferecem o máximo das suas capacidades para corresponder às exigências do condutor, provando que a Volvo não se limitou a optimizar a eficiência energética neste modelo, antes apostando num factor adicional, mas porventura decisivo para que muitos possam optar por este tipo de tecnologia – o prazer de condução. Aqui, a resposta do grupo motopropulsor é simplesmente fantástica, sobretudo até aos 150 km/h (o limite de rotação do motor eléctrico), ou não estivéssemos perante um rendimento combinado de nada menos do que 283 cv e 640 Nm!
Também não será de espantar que a V60 Plug-in Hybrid D6 AWD ofereça prestações capaz de fazer corar de inveja muitos desportivos do mercado. A velocidade máxima anunciada é de 230 km/h, os tradicionais 0-100 km/h foram cumpridos nas nossas medições em meros 6,2 segundos e o quilómetro de arranque foi superado em pouco mais de 27 segundos! Sendo que mesmo abusando sem dó do acelerador, os consumos dificilmente superam os 12,0 l/100 km… Só é pena que o motor de combustão, a alto regime, seja demasiado ruidoso, acabando por se aplaudir a elevada qualidade do sistema de som presente a bordo.
Mas a maior surpresa talvez seja a forma como esta V60 permite tirar partido deste invejável atributo. Apesar de cerca de 200 kg mais pesada do que a versão equivalente só com motor 2.4 Diesel, como a maior parte do peso adicional incide sobre a traseira (pois deve-se às baterias), a respectiva distribuição é mais equilibrada, além de que a suspensão conta com uma afinação mais firme, para lidar com o aumento do peso, e as jantes de 17” estão bem “calçadas” por pneus Continental ContiSportContact de medida 235/45. Com tudo isto, e no modo de tracção dianteira, a subviragem surge mais tarde e a traseira ganha outra vivacidade, permitindo aos mais afoitos e exigentes retirar grande prazer da condução a ritmos mais vivos, sobretudo quando se selecciona o modo mais permissivo do controlo de estabilidade, o que não é propriamente o atributo mais comum dos automóveis híbridos.
O divertimento ao volante tende mesmo a aumentar quando se elege o modo AWD (funciona até aos 150 km/h), pelo incremento de motricidade que garante, ao ponto de chegar-se a lamentar a Volvo não ter aqui incluído um controlo de estabilidade totalmente desligável, para tirar pleno partido das derivas de traseira, embora não seja difícil provocar esta V60 de forma a escorregar às quatro rodas em curva de forma controlada… Palavra de apreço merece, também, a direcção de assistência eléctrica variável – apesar de algo vaga no ponto central, e de não ser um exemplo de rapidez de resposta, curiosamente, é mais precisa, rápida e informativa do que o conhecido dos modelos mais recentes da Volvo tidos como “normais”, também aqui ao contrário do que é habitual em automóveis dotados de motor eléctrico.
Pelo contrário, quando é maior o empenho na condução em traçados mais sinuosos, nota-se que, mesmo contando com discos de dimensões superiores ao habitual, o sistema de travagem não está ao nível das capacidades prestacionais e dinâmicas da V60 híbrida, facilmente acusando a fadiga, além de que oferecem um tacto algo duro e artifical. Quanto à caixa de velocidades, cumpre a sua função na maioria das circunstâncias, mas, nestas condições, não é tão reactiva e pronta na resposta ao kickdown quanto o ideal, fazendo falta as patilhas no volante para comando manual em sequência, solução sempre mais eficaz para efectuar esta operação do que o punho de comando da transmissão.
Aqui chegados, valerá a pena referir que a V60 Plug-in Hybrid D6 AWD é um dos mais divertidos modelos da Volvo da actualidade, o melhor entre os que não assumem uma vocação marcadamente desportiva, e seguramente a referência, neste particular, entre os animados por motores a gasóleo. Mas será isso preocupação determinante para o cliente tipo deste género de modelo? Certamente que não, mas serve na perfeição para ilustrar a qualidade do châssis e do trabalho feito pelos técnicos suecos na respectiva afinação, para sublinhar que este híbrido não se limita a exibir preocupações ecológicas e que o utilizador comum pode contar, no mínimo, com a mesma segurança e facilidade de utilização de qualquer outro Volvo. Para esses, será ainda relevante referir que o conforto de marcha é, globalmente, elevado, mas que a nova afinação da suspensão, conjugada com o aumento do peso, condiciona o desempenho desta V60 no mau piso, sobretudo pela dificuldade demonstrada na assimilação das irregularidades de alta frequência, que não conseguem, de todo, passar despercebidas aos ocupantes.
Em tudo o resto, a versão híbrida da V60 é bastante semelhante ao conhecido dos restantes membros da sua gama. No exterior, os principais sinais distintivos são as siglas específicas, as jantes de desenho exclusivo e a portinhola que dá acesso às tomadas de carregamento, colocadas sobre o guarda-lamas dianteiro esquerdo.
Já no habitáculo, destaque-se a redução da capacidade da mala para 305 litros (ampliável até 1120 litros), por via da montagem das baterias na traseira. Na consola central ultrafina encontramos dois botões adicionais: o já mencionado “AWD”, e um outro com a inscrição “SAVE”, que permite ao condutor guardar uma autonomia eléctrica de 20 km para uso, por exemplo, nos centros urbanos reservados a veículo de propulsão eléctrica. Junto à alavanca de comando da caixa de velocidades encontram-se ainda os botões de selecção dos modos “Pure”, “Hybrid” e “Power”, enquadrados por uma moldura de iluminação azul.
Por fim, o painel de instrumentos, além dos habituais três ambientes selecionáveis pelo condutor (Eco, Elegance e Sport), oferece ainda um quarto, denominado Hybrid, bem como um indicador da carga da bateria, um indicador da autonomia eléctrica e um indicador de utilização dos motores eléctricos e de combustão interna. Existe, igualmente, um submenu no ecrã central que ilustra o funcionamento do sistema híbrido, fornece algumas explicações sobre o funcionamento do mesmo e até fornece alguns conselhos para deste tirar pleno partido.
Por um dos mais convincentes, sofisticados, eficazes e divertidos automóveis da actualidade, a Volvo pede €62 700 quando combinada a V60 Plug-in Hybrid D6 AWD com o nível de equipamento Summum, já bastante recheado e incluindo tudo o que se exige de um automóvel deste calibre e nível de preço. Pode não parecer barato, mas as coisas tenderão a mudar de figura quando se atenta que a diferença para a versão D5 com motor 2.4 Diesel de 215 cv e caixa automática não chega a €6000, o que não é exagerado tendo em conta a diferença de rendimento e a vantagem em termos de consumos – é que, não é demais recordá-lo, fazendo bom uso da autonomia eléctrica, é fácil passar mesmo muito tempo sem gastar praticamente nada em gasóleo, se não se viajar para longe, sobretudo para quem vive o seu quotidiano no perímetro urbano/suburbano (e mais ainda se puder efectuar o recarregamento das baterias durante o horário de trabalho)! Por outro lado, também não há modelo concorrente, com semelhante nível de potência (mas desprovido de autonomia eléctrica) que pratique um preço tão competitivo. Por tudo isto, se esta não será ainda a proposta híbrida para todos, é sem dúvida uma das que provam a validade deste conceito quando bem desenvolvido e aplicado…
Motor de combustão | Motor de combustão |
Tipo | 5 cil. em linha Diesel, transv., diant. |
Cilindrada (cc) | 2400 |
Diâmetro x curso (mm) | 81,0×93,15 |
Taxa de compressão | 16,5:1 |
Distribuição | 2 v.e.c./20 válvulas |
Potência máxima (cv/rpm) | 215/4000 |
Binário máximo (Nm/rpm) | 440/1500-3000 |
Alimentação | injecção directa common-rail |
Sobrealimentação | turbocompressor+intercooler |
Motor eléctrico | |
Tipo | Síncrono de íman permanente |
Potência máxima (cv/rpm) | 68/n.d. |
Binário máximo (Nm/rpm) | 200/0 |
Bateria | Li-ion |
Rendimento combinado | |
Potência máxima combinada (cv/rpm) | 283/6000 |
Binário máximo combinado (cv/rpm) | 640/n.d. |
Dimensões exteriores | |
Comprimento/largura/altura (mm) | 4635/1865/1484 |
Distância entre eixos (mm) | 2776 |
Largura de vias fte/trás (mm) | 1578/1575 |
Jantes – pneus | 8Jx17″ – 235/45 (Continental ContiSportContact) |
Pesos e capacidades | |
Peso (kg) | 1961 |
Relação peso/potência (kg/cv) | 6,92 |
Capacidade da mala/depósito (l) | 305-1120/45 |
Transmissão | |
Tracção | integral |
Caixa de velocidades | automática de 6+m.a. |
Direcção | |
Tipo | cremalheira com assistência eléctrica variável |
Diâmetro de viragem (m) | 11,9 |
Travões | |
Dianteiros (ø mm) | Discos ventilados (336) |
Traseiros (ø mm) | Discos ventilados (302) |
Suspensões | |
Dianteira | McPherson com triângulares inferiores |
Traseira | Multilink |
Barra estabilizadora frente/trás | sim/sim |
Garantias | |
Garantia geral | 2 anos sem limite de km |
Garantia de pintura | 2 anos |
Garantia anti-corrosão | 12 anos |
Intervalos entre manutenções | 30 000 km ou 12 meses |
Airbag para condutor e passageiro
Airbags laterais SIPS
Aribags de cortina
Bancos dianteiros com protecção Whiplash contra embates traseiros
Controlo electrónico de estabilidade
Sistema City Safety
Cintos dianteiros+traseiros com pré-tensores e limitadores de esforço
Fixações Isofix
Ar condicionado automático bizona
Computador de bordo
Cruise-control+limitador de velocidade
Banco dianteiro com regulação eléctrica+memória
Banco traseiro rebatível 60/40
Volante em pele/regulável em altura+profundidade
Volante multifunções
Direcção com assistência eléctrica
Rádio com leitor de CD/mp3+entradas Aux/USB+ecrã 5″
Mãos-livres Bluetooh para telemóvel+áudio
Vidros eléctricos FR+TR
Retrovisores eléctricos+aquecidos+rebatíveis electricamente
Retrovisor interior electrocromático
Sensor de chuva
Sensores de estacionamento traseiros
Barras de tejadilho cromadas
Jantes de liga leve de 17”
Kit de reparação de pneus